Teatro de Santa Isabel celebra 175 anos com sessão gratuita de espetáculo do Grupo Magiluth
No próximo domingo (18), todo aplauso será pouco para celebrar um dos mais prestigiosos símbolos da cultura recifense. O Teatro de Santa Isabel, um dos mais requisitados, importantes e antigos palcos da capital pernambucana, completará 175 anos de serviços prestados à fruição cênica e artística na cidade de tantos acordes e vocações culturais.
A festa está garantida. O público cativo do teatro centenário está convidado para o espetáculo “Estudo N°1 Morte e Vida”, do festejado Grupo Magiluth, que será apresentado em sessão única e gratuita, a partir das 19h. Os ingressos serão distribuídos na bilheteria do teatro, a partir das 18h.
Décima primeira peça do Magiluth, “Estudo N°1 Morte e Vida” tem como ponto de partida a obra “Morte e Vida Severina”, do escritor e poeta João Cabral de Melo Neto, para atravessar uma série de estudos contemporâneos dedicados a construções, formações e interações sociopolíticas no Brasil e no mundo ao longo dos séculos XX e XXI.
O espetáculo é um estudo cênico sobre a trajetória de imigrantes que deixam o Sertão nordestino e seguem o caminho do rio, em busca de melhores condições de vida e trabalho. O olhar híbrido e inquieto do coletivo pernambucano se volta, neste elogiado trabalho, para os movimentos migratórios motivados por adversidades climáticas, políticas e sociais, buscando observá-los tanto em suas analogias quanto na heterogeneidade de seu conjunto.
A criação, realização e dramaturgia são do Grupo Magiluth. A direção geral é de Luiz Fernando Marques. A assistência de direção e a direção musical são de Rodrigo Mercadante. Fazem parte do elenco os atores Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sergio Cabral, Lucas Torres Amorim e Bruno Parmera, que assina também o design gráfico. A fotografia é de Vítor Pessoa e Mariana Beda. O espetáculo dura 1h20 e é indicado para maiores de 16 anos.
Lançamento - Ainda em celebração a seus 175 anos de existência e resistência cultural, o Santa Isabel recebe, na próxima sexta-feira (16), às 19h, o lançamento do livro-pesquisa “Ponto de Vista: crítica e cena pernambucana”, do jornalista, pesquisador e historiador das artes cênicas Leidson Ferraz, sobre a crítica teatral no Recife nos séculos XIX e XX. O acesso também é gratuito.
Sobre o aniversariante - O Teatro de Santa Isabel, cujo nome é uma homenagem à Princesa Isabel, foi inaugurado em 18 de maio de 1850, inserindo a então província de Pernambuco numa nova fase cultural. Idealizado pelo Barão da Boa Vista, teve o projeto dirigido pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, que inovou na época, optando por não utilizar trabalho escravo na construção de arquitetura neoclássica. Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 31 de outubro de 1949, o equipamento foi mais tarde eleito um dos 14 teatros-monumentos do país.
Durante toda a sua história, a casa emoldurou importantes capítulos da vida política da cidade, tendo assistido à Revolução Praieira e abrigado a campanha abolicionista e pelo advento da República. Frequentado, desde sempre, por notórias personalidades da cultura nacional, o Teatro de Santa Isabel foi cenário dos debates literários de Tobias Barreto e Castro Alves. E foi de lá que ecoou para todo o Brasil a histórica frase do abolicionista Joaquim Nabuco: “Aqui vencemos a causa da abolição”, imortalizada numa placa exibida numa das paredes do teatro até hoje.
Uma curiosidade sobre o teatro é que ele chegou a ser destruído por um incêndio ocorrido em 19 de setembro de 1869, tendo sido totalmente recuperado, redimensionado e entregue ao povo pernambucano em 16 de dezembro de 1876.