Aulas do Travessia Recife começam com 36 turmas e cerca de mil alunos inscritos
A estudante Gisele Ângelo, 16, deveria estar cursando o 2º ano do Ensino Médio, mas parou no 8º ano do Ensino Fundamental e precisou se acostumar a conviver em sala de aula com colegas bem mais jovens. Ela tem agora a chance de recuperar o tempo perdido por meio do Projeto Travessia, parceria entre a Prefeitura do Recife e a Fundação Roberto Marinho, que tem o objetivo de enfrentar a distorção idade-série nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Gisele é uma das 30 estudantes que se matricularam na turma do Travessia formada na Escola Municipal da Iputinga, Zona Oeste do Recife. As aulas começaram nesta segunda (15).
"Fui reprovada duas vezes e fiquei um ano sem estudar porque perdi o interesse. Ficar na sala com outros alunos bem mais novos atrapalha muito. Agora eu espero conseguir normalizar minha situação", disse Gisele. O Travessia Recife já foi implantado em 36 turmas de 26 escolas municipais, com cerca de mil estudantes matriculados. Ainda há 500 vagas disponíveis. As inscrições podem ser feitas até o final do período de integração, que se dará até o dia 15 de julho, exatamente um mês após o início das aulas. Os interessados em se inscrever devem ligar para os telefones 3355-5960/5961, das 8h às 17h.
Na rede municipal de ensino do Recife, 34% dos alunos matriculados nos Anos Finais do Ensino Fundamental apresentam distorção idade-série, ou seja, defasagem de no mínimo dois anos entre sua idade e a série em que deveriam estar matriculados. É também o caso de Célio José Neto, 15, que já foi reprovado duas vezes e só conseguiu chegar ao 7º ano. "Não estava me dedicando o suficiente, mas agora vou poder ficar na faixa certa. Quero estudar para ser alguém na vida", afirma.
De acordo com a gerente-geral de Educação Integral e Anos Finais da Secretaria de Educação do Recife, Elizabeth Medeiros, os estudantes matriculados no Travessia Recife poderão cursar do 6º ao 9º ano em 18 meses. "As matrículas continuam abertas e a meta é chegar, dentro de um mês, a 50 turmas e 1.500 alunos. Haverá também atividades de qualificação profissional, certificando os inscritos para serem atendentes administrativos", acrescenta Elizabeth.
O aluno matriculado deixa de assistir às aulas regulares e entra numa turma específica. O curso é baseado na metodologia do Telecurso, criada pela Fundação Roberto Marinho (FRM). Um professor da rede municipal atuará como mediador em cada sala de aula. O coordenador pedagógico da FRM, George Lima, acompanhou o início das atividades na Escola Municipal da Iputinga. "A Fundação tem expertise no combate à distorção idade-série e aplica a metodologia do Telecurso há 35 anos. Lançamos o Travessia na rede estadual em 2007 e agora vamos levar a experiência exitosa às escolas municipais do Recife", diz.