Procissão dos Santos Juninos une religiosidade à festa profana
Imagens sagradas, bandeiras, quadrilhas, bacamarteiros, banda e trio de forró integram cortejo neste sábado (16)
São João, São Pedro e Santo Antônio são louvados neste sábado (16), na Procissão dos Santos Juninos, organizada pela Prefeitura do Recife. A procissão de tradição religiosa se integra ao cortejo profano Acorda Povo, reunindo bandeiras e andor com imagens dos santos, além de quadrilhas, trio de forró pé-de-serra e bacamarteiros. A concentração acontece a partir das 17h, no Morro da Conceição, Zona Norte da cidade, de onde segue até o Sítio da Trindade, principal polo dos festejos juninos do Recife.
Os bacamarteiros andam a frente do cortejo, simbolizando a guarda dos santos juninos e fazendo disparos de cargas de pólvora seca. A procissão simboliza, a cada ano, a fé nos santos e o agradecimento da população e dos brincantes envolvidos diretamente com os festejos juninos.
O cortejo reúne as bandeiras de São João Menino, São Pedro de Brasília Teimosa, São João Raízes, Santo Antonio de Água Fria, São João Eu Quero Mais, São João do Arraial, São João da Carroça, São João Deveras, São João Bacnaré e São João do Bonde, as quadrilhas juninas Menezes na Roça (infantil) e Raízes do Pinho (adulta), banda de música Vereda Tropical e o Trio Matuto Estrelas do Forró.
História - No começo, as procissões dos santos juninos eram realizadas pela Igreja Católica. A Bandeira de São João, por exemplo, saía nas primeiras horas do dia 23 de junho, após o acender das fogueiras. Com uma estrela grande (confeccionada com arame, papel ou plástico colorido), um andor com a imagem e uma bandeira do santo, o cortejo percorria o bairro ao som de pequenos grupos musicais. O ritual terminava quando entregavam a imagem do santo na igreja da comunidade.
A participação dos escravos africanos no cortejo proporcionou a introdução de alguns instrumentos de percussão típicos das religiões afro-brasileiras, ocasião em que muitos negros aproveitavam para louvar o orixá Xangô. Com o tempo, em razão do grande agito (danças e cantos no interior dos templos), a Igreja Católica proibiu a entrada do cortejo com a imagem do santo no seu interior. Essa atitude acabou por dividir o folguedo popular em duas manifestações: uma religiosa e outra profana. O cortejo popular ficou conhecido com o nome de “Acorda Povo”, uma festa profana sem ligação direta com a igreja, que reforça o sincretismo religioso ao agregar praticantes de inúmeras crenças e admiradores da cultura popular.