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| 14.12.12 - 10h32

Recife reverencia vida e obra de Luiz Gonzaga

Homenagens aconteceram no Parque Dona Lindu com Missa do Vaqueiro, show da cantora Elba Ramalho, da Orquestra Sinfônica do Recife e do sanfoneiro Marcelo Caldi. Evento contou ainda com lançamento de selo postal e biografia de Gonzaga

Por Jaciana Sobrinho

[caption id="attachment_29651" align="alignleft" width="334"] Missa do Vaqueiro – pela primeira vez na capital pernambucana. Foto: Ivanildo Francisco[/caption]

Um único dia é pouco para homenagear alguém tão importante e querido como Luiz Gonzaga. Sendo assim, ao longo deste ano, diversos atos, festas e menções foram feitas para lembrar o pernambucano que conquistou o mundo com sua simplicidade e sua arte. Na noite desta quinta (13), data em que completaria cem anos, se vivo fosse, deu-se o auge e término das homenagens realizadas pela Prefeitura do Recife.

O Parque Dona Lindu, ali tão perto do mar, transformou-se num pedaço de Sertão durante a celebração da Missa do Vaqueiro - pela primeira vez na capital pernambucana. “Luiz foi um grande semeador de paz, justiça e verdade”, mencionou o Frei Nunes, que conduziu a cerimônia junto com o Quinteto Violado, Terezinha do Acordeon, Ronaldo Aboiador e um grupo de vaqueiros vindos de Serra Talhada.

A emoção foi ainda maior durante o ofertório, quando os vaqueiros deixaram no altar partes de suas indumentárias, e na comunhão, quando repartiram com o público os alimentos típicos do sertanejo como o queijo coalho, rapadura, farinha e carne-seca. “Foi lindo, estou emocionada mesmo. Luiz Gonzaga era maravilhoso e por isso ninguém esquece”, contou a professora, Lindinalva da Costa, que fez questão de levar a mãe, Camelita da Costa, 86 anos.

Não poderíamos deixar de incluir esse momento de religiosidade dentro dessa programação pensada para esse dia memorável. Afinal, estamos celebrando a existência daquele que foi escolhido pelo povo como o pernambucano do século”, afirmou a secretária de Cultura, Simone Figueiredo. “Pensamos em realizar uma festa linda e emocionante, à altura desse grande representante da cultura nordestina”, reforçou André Brasileiro, presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

Um outro momento esperado por todos foi o concerto da Orquestra Sinfônica do Recife com Elba Ramalho, Marcelo Caldi e participação do sanfoneiro Beto Hortis. Os artistas passearam pelo repertório mais marcante de Seu Luiz e foram acompanhados pelo coro do público em canções como Asa Branca, No meu pé de serra, Juazeiro, Sabiá e Luar do Sertão.

“Eu sou um sanfoneiro carioca e sinto uma honra enorme por fazer parte dessa noite tão especial em Pernambuco. Agradeço especialmente ao presidente de Fundação de Cultura, André Brasileiro”, disse Marcelo Caldi, antes de tocar o Concerto Sinfônico para Asa Branca, de Sivuca.

Elba Ramalho, como sempre, envolveu a plateia ao interpretar composições do seu mestre e conversou com ele, entre uma canção e outra. “O povo não esquece tudo que vocês fez, seu Luiz, o povo não esquece tudo que você é”, disse Elba, causando os aplausos mais calorosos da noite.

Lançamentos – Na ocasião ocorreu ainda o relançamento do livro "O Sanfoneiro do Riacho da Brígida: Vida e andanças de Luiz Gonzaga – O Rei do Baião", do escritor paraibano Sinval Sá, 90 anos, com edição da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), do Governo do Estado. A obra é a primeira biografia de Luiz Gonzaga e tem sido referência ao longo dos anos para pesquisadores e escritores que se debruçam sobre a vida e a obra de Gonzagão.

O livro foi idealizado em 1955, quando Sinval Sá servia como oficial da Aeronáutica em Taubaté (São Paulo), e ouviu com emoção os versos iniciais de Asa Branca. A música do Mestre Lua passou a compor uma de suas paixões, junto com a família e a literatura. A publicação em formato de entrevista-biografia dá voz àquele que considerava sua missão divulgar a autêntica música do Sertão nordestino.

Os Correios também esteve presente lançando o Selo Comemorativo alusivo ao Centenário de Nascimento de Luiz Gonzaga. A emissão da peça filatélica, criada pelo artista Jô Oliveira, foi aprovada pela Comissão Filatélica Nacional, em 2011, a partir da sugestão do tema pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife.

O selo de Luiz Gonzaga, com tiragem de 300 mil exemplares, já desponta como peça cobiçada por filatelistas, colecionadores e fãs do artista e também foi apresentada nas cidades de Exu (PE), Juazeiro do Norte (CE), Brasília (DF) e Entre Rios (BA).