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Cultura | 13.05.25 - 18h20

NOTA DE PESAR - MÃE ELDA, DONA MURINETE E MESTRE ZEZINHO

A cultura do Recife está de luto. Três das mais representativas e tradicionais brincadeiras, que há muito levantam e sacodem a poeira da tradição, confirmando as esperanças de um povo nos terreiros da cultura popular, perderam importantes lideranças nos últimos dias. De ontem para hoje, 12 e 13 de maio, encantaram-se para brincar noutros terreiros três de nossos maiores mestres: Mãe Elda de Oxossi, Dona Lalá e Mestre Zezinho, que foram, nesta ordem, lideranças afetivas e efetivas do maracatu de baque virado, do frevo e do caboclinho, deixando uma lacuna enorme em nossa representatividade simbólica, nossos subjetivos e coletivos sentidos de pertencimento, nação e festa.

 

Mãe Elda

Rainha do Maracatu Porto Rico e Yalorixá do Ylê Oxassi Goungobira, Mãe Elda de Oxossi ou ainda Elda da Macaia do Oxossi, que somava mais de oitenta anos dedicados à cultura e à religiosidade afro descendente, foi a última rainha de maracatu coroada na Igreja do Rosário dos Homens Pretos. Sempre atuante no dia a dia da agremiação que era sua nação e casa, costurava, bordava, fazia as fantasias e cuidava dos filhos, fossem biológicos ou de Santo. Aposentou-se como funcionária pública, tendo sido ainda professora da Escola Assis Chateaubriand, em Brasília Teimosa. Mantinha também uma escolinha de reforço na sua casa, no Bode, cujos alunos acabaram virando, muitos deles, integrantes do Porto Rico Mirim e, mais tarde, batuqueiros. Afastou-se em 2010 das muitas atribuições administrativas, por questões de saúde, mas manteve-se, até o fim e dele em diante, no trono de rainha e líder religiosa de seu povo.

 

Dona Murinete

Dona Murinete ou Dona Lalá era matriarca do Bloco Carnavalesco Misto Banhistas do Pina, abraçando, com a mesma dedicação afetuosa, sua família e toda a sua comunidade. Devota de Nossa Senhora, costureira, quituteira e boleira, além de mãe, avó e esposa de “Seu Vavá do Banhista”, Dona Lalá dedicou boa parte da vida ao bloco lírico nascido no Pina, em 1931, com suas cores azul e branca, lembrando o cordão das pastorinhas e a santa de sua devoção, celebrando e referendando os encontros e brincadeiras de sua comunidade, no sereno das noites e suas serenatas.

 

Mestre Zezinho

Nascido José Gonçalves e confirmado Mestre Zezinho ou Zezinho de Bilu na lida cultural, foi fundador, mestre e presidente da Tribo Caboclinho Candidé, fundada em 11 de março de 1983. Mestre Zezinho começou como diretor da Tribo Tupi de Cavaleiro, até resolver criar seu próprio caboclinho. Em homenagem a Canindé, trouxe para o Recife a Tribo Candidé, que desde então desfila suas tradições e histórias pela cidade, por vários estados brasileiros e até fora do Brasil.

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