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Cultura | 14.11.14 - 09h53

Alunos e professores têm dia de poesia no Centro Paulo Freire

As atividades fizeram parte da 1ª Mostra de Experiências Literárias do Programa Manuel Bandeira. Exposição segue até esta sexta (14). (Foto: Ivanildo Francisco/PCR)

O hall do Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire, no bairro da Madalena, está ocupado por mais de 20 trabalhos de alunos de várias escolas da Rede Municipal de Ensino do Recife. Eles são parte da 1ª Mostra de Experiências Literárias do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, que começou na última segunda-feira (10) e termina nesta sexta (14). Nesta quinta (13), os professores passaram o dia num dos auditórios do Centro, se revezando para explicar a montagem de cada projeto. São poemas, livros e peças de teatro, fruto de um trabalho com crianças e adolescentes que descobriram o amor pelos livros.

"É a concretização dos trabalhos que vêm sendo feitos por meio de formações. O letramento literário é o fio condutor do professor nos espaços de leitura", disse a coordenadora do Programa Manuel Bandeira, Ivana Cavalcante. Encantando o público, nove alunos da Escola Municipal Santa Maria, do Alto José do Pinho, fizeram um recital sobre o poeta que dá nome ao programa da Secretaria de Educação do Recife. "Eles criaram vários hábitos de leitura. Nós fazemos empréstimo de livros, contação de histórias e, quando um professor faz algum projeto literário, os estudantes sempre se envolvem", contou a professora Maria Bernadete Sobral, responsável pela biblioteca da escola.

Enquanto os professores falavam da construção de cada projeto, apresentações culturais foram entretendo o público. Uma delas foi resultado de um reencontro de dois amigos e professores. Marco Jardim e Jacqueline Oliveira se conhecem há mais de 20 anos e resolveram juntar música e poesia para mostrar a cara do Programa Manuel Bandeira, que segundo ela, tem mudado a vida dos estudantes. "É maravilhoso e muito gratificante ver o cuidado que as crianças têm com os livros. O interesse deles mudou. Antes do programa existir, numa entrevista com um escritor, as crianças faziam perguntas pessoais do tipo: como é o seu nome e quantos anos você tem. Hoje eles perguntam de onde vem a inspiração para escrever aquela arte. O interesse agora é pelo processo de criação", avaliou Jacqueline. O professor Marco, que também é escritor, não conteve a emoção ao ver a apresentação dos alunos da Escola Municipal Santa Maria. "Hoje eu vi uma criança recitando Pardalzinho, de Manuel Bandeira. Isso não tem preço", acrescentou.

No hall, passeando pela exposição, seis estudantes da Escola Presbítero José Bezerra, do bairro da Macaxeira, olhavam o material que compunha a montagem de um livro escrito por eles. Alex Costa da Silva, Eduardo Ferreira da Silva, Rogério Barros da Silva Fonseca, Kevin Walker da Silva, Luiz Cláudio da Silva Rodrigues e Thalita dos Santos Correia, que têm entre 10 e 12 anos, foram orientados pela professora Nathalie Sena e são autores do livro A escada até a Lua. Além de escrever a história, os meninos ilustraram a obra fazendo bordados. "O mais impressionante é que eles não sabiam ler, nem escrever, há um ano. Eu percebi que eles se identificaram mais com o alfabeto de animais e surgiu o livro", lembrou a professora.

Com o projeto ela ganhou o segundo lugar na 20ª edição do Ciência Jovem deste ano, na categoria Educação Cientifica (para professores). O livro deve ser publicado em dezembro e tem apresentação do autor Celso Antunes, que foi inspiração para os alunos. A educadora aliou o desafio de trabalhar com os alunos no programa de correção de fluxo Se Liga com o Programa Manuel Bandeira. Segundo ela, a leitura dos livros foi fundamental para o desenvolvimento dos estudantes. O aluno Luiz Cláudio é um dos que não esconde a satisfação de ter feito o projeto. "Foi muito bom. A melhor coisa foi a gente aprender mais a ler e a gostar de livros", disse.

PROGRAMA - O Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores foi criado em 2006 e estimular as atividades ligadas à leitura e à produção de texto na Rede Municipal de Ensino de Recife. A equipe do PMBFL tem se dedicado a ações que englobam desde a infraestrutura das bibliotecas escolares à distribuição de livros entre os estudantes, assim como a realização de atividades pedagógicas. De acordo com Ivana Cavalcante, mais de 150 espaços de leituras já foram criados para que os alunos pudessem ter um contato maior com a produção literária.

Anualmente é distribuído o Kit Manuel Bandeira, com livros de literatura infanto-juvenil para os estudantes, como estímulo à formação de seus acervos pessoais e suporte ao trabalho desenvolvido em sala de aula. O programa também faz formação de professores através de trabalho com foco na leitura e escrita, apoio à alfabetização, letramento literário, contação de histórias, organização e conservação de livros, entre outros. O PMBFL ainda promove publicações institucionais e produções dos estudantes e professores da Rede Municipal de Ensino, Festival de Leitura e Escrita da Rede Municipal, além de participação em eventos como a Bienal Internacional do Livro, Fliporto e Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz.