Farmacêuticos da PCR recebem certificação do Ministério da Saúde
Vinte e três farmacêuticos que trabalham na rede de Saúde da Prefeitura do Recife receberam, na tarde desta sexta-feira (19), certificado de qualificação em atendimento de clínica farmacêutica. Eles participaram de um projeto, realizado em parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério da Saúde, cujo objetivo é racionalizar, por meio de consulta com o profissional de farmácia, o uso de medicamentos entre os usuários do SUS.
Para o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, com a iniciativa, a cidade se torna exemplo na questão da Assistência Farmacêutica para outros municípios do estado e da Região. “A formação dos nossos servidores traz um campo importante para que essa qualificação possa se expandir ainda mais para a Rede do Recife”, afirmou Correia.
O processo de capacitação durou nove meses, e contou com aulas teóricas, seminários, workshop e formação em serviço – sempre com orientação de técnicos do MS. O Recife é o quarto município brasileiro a contar com esse tipo de assistência pioneira na Atenção Básica – Curitiba, Betim e Lagoa Santa.
Atualmente, as consultas acontecem em 29 pontos de atenção (unidades de saúde da família, policlínicas, caps e Farmácias da Família) espalhados pelos oito distritos sanitários da cidade. O atendimento acontece por indicação de um profissional ou por demanda espontânea.
Segundo a Gerente Geral da Assistência Farmacêutica, Karinna Boaviagem, o papel do profissional no Projeto Cuidado Farmacêutico é avaliar se o paciente faz o correto de cada medicamento, se está trazendo o efeito esperado (resultados positivos), se não está causando reações adversas (resultados negativos), bem como se o paciente está conseguindo ter acesso aos seus medicamentos.
“O profissional de Farmácia, que antes estava mais ligado à logística dos insumos, agora senta com o paciente, avalia a prescrição e identifica nuances do processo medicamentoso”, explicou Karinna. É o que faz Joelma Farias, farmacêutica da Unidade de Saúde da Família Alto do Pascoal. “Antes, o foco era o medicamento. Agora, o foco é o paciente. Passamos a ter um olhar clínica sobre cada um deles”, contou Joelma.
Ainda de acordo com ela, os resultados são bastante significativos. “Um dos reflexos do acompanhamento é a diminuição na ida às urgências, por exemplo, e também no controle das doenças crônicas”, explicou. “Alguns pacientes nós precisamos fazer um desenho associativo ao horário que ele precisa tomar certo remédio, para ele não confundir ou não tomar no horário indicado”, disse Joelma.
De acordo com o consultor técnico da Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Orlando Mário Soeiro, nos últimos anos aumentou o acesso da população a medicamentos. “Estudos apontam que de 50 a 70% das pessoas que precisam usar remédios não aderem adequadamente ao tratamento, e o não-uso ou uso incorreto causa outros problemas, tanto ao usuário, que pode desenvolver outros problemas de saúde, como para o governo”, disse Orlando, justificando a implantação do projeto.
Dados – Os primeiros resultados apontam que, nos nove meses de implantação do projeto, foram realizadas 1.465 consultas – 69,1% mulheres. No mesmo período, foram identificadas 136 condições clínicas diferentes, entre elas hipertensão, diabetes, cardiopatias etc. Quase metade (46%) do total de usuários têm hipertensão (24,1%) ou diabetes (22,8%). O estudo aponta ainda que, em média, cada usuário utiliza cerca de cinco medicamentos com recorrência.