Teatro, mamulengo e sambada de maracatu para celebrar Hermilo Borba Filho
Para celebrar Hermilo Borba Filho, um dos maiores e primeiros defensores da literatura e do teatro com raízes fincadas na cultura popular nordestina, entra em cartaz, neste sábado (16), a 19ª edição da Semana Hermilo. Realização da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, a programação só termina na próxima quarta-feira (20), convidando a um passeio por todas as linguagens que Hermilo falou e deixou que falassem mais alto por meio de sua produção artística: do teatro e literatura às brincadeiras da cultura popular, das quais era admirador confesso e divulgador entusiasmado. A programação é toda gratuita, com ingressos distribuídos na bilheteria do teatro.
Nesta edição, a Semana renderá homenagem ao pintor, desenhista, gravador, escultor, crítico de arte e escritor José Cláudio, amigo e parceiro de Hermilo. Além de compartilharem momentos, conversas compridas, ideais políticos e artísticos, os dois chegaram a trabalhar juntos em algumas ocasiões. Uma delas foi o livro “Agá”, escrito por Hermilo e ilustrado por José Cláudio, com seus traços ligeiros, vigorosos e infalíveis. A obra foi publicada em 1974, pela Editora Civilização Brasileira.
Durante a programação, alguns desses desenhos, que dialogam com o realismo fantástico da obra de Hermilo, feita de carne, delírio e luta por liberdade, serão expostos na mostra de longa duração HQ de Agá, que estreia no primeiro dia de evento no saguão do Teatro Hermilo Borba Filho.
Outro destaque desta edição é a participação da atriz italiana especialista em Commedia dell’arte Surya Marielle, que dará uma oficina gratuita, entre os dias 16 e 20, pela manhã, das 9h às 12h, além de participar da programação artística, com intervenções para receber o público, antes do início dos espetáculos.
No sábado (16) à noite, a partir das 18h30, a programação será musical, com uma apresentação do Pastoril do Véio Mangaba. Já o domingo (17) será dedicado às artes cênicas, com apresentações do espetáculo infantil Dona Mocinha no vaivém da vida, de Kika Farias, e Kalash - Ensaio sobre a extinção do Outro, do Coletivo Resiste. A programação terá início mais cedo, às 16h.
Na segunda (18), às 19h, o Teatro Hermilo Borba Filho recebe Leidson Ferraz, jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco, historiador, professor, crítico, ator, curador e pesquisador do teatro com vários livros já lançados, para uma conversa sobre a experiência do teatro moderno nos palcos de Pernambuco. Leidson, que também é Doutorando em Artes Cênicas pela UNIRIO (RJ) e Mestre em História pela UFPE, elucidará o conceito de moderno para a cena teatral brasileira como a “primeira era da encenação”.
Na terça-feira (19) e na quarta (20), a cultura popular pede passagem e a Semana Hermilo vira terreiro para as brincadeiras do Mamulengo Flor de Mulungu, de Glória do Goitá, e para a sambada dos maracatus de baque solto Leãozinho de Itaquitinga, do Mestre José Flor, e Pavão Dourado de Tracunhaém, do Mestre Zé Joaquim.
Sobre José Cláudio - Dos muitos feitos que contam a intensa e extensa história profissional de José Cláudio, o primeiro marco foi a fundação, em 1952, do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife. Em 1955, ele encontra grandes mestres na caminhada em busca de identidade e técnica artística: passa a trabalhar com Di Cavalcanti e estudar gravura com Livio, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Em seguida, sua arte o leva ainda mais longe: para estudar na Fundação Rotelini, em Roma, na Academia de Belas Artes. Portas do mundo inteiro logo se abririam para ele. Em seu currículo, José Cláudio coleciona mais de 50 exposições, entre individuais e coletivas. O 4º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, ainda em 1956; o Salão Paulista de Arte Moderna; a mostra Image du Brésil, no Manhattan Center, em Bruxelas; e Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, em Copenhague.
Sobre Hermilo - Um dos homens de teatro mais atuantes e inventivos do Nordeste, Hermilo Borba Filho, nascido no Engenho Verde, da cidade de Palmares, em 1917, tinha enorme e declarado apreço pela cultura e pelas tradições nordestinas. Autor, encenador, professor, crítico e ensaísta, foi diretor artístico do Teatro do Estudante de Pernambuco e fundador do Teatro Popular do Nordeste, além de ter deixado uma profícua produção literária, de Palmares para sempre.
19ª SEMANA HERMILO
De 16 a 20 de julho, no Teatro Hermilo Borba Filho
Sábado (16 de julho)
9h às 12h - Oficina de Commedia Dell’Arte, com Surya Marielle
18h30 - Acolhimento do público por Surya Marielle, com estreia da exposição HQ de Agá, em homenagem a José Cláudio
19h30 - Pastoril do Véio Mangaba
Domingo (17 de julho)
9h às 12h - Oficina de Commedia Dell’Arte, com Surya Marielle
16h - Dona Mocinha no vaivém da vida: espetáculo infantil de contação de histórias, com Kika Farias
19h - Espetáculo Kalash - Ensaio sobre a extinção do Outro
Segunda (18 de julho)
9h às 12h - Oficina de Commedia Dell’Arte, com Surya Marielle
19h - Palestra “A Experiência do Teatro Moderno em Pernambuco”, com Leidson Ferraz
Terça (19 de julho)
9h às 12h - Oficina de Commedia Dell’Arte, com Surya Marielle
19h - Mamulengo Flor do Mulungu, de Glória do Goitá
Quarta (20 de julho)
9h às 12h - Oficina de Commedia Dell’Arte, com Surya Marielle
19h - Apresentação dos alunos da Oficina de Commedia Dell’Arte
20h - Sambada com os maracatus de baque solto Leãozinho de Itaquitinga, do Mestre José Flor, e Pavão Dourado de Tracunhaém, do Mestre Zé Joaquim.
Sobre os espetáculos da 19ª Semana Hermilo
Dona Mocinha no vaivém da vida: Dona Mocinha cata e conta histórias do povo para o povo. Com espírito brincante, ela entrelaça as poéticas da vida e dos saberes populares, cultivando a celebração dos encontros. Pelo vaivém, chega com sua mala e convida a roda para contar histórias de tempos antigos. Num misto de andarilha, palhaça e griô, reconta para o seu povo a magia de “outros tempos”.
Ficha técnica
Conceção, criação e realização: Kika Farias
Assessoria cênica: Quiercles Santana, Sebastião Simão Filho e Ricardo Rocha
Concepção de figurino e cenografia: Kika Farias, Rebeca Queiroz e Asaías Lira
Kalash - Ensaio sobre a extinção do Outro: É um espetáculo. Ou melhor, um ensaio (no duplo sentido do termo: artístico e científico), que tem por tema o ódio ao outro, a intolerância, o linchamento, a aniquilação dos que pensam diferente. São abordados aspectos sociais, históricos e econômicos, que nos atingem de forma direta e incontornável: totalitarismo, guerra e democracia, fundamentalismo religioso e as cicatrizes que ficam depois que a bomba explode. Mas também é sobre esperança, luta, resistência. Sobre continuar a acreditar, mesmo tendo tudo para jogar a toalha. É sobre desistir de desistir.
Ficha técnica
Elenco: Bruna Luiza, Tatto Medinni e Sandra Rino
Direção geral: Quiercles Santana
Direção Musical: Kleber Santana
Iluminação: Luciana Raposo
Produção executiva: Rafael Dayon