Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa alerta para a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis da população a partir de 60 anos
Neste Dezembro Vermelho, campanha nacional voltada para a prevenção e luta contra o HIV, Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), o Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI), vinculado à Prefeitura do Recife, chama atenção para o envelhecimento sexualmente saudável. Os casos de pessoas com 60 anos ou mais soropositivas crescem no Brasil a cada ano, aumentando a necessidade de discutir o tema e alertar esse grupo sobre a importância de tomar medidas preventivas.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Recife tem 235 mil pessoas com 60 anos ou mais, o que representa cerca de 14% da população residente na cidade. Conforme levantamento da Secretaria de Saúde (Sesau) Municipal, a capital pernambucana registrou, nos últimos dez anos, um aumento de 76,9% na proporção dos casos de HIV/Aids na faixa etária dos 50 aos 64 anos.
Em relação aos óbitos por HIV/Aids, entre os anos de 2011 e 2021 foram registrados, pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) da Sesau, 1.766 óbitos por esta causa - deste total, cerca de 367 eram homens com 50 anos ou mais e 146 mulheres nesta mesma faixa etária.
De acordo com o coordenador da Política de Prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis do Recife, Airles Ribeiro, os dados apontam que, apesar de os números de casos gerais terem diminuído, as pessoas nessa faixa etária mantiveram a média de infecção. “Por isso, é de extrema importância que questões relacionadas à sexualidade entre homens e mulheres em idade mais avançada sejam colocadas em pauta, para que essas pessoas possam se prevenir, diagnosticar e tratar as IST sem precisar lidar com tabus, estigmas e preconceitos que assombram a sexualidade na terceira idade”, explica.
Durante as consultas na Rede Municipal de Saúde, são tratados temas como desejo sexual na terceira idade, danos emocionais causados pelas IST e formas de prevenção destas infecções. “O idoso é vulnerável às IST da mesma forma que as pessoas de qualquer idade que estejam sexualmente ativas. Por isso, devem usar preservativos e, caso haja exposição sem camisinha, ainda que não apresentem sintomas, esses homens e mulheres devem procurar um serviço de saúde para que sejam realizados exames. O rastreio é essencial para que as doenças não passem despercebidas e sejam tratadas de forma precoce, aumentando as chances de cura”, explica a geriatra do HECPI, Paula Osório.
Na Rede Municipal de Saúde, a Prefeitura do Recife oferece serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento precoces para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Existem dois Serviços de Atenção Especializada (SAE) para as pessoas com HIV/Aids e seus parceiros: o primeiro, na Policlínica Lessa de Andrade, localizada na Madalena, com mais de dois mil pacientes cadastrados; e o segundo no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Policlínica Gouveia de Barros, na Boa Vista, com 984 usuários cadastrados.
Nestes locais, atuam uma equipes multiprofissionais compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais e psicólogos. São disponibilizados aos pacientes assistência clínica e psicossocial, indicação de profilaxias primárias e secundárias para infecções oportunistas e sexualmente transmissíveis; indicação e manejo de terapia antirretroviral.
Além disso, a Secretaria de Saúde do Recife oferece, de forma rotineira, testagem rápida no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Policlínica Gouveia de Barros e também na Policlínica Salomão Kelner, em Água Fria. Além disso, a população pode se dirigir à unidade básica de saúde mais perto de casa, para saber a disponibilidades de testes rápidos para detecção de IST. O resultado sai em cerca de meia hora.
FÓRUM - Nesta quarta-feira (14), o Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI) discutiu o tema "A sexualidade e a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis na Terceira Idade" através do fórum “Desafios do Processo de Envelhecimento”. A palestra para trabalhadores e residentes da Rede Municipal foi realizada por Fábia Pottes, professora Associada do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco, mestre em Saúde Coletiva e doutora em Saúde Pública.