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Cultura | 16.10.12 - 19h22

Quartel da Polícia Militar do Derby é o primeiro do Brasil receber uma exposição sobre um ex-preso político

[caption id="attachment_27231" align="alignleft" width="334"] Pela primeira vez no Brasil, a mostra é realizada em um Quartel. Foto: Inaldo Lins[/caption]

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da Secretaria de Defesa Social do Governo do Estado de Pernambuco, realizou, nesta terça-feira (16), às 10h, a abertura da exposição: Não tens epitáfio, pois és bandeira. A exposição está em cartaz no quartel da Polícia Militar de Pernambuco, no Derby. A mostra, que resgata a vida do ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido em 1971 durante o regime militar, vai até o dia 30 de outubro.

Empresário, filho de fazendeiros paulistas, Rubens Paiva era um nacionalista com tendências esquerdistas. Nunca foi comunista e muito menos representava uma ameaça à ditadura. Era contra a luta armada e o terrorismo desencadeados pelas organizações de esquerda contra os militares. Mesmo sabendo que os revolucionários lutavam contra o terrorismo de Estado da ditadura. A exposição é a versão expandida de uma mostra itinerante de 2010 que reconstitui a história do ex-deputado que desapareceu durante o regime militar. Em 2012 o desaparecimento de Rubens Paiva completa 41 anos. Para relembrar essa história a exposição traz documentos, fotos e objetos pessoais do ex-deputado. Os registros lembram passagens da vida de Rubens Paiva com a família e na atividade política.

Participaram da abertura comandantes da Unidade Especializada de Confronto, o Batalhão de Choque, Cavalaria, Rádio-patrulha e Trânsito. A secretária de Direitos Humanos, Amparo Araújo e o Diretor de Articulação Comunitária da SDS, Manoel Caetano, também participaram.

A exposição já aconteceu antes no capital pernambucana e passou pela Universidade Federal, Assembleia Legislativa, na Prefeitura e no Aeroporto. A novidade é que, pela primeira vez no Brasil, a mostra é realizada em um Quartel. Para o Major Hugo Tadeu, essa oportunidade foi maravilhosa para a história dos policiais: “Abrir as portas de um quartel para resgatar a memória do ex-político é também um ato de resgate de cidadania. Vivemos em uma eterna busca de qualificação dos nossos serviços e da valorização a vida humana, estamos honrados", diz.

História - Em 20 de janeiro 1971, dia de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, dois oficiais do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) visitaram Rubens Paiva em sua casa. O ex-deputado, prestes a ir para a praia, foi intimado a seguir com os oficiais até a sede do Cisa. Trocou-se e, dirigindo o próprio carro, foi até o órgão. De lá, foi transferido para outro equipamento usado pelo regime militar. Paiva nunca mais apareceu. O carro foi devolvido para a família dias depois, com um recibo – única prova de que ele desapareceu sob custódia do Estado.