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Educação | 14.06.16 - 09h51

Educadores começam a escolher livros didáticos para escolas dos Anos Finais do Ensino Fundamental

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Os professores, coordenadores e gestores das escolas vão escolher os títulos que vão utilizar nas 36 escolas de 6º ao 9º ano durante os próximos três anos (Foto: Antônio Tenório/PCR)

 

Os professores, coordenadores e gestores das escolas municipais de Anos Finais do Ensino Fundamental do Recife começaram a discutir a escolha dos livros didáticos para o triênio de 2017 a 2019. Gestores das 36 unidades de ensino que têm turmas 6º ao 9º ano participaram, nesta segunda-feira (13), da abertura do Fórum do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2017, realizado pela Prefeitura do Recife na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Educadores do Recife (Efaer) Professor Paulo Freire, na Madalena. Os livros dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental foram escolhidos no ano passado e começaram a ser usados este ano. 

As escolas municipais têm autonomia para escolher os títulos que usam em sala de aula a partir de uma pré-seleção feita pelo Ministério da Educação (MEC) através do PNLD. Após a avaliação das obras, o MEC publica o Guia de Livros Didáticos com resenhas das coleções consideradas aprovadas. O guia é encaminhado às escolas, que selecionam, entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu projeto político pedagógico. O MEC envia os livros diretamente para as unidades de ensino, sem passar pela Secretaria de Educação do Recife. No final do ano, os livros distribuídos para os estudantes são devolvidos para que sejam utilizados por outros alunos nos anos seguintes. 

Além do encontro com os diretores, os coordenadores e professores também estão participando de formações voltadas à seleção dos livros durante esta semana. A escolha dos títulos de Português, Língua Estrangeira, Matemática, História, Geografia, Ciências e Artes será efetivada até o final deste mês. Nesta segunda, os representantes da Secretaria de Educação do Recife ressaltaram a importância da autonomia das escolas no processo de escolha dos livros didáticos e orientaram os educadores a prezarem por livros que abordem temas alinhados com a nova Política de Ensino da Rede Municipal do Recife, lançada em 2015. 

Professor formador da Efaer Paulo Freire, Alisson Fagner sugeriu que os profissionais verificassem se os textos e ilustrações contribuem para o respeito às diferenças, se os conteúdos contemplam as diversas configurações familiares, se consideram as questões de justiça de gênero e diversidade sexual, se trabalham de forma crítica as questões ambientais e se não trazem representações preconceituosas em relação aos negros e índios. "Esses são alguns dos temas mais silenciados nos livros didáticos e nas escolas. Os docentes vão analisar essas questões mais gerais e também outras mais específicas dentro de cada disciplina", disse o docente, que citou alguns exemplos de visões sexistas presentes nas histórias dos livros.

A professora Lúcia Bahia, representante do Grupo de Trabalho de Educação em Sexualidade (GTES), falou da importância de selecionar livros que trabalhem questões relacionadas à diversidade sexual e igualdade de gênero - assuntos presentes na política de ensino da rede municipal. "Nós professores temos conhecimento e autonomia suficiente para escolher os livros que usaremos nas escolas. Nós seguimos diversos critérios, nos baseamos em estudos e discutimos muito antes de selecionar os títulos. Não existe livro perfeito que vá contemplar tudo que achamos relevante, mas é importante que tenhamos um olhar crítico e escolhamos o que está de acordo com nossos estudos e com a política de ensino da rede, como livros que promovam uma educação não sexista, antirracista, mão homofóbica e não lesbofóbica", defendeu a professora-formadora. 

Já a professora Cristina Nascimento, representante do Grupo de Trabalho em Educação das Relações Étnico-Raciais (Gterê), falou da importância do ensino crítico da história e da cultura afrobrasileira, conforme determina a Lei Federal nº 10.639/2003. "Os livros normalmente trazem um olhar eurocentrado, tratam a cultura europeia como superior, folclorizando as culturas africana, afrobrasileira e indígena. Por outro lado, a vitimização dos negros não leva ao empoderamento. Temos que buscar livros que valorizem a diversidade, os diferentes cabelos e cor de pele, por exemplo. Não devemos ler apenas contos de fadas europeus, mas também histórias com mulheres negras como protagonistas", propôs a docente. 

Gertrudes Cordeiro, gestora da Escola Municipal Arraial Novo do Bom Jesus, considerou positivas as orientações dadas durante a abertura do fórum. "Achei legal a formação porque nos dá um norte sobre os critérios que devemos seguir para avaliação dos livros. Nós da direção participamos do processo de escolha dos títulos, mas o protagonista mesmo é o professor. Ele é que usa esse instrumento no dia a dia. Depois dessas formações, vamos nos reunir na escola para analisar as coleções e discutir internamente para fazermos nossa escolha. A autonomia das escolas é muito importante porque cada uma tem sua realidade", opina a diretora, que trabalha na Arraial Novo há 13 anos.

MONITORAMENTO - A chefe da Equipe de Monitoramento Pedagógico da Secretaria de Educação do Recife, Denise Albuquerque, explicou às gestoras a importância de elas informarem à Secretaria de Educação do Recife sobre o recebimento ou atraso dos livros. Com a identificação das escolas que receberam livros a mais e das unidades que ainda não foram contempladas com os títulos do MEC, a Secretaria tenta fazer remanejamentos. "Nós recolhemos os livros excedentes e ficamos com uma reserva técnica para permuta. Mas só conseguimos redistribuir para as unidades de ensino que não receberam quando os títulos escolhidos são os mesmos", explica a professora.
A Secretaria também tenta identificar se a escola que ainda não recebeu os livros ainda tem títulos usados no triênio anterior que possam continuar sendo utilizados enquanto os novos não chegam. Já quando as escolas recebem os livros em quantidade inferior à necessária, a Secretaria orienta as escolas a formar duplas de alunos para utilização dos títulos ou a fazer revezamentos entre as turmas que estudam em turnos diferentes.