Teatro de Nelson Rodrigues abre o 10º Festival Recifense de Literatura
A peça Viúva, porém honesta dá início a programação de A Letra e a Voz 2012
Encenada pela primeira vez em 13 de setembro de 1957, o texto Viúva, porém Honesta, de Nelson Rodrigues, volta aos palcos para a abertura do Festival Recifense de Literatura – A Letra e a voz, com o grupo recifense Magiluth, no próximo domingo (19), às 17 horas, no Teatro de Santa Isabel. Este ano, o festival faz homenagem ao centenário de Nelson Rodrigues (1912–1980), dramaturgo, jornalista e escritor recifense.
“O centenário de Nelson Rodrigues é no próximo dia 23. Então, foi uma bela coincidência a data ser durante o período que tradicionalmente acontece o festival. E ter Nelson Rodrigues como o artista homenageado permite que a transversalidade entre as linguagens artísticas aconteça de uma forma ainda mais intensa nesta edição do A Letra e a Voz”, ressalta a Secretária de Cultura do Recife, Simone Figueiredo.
A festa de abertura contará com a presença de Maria Lúcia Rodrigues Muller, filha de Nelson Rodrigues. O espetáculo dá início a uma verdadeira maratona literária. É o que promete a 10ª. edição do evento, que acontece entre os dias 19 e 26 de agosto, abordando a temática Fronteiras do Real.
O evento é promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR), e conta com patrocínio do BNDES, Banco do Nordeste e Fundação Itaú Social, e com o apoio do Paço Alfândega, Livraria Cultura, Livraria Jaqueira, Sesc, Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) e Gráfica Santa Marta.
Durante os oito dias, o festival promete reunir leitores, escritores e estudantes de letras, jornalismo e ciências humanas em palestras, debates, concurso de poesias, lançamentos de livros e oficinas. Todas as atividades têm acesso gratuito. A coordenação geral do evento é da gerente de Literatura da FCCR, Carolina Leão, com curadoria do jornalista e crítico literário Schneider Carpeggiani. A identidade visual do evento é assinada pelo artista visual Manoel Quitério.
O presidente da Fundação de Cultura, André Brasileiro, destaca a realização do evento Balada Literária durante o festival, organizado pelo escritor pernambucano Marcelino Freire. “Marcelino é um dos grandes nomes da literatura brasileira contemporânea e a Balada Literária é um evento consolidado no cenário cultural de São Paulo. Então, é uma satisfação trazer o evento pela primeira vez ao Recife durante o festival”, destaca.
Dedicado à divulgação da literatura contemporânea bem como às novas plataformas de leitura, o festival contará com a presença de autores e estudiosos pernambucanos, de outros estados brasileiros e um convidado internacional, o escritor Alan Pauls (Argentina). A programação reúne Fernando Monteiro (PE), Lucila Nogueira (PE), Moisés Neto (PE), João Denys (PE), Ronaldo Correia de Britto (PE), Paulo Roberto Pires (RJ), Newton Moreno (PE), Luís Reis (PE), Luís Augusto Fischer (RS), Paulo Henriques Britto (RJ), Manuel da Costa Pinto (SP), Lourival Holanda (PE), Rubens Figueiredo (SP) e Zé Miguel Wisnik (SP).
O Bairro do Recife novamente se torna o QG literário do Festival A letra e a voz numa grande celebração à arte da escrita. As bibliotecas municipais de Casa Amarela e Afogados complementam a programação com atividades para adultos e crianças realizadas em parceria com o Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, da Secretaria de Educação do Recife, e o Projeto Agentes de Leitura, da Fundação de Cultura Cidade do Recife e Ministério da Cultura (Governo Federal).
Veja a programação completa no site www.festivalaletraeavoz.com.br
Viúva, porém Honesta – A peça será encenada pelo grupo recifense Magiluth, coletivo teatral apontado pela crítica especializada como um dos principais grupos jovens do país. Esse é o sexto trabalho do grupo, que investe na obra do dramaturgo pernambucano Nelson Rodrigues em homenagem ao seu centenário.
A peça Viúva, porém honesta foi considerada pela crítica uma vingança e um desabafo contra médicos, psicanalistas, jornalistas e, principalmente, contra a crítica teatral. Sob a legenda farsa irresponsável em três atos, conta a história do Dr. J.B. de Albuquerque Guimarães, diretor do jornal A Marreta, um dos mais influentes do país, que não consegue convencer a filha única, Ivonete, a deixar de velar a morte de seu marido, Dorothy Dalton, e voltar a ter uma vida normal, apesar de ter apenas 15 anos. Para convencê-la a casar de novo, o Dr. J.B. contrata um médico, um psicanalista, uma cafetina e até o diabo: todos charlatões.
O marido falecido de Ivonete, Dorothy Dalton era um delinquente juvenil transformado em crítico de teatro e obrigado a se casar com a filha do patrão, apesar de ser homossexual. Ivonete se casou com Dalton quando o pai a mandou escolher um marido na redação do jornal para justificar uma gravidez indesejada, que fora detectada pelo médico da família, o Dr. Lambreta, velho esclerosado e maluco. Mais tarde se descobre que a gravidez era falsa e inventada pela mente insana do médico.
Como Dorothy Dalton morreu atropelado por uma carrocinha de picolé Chicabom e como nenhum dos contratados achou uma solução para o caso, o jeito foi ressuscitar o morto para que Ivonete deixasse de ser viúva. O trabalho fica por conta do Diabo da Fonseca que através de um passe de mágica ressuscita o defunto e livra a menina da viuvez indesejada. Como prêmio o demônio desposa Ivonete.
A montagem foi construída na cidade de São Paulo, na mesma época em que o Grupo estava realizando temporada de espetáculos na capital paulista, o que proporcionou o contato com renomados profissionais das artes cênicas durante o processo, como a diretora de arte Simone Mina, uma das mais respeitadas do país e a preparadora vocal Monica Montenegro, responsável durante anos pelo trabalho vocal do CPT – Centro de Pesquisas Teatrais, coordenado pelo diretor Antunes Filho.
O Grupo aposta no despojamento de cena, onde a precariedade dos elementos impulsiona os atores ao jogo teatral. Todos os personagens são revezados pelos seis atores que executam a montagem. O diretor é Pedro Vilela, o mesmo do quarto trabalho do coletivo ¨O Canto de Gregório¨. A montagem possui incentivo financeiro da FUNARTE, pelo Edital Funarte Nelson Brasil Rodrigues: 100 Anos do Anjo Pornográfico, e teve estreia no Teatro Dulcina, na cidade do Rio de Janeiro. A abertura do Festival Recife de Literatura será a estreia do trabalho na cidade de origem do Grupo.
Ficha técnica:
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Pedro Vilela
Elenco: Giordano Castro, Lucas Torres, Erivaldo Oliveira, Mario Sergio Cabral e Pedro Wagner
Iluminação e Sonoplastia: Pedro Vilela
Direção de arte: Simone Mina
Assistente de Direção de Arte: Karina Sato
Designer gráfico: Guilherme Luigi
Produção Executiva: Mariana Rusu
Realização: Grupo Magiluth
Serviço
10º Festival Recifense de Literatura - A letra e a voz
De 19 e 26 de agosto de 2012
Informações: www.festivalaletraeavoz.com.br
Twitter: @aletraeavoz
Abertura
Teatro Santa Isabel
Dia 19.08 (domingo)
Hora: 17 horas
Os ingressos serão distribuídos gratuitamente na bilheteria do teatro no mesmo dia da apresentação a partir das 16h.