Espetáculo Preto abre o 20º Festival Recife do Teatro Nacional, neste domingo (18)
A 20ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional abre as cortinas neste domingo (18), às 20h, com a apresentação do espetáculo Preto, inédito na cidade, no Teatro de Santa Isabel. Da paranaense Companhia Brasileira de Teatro, com a atriz Renata Sorrah no elenco, além de Grace Passô, Cássia Damasceno, Felipe Soares e Nadja Naira, a peça é a primeira das 12, entre nacionais e locais, que irão compor a pauta do Festival oferecido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.
O espetáculo se articula a partir da fala de uma mulher negra, que trata de racismo, a realidade do povo de pele negra no Brasil hoje, o afeto e o diálogo, negritando a maneira como lidamos com as diferenças e como cada um se vê numa sociedade marcada pela desigualdade.
A direção é de Marcio Abreu, que assina também a dramaturgia, com Grace Passô e Nadja Naira. Nadja faz também a iluminação do espetáculo. A cenografia é de Marcelo Alvarenga. O figurino foi criado por Ticiana Passos. As trilhas e efeitos sonoros são de Felipe Storino. A produção e realização é da própria Companhia Brasileira de Teatro, com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal. A peça será reapresentada na segunda-feira.
Entre os espetáculos selecionados para compor o programa do Festival, que homenageia, nesta edição, o ator Reinaldo de Oliveira, há outras cinco produções nacionais e inéditas na cidade: Woyzeck – Zé Ninguém, do Teatro Terceira Margem e Artistas Independentes e Teatro La Independencia, do Oco Teatro Laboratório, ambos da Bahia; O Que Só Passarinho Entende, da Cia Cobaia Cênica, de Santa Catarina; LTDA., do Coletivo Ponto Zero, do Rio de Janeiro; e A Gaiola, da também carioca Camaleão Produções Culturais e LTDA.
De Pernambuco, integram a programação: Ligações Perigosas, do Teatro de Fronteira; Próxima, solo da atriz Cira Ramos; Em Nome do Desejo, da Galharufas Produções; Espera o Outono, Alice, do Amaré Grupo de Teatro; e Pro(Fé)Ta – O Bispo do Povo, do Coletivo Grão Comum.
Os ingressos custam R$ 10 (R$ 5 para estudantes) e serão vendidos nas bilheterias de cada teatro.
Homenageado - Recifense de 88 anos, Reinaldo de Oliveira é filho do teatro pernambucano e um de seus maiores expoentes. De seus célebres pais, Valdemar e Diná de Oliveira, dois dos maiores nomes das artes cênicas produzidos por Pernambuco, herdou mais que talento e vocação. Sonhou os mesmos sonhos, enveredando pela carreira artística, depois de sagrar-se médico cirurgião, formado pela antiga Universidade do Recife.
Ator sagaz e versátil, vestiu a camisa do Teatro de Amadores de Pernambuco, fundado pelos pais. Atuou em diversos espetáculos, como Vestido de Noiva e Um sábado em 30 e dirigiu outros tantos, além de ter assumido a gestão do TAP. Escreveu nos palcos a sua própria história. Entre enredos e personagens, viveu muitas vidas em uma.
Espetáculos do 20º Festival Recife do Teatro Nacional
PRETO
Companhia Brasileira de Teatro (PR)
Dias 18 e 19, às 20h
Local: Teatro de Santa Isabel
Duração: 80 minutos
Indicado para maiores de 14 anos
O espetáculo se articula a partir da fala pública de uma mulher negra, numa espécie de conferência sobre questões que incluem racismo, a realidade do povo de pele negra no Brasil hoje, o afeto e o diálogo, a maneira como lidamos com as diferenças e como cada um se vê numa sociedade marcada pela desigualdade.
Ficha Técnica
Direção: Marcio Abreu
Elenco: Cássia Damasceno, Felipe Soares, Grace Passô, Nadja Naira, Renata Sorrah e Rodrigo Bolzan
Músico: Felipe Storino
Dramaturgia: Marcio Abreu, Grace Passô e Nadja Naira
Iluminação: Nadja Naira
Cenografia: Marcelo Alvarenga
Trilha e Efeitos Sonoros: Felipe Storino
Direção de Produção: José Maria / NIA Teatro
Direção de Movimento: Marcia Rubin
Vídeos: Batman Zavarese e Bruna Lessa
Figurino: Ticiana Passos
Produção e realização: Companhia Brasileira de Teatro
Coprodução: HELLERAU - European Center for the Arts Dresden, Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt am Main, Théâtre de Choisy-le-Roi - Scène Conventionnée pour la Diversité Linguistique
Patrocínio: Petrobras e Governo Federal
WOYZECK – ZÉ NINGUÉM
Teatro Terceira Margem e Artistas Independentes (BA)
Dia 20, às 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Duração: 90 minutos
Indicado para maiores de 14 anos
Investindo na estética do circo e show de horrores, o espetáculo Woyzeck-Zé Ninguém, cujo texto original é do dramaturgo alemão Buchner, propõe transportar o primeiro protagonista proletário da literatura alemã à realidade brasileira. Baseada em fatos reais, a dramaturgia traz a história de um homem que, tomado como experimento por um médico, oprimido circunstancialmente pela sociedade, assassina a mulher amada sob imposição do automatismo. Com cortes abruptos e cenas ritmadas cinematograficamente, a adaptação é composta de elementos que reforçam a aproximação desta história com a realidade social e cultural brasileira. Canções de Gonzaguinha ajudam a compor a trajetória do protagonista, nesta que é considerada uma possível e universal situação dramática do homem comum.
Ficha Técnica
Direção: Caio Rodrigo
Codireção: Guilherme Hunder
Texto original: Georg Buchner
Adaptação: Caio Rodrigo
Elenco: Felipe Viguini, Simone Brault, Wanderley Meira, Caio Rodrigo, Rui Manthur, Marcos Lopes e Elinas Nascimento
Produção: Raquel Bosi e Queila Queiroz
Direção musical: Elinas Nascimento
Trilha Sonora: Caio Rodrigo e Elinas Nascimento
Direção de movimento e coreografias: Mônica Nascimento
Cenário: Caio Rodrigo Figurinos: Guilherme Hunder
Iluminação: Pedro Dultra
Maquiagem: Guilherme Hunder
Realização: Teatro Terceira Margem e Artistas independentes
A MULHER MONSTRO
S.E.M. Cia de Teatro (RN/PE)
Dia 20, às 20h
Local: Teatro Barreto Júnior
Duração: 70 minutos
Indicado para maiores de 16 anos
A história se baseia no conto Creme de alface de Caio Fernando Abreu, escrito em plena ditadura militar, mas ainda tão atual. A tragicomédia fala da intolerância e do preconceito, parecendo tratar da atualidade política e social do Brasil, por meio da figura de uma burguesa perseguida pela própria visão intolerante da sociedade, que não sabe lidar com a solidão, nem com o próximo, num tempo de ódio e corrupções. Expõe as monstruosidades ditas e praticadas, trazendo à cena falas reais, denunciando expressões e atitudes radicalistas, fundamentalistas ou até mesmo segregacionistas do cotidiano.
Ficha Técnica
Texto: Analice Croccia, Quiercles Santana e AMARÉ Grupo de Teatro, com trechos de Marla de Queiroz, Pedro Bomba, Carl Sagan, Felipe André
Encenação: Analice Croccia e Quiercles Santana
Elenco: Paulo César Freire, Isabelle Barros, Bruna Justino e Natali Assunção
Iluminação: Natalie Revorêdo
Figurino e Cenografia: Micheli Arantes e Analice Croccia
Narração: Paulo César Freire, Íris Campos e Paulo de Pontes
Pesquisa Musical, produção e realização: AMARÉ Grupo de Teatro
LTDA.
Coletivo Ponto Zero (RJ)
Dias 24 e 25, às 20h
Local: Teatro Luiz Mendonça
Duração: 60 minutos
Indicado para maiores de 14 anos
Em um edifício empresarial, uma agência que produz e divulga fake news está à beira de um colapso. A peça busca lançar um olhar sobre a condição humana em tempos de pós-verdade e pós-ética.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Diogo Liberano
Direção: Debora Lamm
Elenco: Brisa Rodrigues, Brunna Scavuzzi, Leandro Soares, Lucas Lacerda e Orlando Caldeira Atriz Stand-in: Mônica Bittencourt
Direção de Produção: Lucas Lacerda
Direção de Movimento: Denise Stutz
Direção Musical: Marcello H
Figurino: Ticiana Passos
Visagismo: Josef Chasilew
Desenho de Luz: Ana Luzia de Simoni
Cenário: Debora Lamm
Realização: Coletivo Ponto Zero
PRO(FÉ)TA – O BISPO DO POVO
Coletivo Grão Comum (PE)
Dia 25, às 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Duração: 50 minutos
Livre para todos os públicos
Finalizando o ciclo da pesquisa do Coletivo Grão Comum intitulada Trilogia Vermelha, a encenação começa com a notícia do sequestro e assassinato do padre Henrique, em 1969, recordando o martírio dos corpos trucidados pela Ditadura e, até mesmo, da realidade do povo indigente sobrevivendo na lama do Recife, e, como testemunhou o evangelho, a miséria e suplício do próprio Cristo. A peça mobiliza um cortejo pelas ruas da cidade, conduzindo os espectadores rumo ao teatro, para o sepultamento do corpo trucidado, denunciando a violência que nos aflige ainda hoje, que ainda é ferida aberta, sempre injusta e desumana. A obra celebra o aclamado bispo Dom Hélder Câmara pedindo silêncio e paz, evocando reza forte, questionando a crença e a dimensão da fé guardada nos nossos corações dilacerados de desilusão.
Ficha Técnica
Pesquisa dramatúrgica, encenação e iluminação: Júnior Aguiar
Elenco: Daniel Barros, Júnior Aguiar e Márcio Fecher
Música Original: Geraldo Maia (com Paulo Marcondes, Rodrigo Samico, Públius, Hugo Linnis e Amarelo)
Operação de Áudio e Luz: Felipe Hellslaught
Idealização: Coletivo Grão Comum
Produção Geral : Coletivo Grão Comum, Cen@ff e Gota Serena