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| 14.06.12 - 16h39

Projovem Urbano muda a vida de estudantes que não concluíram o ensino fundamental

O Programa está com matrículas abertas até amanhã (15)

Por Caio Dias

Quando fala dos percalços por que passou na vida, Tatiano Saturnino parece não acreditar como os superou. E não são poucos. Um período de 10 anos longe das bancas escolares, desemprego, dificuldade de falar em público e a perda de uma irmã.

A inscrição para o Programa de Jovens e Adultos Projovem Urbano, na Escola Municipal Nova Descoberta, na edição do Programa que durou de maio de 2010 a novembro de 2011, foi um divisor de águas para o estudante, segundo palavras dele.

Tatiano parou de estudar na 7ª série (atual 8º ano), casou-se aos 19 anos e sempre sustentou a família com trabalhos informais temporários. O incentivo para retomar para a sala de aula veio da esposa, estudante da EJA (Educação de Jovens e Adultos) na mesma escola.

Durante os 18 meses que participou do Projovem Urbano, Tatiano colecionou passagens inesquecíveis. O estudante lembra com empolgação da relação de companheirismo com os colegas de turma, os trabalhos em equipe e do trabalho diferenciado dos professores.

“Todas as vezes que a gente tinha dificuldades em aprender ou pensava em desistir de estudar por conta dos problemas de casa, do trabalho, os professores nos davam boas orientações sobre mercado de trabalho, sobre a formação profissional e também acompanhavam quem estava tendo dificuldade em acompanhar os assuntos”, destaca.

A superação da timidez foi um dos ganhos que Saturnino conquistou durante o Projovem. O estudante lembra das ações que contribuíram para melhorar sua interação com as pessoas. As aulas práticas no Arco Ocupacional de Administração (simulações de vendas, exposições de produtos e como se apresentar diante de um cliente); a participação na encenação da Paixão de Cristo, onde atuou como Jesus Cristo; e a atuação no PLA (Plano de Ação Comunitária) na apresentação teatral sobre a violência contra idosos, cujos dizeres da camisa confeccionada especialmente para o evento, por sinal, ele faz questão de exibir: “A idade converge para experiência”.

A morte de uma irmã quase levou Saturnino a desistir, mais uma vez, de terminar o ensino fundamental. A dificuldade em conciliar o trabalho com o estudo à noite parecia ser uma pá de cal na vida do estudante, mas ainda assim ele driblou as dificuldades e foi em frente. Atualmente empregado numa empresa de automóveis, Tatiano só vislumbra novos horizontes. Próximo passo: ensino médio e uma faculdade.

Marcela Tavares, parou de estudar em 2003, resolveu fazer a inscrição na mesma escola com o objetivo principal de concluir o ensino fundamental para ter uma base melhor para dar aulas de reforço escolar.

Colega de turma de Tatiano nas aulas do arco ocupacional de Administração, a estudante lembra do incentivo da família para retomar os estudos: “A gente que é mãe, é casada, tem filhos, têm muitas dificuldades para conciliar os estudos. Sempre tive apoio do meu marido, com o qual estou casada há 9 anos. Sem contar o apoio dos professores, que foi uma base e um estímulo para conseguir concluir essa etapa”, destacou.

A estudante relembra as atividades do Projovem, dentre elas, a apresentação do Plano de Ação Comunitária (PLA) – onde apresentou esquete sobre aborto -, a visita à Oficina de Brennand e à Fenneart. Falante, dinâmica e desinibida, Marcela relembra sua atuação no espetáculo da Paixão de Cristo da Escola, onde interpretou Maria.

E quando lembra dos 250 degraus de uma escadaria na volta para casa - trilha diária depois das aulas -, Marcela enfatiza: “Quando a gente tem um sonho, um objetivo, não se pode desistir. Fui em busca de concluir o ensino fundamental e agora vou fazer o ensino médio. Depois disso, com certeza farei o curso de pedagogia.”

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