Jovens assistidos pela Prefeitura do Recife debatem o filme Pantera Negra
Cerca de 50 jovens em situação de vulnerabilidade social assistidos pela Prefeitura do Recife por intermédio do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) acompanharam, nessa quarta-feira (14), no Cine Rosa e Silva, nos Aflitos, a exibição em 3D do filme Pantera Negra. Primeiro longa-metragem norte-americano dedicado a um super-herói negro, o filme foi escolhido por se encaixar na proposta de trabalho pedagógico do serviço para este ano, que tem como tema “Negritude”. A partir do filme, foi iniciada a discussão de temas ligados à representatividade, ancestralidade, identidade territorial, racismo, entre outros assuntos que serão abordados nos encontros que acontecem ao longo do ano. A ação contou com o apoio da rede de ativistas negros, que adquiriu os ingressos para os jovens.
Todos os jovens levados ao cinema nessa quarta praticam esportes na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), através do SCFV do Recife. No total, cerca de mil usuários do Sistema Único de Assistência Social praticam esportes gratuitamente nos clubes AABB, Náutico e Sport graças a uma parceria firmada pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Política sobre Drogas e Direitos Humanos da Prefeitura do Recife e os três clubes.
De acordo com Derson Silva, educador de Referência do SCFV na unidade da AABB, o filme da Marvel Studios que se passa na África foi escolhido por seu teor social e político. De forma lúdica, a película traz à tona debates importantes sobre representatividade, ancestralidade e coletividade. O elenco, por exemplo, é praticamente todo formado por atores negros. “Quando comunicamos a eles que estava confirmada a exibição de Pantera Negra, foi uma alegria geral. Depois da exibição, os participantes reafirmaram o entusiasmo, o que é muito bom, pois durante nossos encontros educativos deste ano, vamos trabalhar assuntos vinculados à temática do filme, como negritude, questões de gênero e igualdade de direitos”, ressaltou Derson, que também faz parte dos fóruns nacional e estadual de Juventude, além de integrar o Fórum de Juventude Negra de Pernambuco.
Morador do Alto do Mandu, Djalma José da Silva, de 16 anos, achou o filme Pantera Negra diferenciado. “Trata-se de um filme muito bom, pois além de colocar um negro como personagem principal, ainda dá bastante destaque à participação das mulheres”, frisou o jovem que faz natação na AABB desde agosto do ano passado. Djalma também elogiou o SCFV. “Esse serviço oferece a jovens carentes como eu a prática esportiva em clubes grandes da cidade. Isso, além de nos motivar para a vida, ajuda a conviver melhor com as outras pessoas. Também gosto bastante das palestras educativas”, complementou.
Aluna da turma de voleibol da AABB e moradora do Alto José Bonifácio, Heloiza Rodrigues dos Santos, de 13 anos, também elogiou o filme. “É difícil assistir a um filme americano com negros como personagens de destaque. Outra qualidade de Pantera Negra é tratar de temas como racismo, igualdade de gênero e justiça social”. Já sobre o SCFV, a menina disse que, além de praticar esportes gratuitamente, os participantes têm a oportunidade de conhecer novas pessoas. “Com apenas cinco meses praticando vôlei na AABB, já consegui fazer três amigas”, contou a jovem, com um largo sorriso no rosto.
SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA - O público-alvo do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) são crianças, adolescentes e idosos em condições sociais, educacionais e econômicas vulneráveis, incluindo alguns jovens cumprindo medidas socioeducativas, em situação de acolhimento ou com defasagem escolar superior a dois anos. O principal objetivo da Prefeitura com essas ações é buscar o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários dessas pessoas, através de práticas e vivências que estimulem o aprendizado e o respeito ao próximo.
O SCFV possui basicamente três eixos: convivência social, direito de ser e participação. São oferecidas atividades esportivas, palestras, danças contemporâneas, artes, visitas a pontos turísticos e museus, entre outras ações de integração e promoção da autoestima; tudo sob supervisão e acompanhamento de cerca de 30 profissionais, entre técnicos, educadores e orientadores sociais.
Além dos três clubes, o SCFV também acontece nas sedes dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e em algumas instituições e associações, numa parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Juventude, Política sobre Drogas e Direitos Humanos com a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, através do Programa de Esporte e Lazer da Cidade (PELC).