Estudantes da Escola Antônio Heráclio participam de projeto de dança e percussão
Três vezes por semana, a biblioteca da Escola Municipal Antônio Heráclio, no bairro do Fundão, se transforma num grande salão de dança e percussão. Nessas ocasiões, a caneta, o caderno e os livros são deixados de lado e cerca de 40 estudantes, entre 12 e 19 anos, assumem os postos de músicos e dançarinos para participarem do projeto "Cultura dos saberes: história da africanidade no Brasil". As atividades acontecem todas as segundas, quartas e quintas, das 12h às 13h30.
Idealizado pela professora de biblioteca Ivone Cordeiro há cerca de um ano, o projeto tem o objetivo de colocar em prática a proposta da Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife de transformar as bibliotecas das unidades de ensino em espaços de cultura viva. "A ideia surgiu a partir de um trabalho semelhante que já realizamos aqui no bairro com grupos de batuque e percussão", explica Ivone.
De acordo com a professora de história Rejane Pereira, que integra a equipe do projeto, o contato com instrumentos musicais de origem afro também desperta no aluno um sentimento antirracista, ajudando a implementar na rede de ensino as diretrizes da Lei Federal n° 10.639, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas públicas e particulares.
"Esse projeto também contribui para aproximar os estudantes e fortalecer o sentimento de que a cultura afro está dentro de todo brasileiro", complementa o professor Carlison Bazante, coordenador da biblioteca da Escola Antônio Heráclio, batizada de Biblioteca Vinícius de Morais.
Outra vertente que está reforçando o "Cultura dos saberes" há cerca de dois meses é a incorporação de instrumentos eruditos. "Além das alfaias, congas e abês, nós estamos aos poucos dialogando com outros instrumentos, como violão, flauta e até trompete; tudo isso sem perder de vista a proposta da valorização da nossa africanidade", ressalta o professor de música da Antônio Heráclio, Íkaro Lima.
Principais protagonistas de todo o projeto, os estudantes aprovam a iniciativa e estão cada vez mais engajados e motivados. Caio Leonardo, de 14 anos, aluno do 6º ano, conta que quando a professora Ivone o convidou para participar das atividades, aceitou na hora. "São três dias especiais na semana. Gosto muito de tocar timbal e até melhorei meu desempenho em sala de aula", frisou. Já Adrielley Salviano, 12, também do 6º ano, diz que participa mais dançando. "Gosto do atabaque, mas fui convidada porque Ivone me viu dançando no pátio e gostou", conta a menina, que mora na Campina do Barreto e já participou de grupos de dança na comunidade.