Pessoas com deficiência acompanham desfile do Galo da Madrugada no Camarote da Acessibilidade
Cerca de 200 pessoas com deficiência assistiram, neste sábado (18), ao desfile do Galo da Madrugada no Camarote da Acessibilidade, instalado pela Prefeitura do Recife no Pátio do Carmo, na Avenida Dantas Barreto. Na 11ª edição da iniciativa, depois de dois anos de suspensão devido à pandemia da covid-19, o município promoveu um sorteio que deu oportunidade para as pessoas com deficiência e seus acompanhantes verem de perto o desfile do maior bloco de Carnaval do mundo.
"Foi a primeira vez que a escolha dos participantes se deu por meio de sorteio e mais de mil pessoas se inscreveram pelo Conecta Recife para concorrer à vaga no camarote. De forma democrática, as pessoas foram sorteadas e aqui estão com seus acompanhantes", ressaltou a secretária de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas, Ana Rita Suassuna.
Kayllane Gomes é acompanhante de Cibeli Barbosa, que ficou cadeirante por causa de um tumor. "Minha amiga sempre adorou Carnaval e está muito feliz em voltar a assistir ao desfile, desta vez num camarote todo adaptado e preparado para os cadeirantes. Antes, ela precisava acompanhar as imagens transmitidas pela TV", disse.
"Temos uma visão privilegiada, pois conseguimos contemplar o colorido dessa festa linda, vendo de perto os trios e curtindo esse desfile do maior bloco do mundo. Muitas vezes a pessoa com deficiência se sente excluída desse tipo de comemoração", diz o Rei da Pessoa com Deficiência do Carnaval deste ano, Matheus José Pimentel, acrescentando que a Prefeitura está inserindo uma parte da população numa festividade de que geralmente não participa.
O camarote foi preparado para receber as pessoas com deficiência auditiva, física e visual. O espaço é adaptado com rampas, corrimãos, banheiros, piso tátil, sinalização em Braille, intérpretes de Libras e audiodescrição. Quem solicitou transporte contou com o serviço das vans do PE Conduz, carros adaptados para pessoas com cadeiras de rodas e com mobilidade reduzida.
O Camarote da Acessibilidade é uma realização da Prefeitura do Recife, através da Fundação de Cultura e da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Política sobre Drogas, com o apoio da Secretaria de Saúde, da Guarda Municipal do Recife e do Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança, Juventude e Prevenção à Violência e às Drogas. O Camarote da Acessibilidade é realizado desde 2011 e tem por objetivo proporcionar a inclusão social através da diversidade da cultura pernambucana.
CAMPANHA - A campanha Xô Preconceito, que combate todo tipo de discriminação, em especial o racismo, foi divulgada, neste sábado (18), durante o desfile do Galo da Madrugada. A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Direitos Humanos, montou um estande na Praça do Carmo para divulgar a plataforma de denúncia contra racismo, acolher as pessoas vítimas desse crime e apresentar a rede de atendimento.
Nenhuma denúncia de racismo foi registrada, mas uma equipe de reforço composta por uma advogada, uma psicóloga e um assistente social esteve a postos durante todo o desfile. Os foliões que acompanharam o desfile do bloco tiveram a oportunidade de conhecer a plataforma de denúncia virtual "Recife Sem Racismo", que pode ser acionada pelo Conecta Recife. Foram distribuídos squeezes, contendo a frase da campanha e QR Code para acesso à plataforma, e ainda 60 walkmídias circularam entre os foliões.
De acordo com o gerente de Igualdade Racial do Recife, Marcelo Diniz, a Prefeitura do Recife investe na construção de um Recife Sem Racismo. “Pela primeira vez, o desfile do Galo da Madrugada ofereceu um espaço para acolher as pessoas vítimas de racismo e um canal de denúncia à disposição em plena folia. O Recife sem Racismo é uma importante plataforma eletrônica para fortalecer a política de promoção da igualdade racial", frisou.
Quando a plataforma é acionada, seja por vítimas ou testemunhas de violações com conotações ou motivações racistas, suas denúncias são encaminhadas aos órgãos competentes para eventuais investigações criminais, de acordo com a ocorrência. A enfermeira Gerlane Alves considerou a campanha, em pleno desfile do Galo, inusitada e importante. "Infelizmente o preconceito racial ainda existe e precisamos dar um basta nisso, aproveitando qualquer espaço, onde reúna muita gente, para informar que racismo é crime e deve ser combatido", disse.