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Cultura | 19.09.18 - 10h30

MAMAM recebe poesia visual do carioca Alexandre Dacosta

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Primeira individual do artista na cidade, a exposição Autopoese reúne objetos, cores, palavras e signos produzidos ao longo dos últimos 18 anos de trabalho. Gratuita e aberta ao público, a mostra abre para visitação na próxima sexta-feira (21) e segue em cartaz até 25 de novembro. (Foto: Divulgação)

 

A poesia vai ganhar forma no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), com a estreia da exposição Autopoese, do artista visual, cineasta, compositor, músico, ator e poeta Alexandre Dacosta. A mostra, que ocupará todos os andares do museu, passeará pelos vários predicados do artista carioca, fruto da Geração 80, em sua primeira individual no Recife.
A exposição estreia nesta quinta (20). Da sexta (21) até o próximo dia 25 de novembro, segue aberta ao público, para visitação gratuita no MAMAM, equipamento mantido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.
 
Celebrando 18 anos de atividades do artista na linguagem poética-visual, a mostra conta com vasto acervo, que transita, conceitualmente, entre o poema-objeto, a poesia gráfica e o vídeo. São, ao todo, 12 vídeos poéticos-experimentais de curta duração, que serão exibidos numa das salas do museu, e mais 60 obras tridimensionais, como a Rãdiografia, o raio-x de uma rã, exposto sobre uma caixa de luz, onde se lê o poema: “a rã coaxa ao rés do brejo parco/acha que chá de sumiço é mergulho no charco”. Compõe ainda a exposição, que tem curadoria de Joana D’Arc, o Atrorretrato, um porta-retrato digital, com 16 fotos do artista, tiradas em várias épocas, que se sucedem, entre versos, formando um poema-confissão: “se meu atro dentro incomoda/a sombra do outro me acomoda”.
 
O acervo contará também com poesias gráficas, ampliadas em chapas de PVC, com textos inseridos em diagramas, fluxogramas e padrões diversos, desenhados por aparelhos eletrônicos, bem como placas antigas de preço com letras aplicadas, utilizadas em padarias e botequins. Para garantir uma melhor leitura das peças e efetiva compreensão de seus trabalhos, o artista espalhará por todo o museu placas “desorientadoras”.
 
“Alguns poemas-objeto não comportam textos, frases, palavras, apenas uma estranha fisionomia, que à primeira vista, pode deixar o expectorante espectador em sentido de interrogação. A chave está no título, que deflagra a fagulha da ignição e liga a engrenagem do motor de uma forma diversa do olhar”, sinaliza Dacosta na introdução de um e-book que publicou, oferecendo pistas, ao invés de placas, para quem for ao MAMAM percorrer sua trajetória artística. “Com a materialidade física dos poemas-objeto e a impalpabilidade das poesias gráficas, procuro criar um vínculo intrapessoal de incursão do leitor em um espaço cósmico cômico onde o requintado adorno do humor se insere de maneira a particularizar o campo focal: vista aérea de um amplo mapa que representa um autoterritório, um autoplaneta, um autouniverso, uma área útil de sensível exploração filosófica do pensamento”.
 
Usando um tablet, o público poderá também acessar o E-Book Autopoese, lançado pela editora Lacre em 2018, e o álbum Antimatéria, com 13 canções do artista, lançado no ano passado. Também estarão disponíveis fragmentos da Rádio Varejo, mantida pelo artista, e vídeos de arte sonora, que Dacosta está gravando desde 2016, totalizando já 2 horas ininterruptas de áudio-poemas, canções, textos e sons experimentais.
 
Sobre o artista – Nascido no Rio de Janeiro, em 1959, Alexandre Dacosta realizou 18 exposições individuais no Rio, São Paulo e Montevideo, no Uruguai, além de mais de 100 coletivas no Brasil e no exterior. Recebeu dois prêmios de pintura: IBEU (1985) e XVIII Salão de Belo Horizonte MG (1986). Em 1981, criou com Ricardo Basbaum a Dupla Especializada e, dois anos depois, o Grupo 6 Mãos, com Basbaum e Barrão. Atualmente, integra o Grupo 8 Pés, que faz intervenções em vernissages. Como cantor, músico e compositor, produziu o álbum Antimatéria (2017), com 13 canções autorais que estão nas plataformas digitais de música e o CD Livro ADJETOS (2011), com 18 canções para esculturas/objetos, além de fazer trilhas sonoras para filmes e peças de teatro. Criou com sua mulher, Lucília de Assis, a dupla performática de cantores e compositores Claymara Borges e Heurico Fidélis e gravou os CDs Cascata de Sucessos (1992) Leblon Records e Pirata Ao Vivo (2003).
 
Como diretor e roteirista, produziu 14 filmes de curta-metragem - 6 ficções, 3 documentários, 5 experimentais - tendo ganho 11 prêmios em festivais. Agora edita seu primeiro longa metragem, o documentário A Sobrancelha é o Bigode do Olho, sobre o jornalista Aparício Torelly, o Barão de Itararé. Como ator, protagonizou 5 longas, 1 média e 8 curta-metragens, participando de mais de 40 filmes, 17 peças de teatro e musicais, diversos seriados, minisséries e novelas. Como poeta, lançou em 2011 o livro [tecnopoética] Editora 7 Letras. Desde 2015, produz arte sonora com a Rádio Varejo, tendo criado, em 2012, com Alexandre Guarnieri, o espetáculo vídeo-poético-musical [versos alexandrinos]. Participa também de revistas, antologias, saraus e colabora com áudios de poesias em programas de rádio.