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Saúde | 16.09.22 - 17h18

Setembro Amarelo: Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa alerta para índices de suicídio entre a população acima dos 60 anos

Um estudo recente publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria aponta que houve um aumento de 9,1% na taxa de suicídio entre idosos durante a pandemia da covid-19

 

Neste Setembro Amarelo, mês prevenção do suicídio, o Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI), unidade ligada à Prefeitura do Recife, chama atenção para os cuidados com a saúde mental da população a partir dos 60 anos. Um estudo recente publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, intitulado “Differential impact in suicide mortality during the covid-19 pandemic in Brazil”, concluiu que houve um aumento de 9,1% na taxa de suicídio entre idosos durante a pandemia da covid-19. A pesquisa comparou dados do DataSUS, sistema de dados do Ministério da Saúde, registrados em 2020 com a média de dez anos anteriores.

É imprescindível que a população esteja alerta e atenta a vivência do sofrimento mental da pessoa idosa como aumento de irritabilidade, reclusão social, prejuízo cognitivo, sentimentos de cunhos negativos que falam do desvalor da vida. Todos estes sinais costumam preceder o pensamento suicida. “O idoso com depressão é mais vulnerável à morte por suicídio que um adulto com o mesmo diagnóstico. É justamente por essa população ter outras fragilidades que as tentativas de suicídio são mais concretizadas do que as executadas por adultos e adolescentes”, ressalta o psiquiatra do HECPI, Alberto Gorayeb.

Entre as vulnerabilidades que a população a partir de 60 anos enfrenta, estão a exclusão do mercado de trabalho, vivência da solidão, ameaça do papel social, além do surgimento de doenças clínicas como hipertensão e diabetes. “Todos esses fatores somados, se tornam os principais responsáveis pelos indicadores e prevalência do adoecimento mental na pessoa idosa”, completa o psiquiatra.

A psicóloga do HECPI, Rita de Kássia Nóbrega, também acrescenta que as medidas de distanciamento social durante a pandemia geraram impactos emocionais que reverberam até hoje na população idosa. “Para muitas pessoas, também foram experiências de distanciamentos afetivos. Como ainda estamos atravessando o cenário de pandemia, ressaltamos a importância da manutenção dos vínculos afetivos, retomada ou criação de atividades rotineiras que façam sentido ao idoso, a prática de atividade física, e participação ativa nos grupos de idosos existentes no município do Recife”, explica.

O Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa realiza atendimentos interdisciplinares em áreas como Psiquiatria e atenção psicossocial (Psicologia e Serviço Social). No atendimento ambulatorial de Psicologia, o acolhimento inicial ao idoso pode ocorrer através de plantão psicológico, psicoterapia breve e grupos terapêuticos. Para ter acesso aos serviços da unidade, a população deve procurar a sua unidade de saúde de referência para receber o encaminhamento. O agendamento ocorre através do Sistema de Regulação da Secretaria de Saúde do Recife. 

“Recebemos demandas referentes a ideias suicidas, como desejos e planos que a pessoa tem para dar fim à própria vida. Quando essa demanda é presente no acolhimento psicológico, são percebidos os principais fatores de risco e é realizada uma avaliação clínica como baixo, médio ou grave risco”, esclarece a psicóloga. Nestes casos, os pacientes são acompanhados, também, de maneira interdisciplinar na Rede Municipal de Saúde. 

Kássia ressalta a importância de buscar meios para ter um envelhecimento saudável, uma vez que o aumento da população idosa é uma realidade mundial e não pode ser ignorada. “Estudos acadêmicos alertam que intervenções de prevenção e promoção à saúde mental oferecem potencial em promover autonomia, saúde, cidadania, planejamento e adaptação à aposentadoria, reduz sintomas de depressão, de ansiedade e prevenção ao suicídio”, afirma.