Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos

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Direitos Humanos | 19.10.18 - 20h12

Crianças e adolescentes comemoram entrega de nova sede de casa de acolhida em Campo Grande

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A casa de acolhimento que funcionava no Cordeiro agora está num imóvel reformado em Campo Grande para proporcionar infraestrutura adequada para crianças com história recente de violência doméstica (Foto: Wesley D'Almeida)

 

Cerca de 20 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social ganharam de presente da Prefeitura do Recife, no Mês das Crianças, a nova sede de uma casa de acolhida que funcionava no Cordeiro e agora está em um imóvel requalificado em Campo Grande. Nesta sexta-feira (19), Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos (SDSJPDDH) da Prefeitura do Recife abriu oficialmente a casa Aconchego (antes se chamava Casa do Cordeiro). O novo nome foi sugerido por um dos acolhidos junto com uma funcionária.

A requalificação do imóvel onde vivem cerca de 20 crianças e adolescentes, muitas com história recente de violência doméstica, custou R$ 115 mil, o que inclui a ambiência toda pensada para os jovens, climatização (não havia aparelhos de ar-condicionado na casa anterior), beliches, colchões e outros mobiliários e equipamentos eletrônicos. Reformado para proporcionar infraestrutura mais adequada e conforto aos meninos e meninas, o imóvel principal tem os quartos dos acolhidos, sala de TV, sala de estudo, refeitório, cozinha, brinquedoteca, recepção e área de lazer. O imóvel anexo também foi reestruturado para acomodação do administrativo, apoio técnico, descanso dos funcionários e lavanderia. Há ainda parquinho no terraço.

A abertura da nova sede foi festejada com apresentação musical, dança e até desfile de moda para que os acolhidos mostrassem as roupas novas escolhidas por eles no shopping para a ocasião especial. A coordenadora da Aconchego, Micheline Sales, recebeu um buquê de flores e diversas homenagens das crianças e adolescentes. “Esse imóvel novo é excelente, tem uma estrutura muito boa, garantindo mais conforto para os nossos meninos e meninas. A dormida deles agora é melhor, todos os quartos têm ar-condicionado, há mais espaço para as crianças brincarem e parquinho, sala para estudo, computador com internet, cada um agora tem seu armário, seu espaço individualizado. Agora a casa, de fato, se aproxima mais de um lar”, disse Micheline, que é assistente social.

Um dos relatos mais emocionantes do dia foi o de J.M., 21 anos, que passou mais de três anos morando na Casa do Cordeiro e hoje trabalha como tosador de cachorros e cabeleireiro. Uma vez por mês ele vai voluntariamente à casa de acolhida cortar os cabelos dos meninos e meninas. “Micheline, minha coroa, você vai estar na minha vida pra sempre. Meninos, escutem o que ela ensina. Passei anos aqui e aprendi muito com ela. Isso aqui pra mim é uma casa, e não um abrigo. Aqui eu me sentia com uma família”

A irmã de J.M. ainda mora na casa há cerca de cinco anos e completou 18 anos nesta sexta. I.M.S cursa o 1º ano do Ensino Médio e vai fazer uma entrevista na McDonald's na próxima semana, para trabalhar como Jovem Aprendiz. “Essa casa nova é melhor, mais bonita e mais confortável; tem ar-condicionado, chuveiro elétrico, computador com internet, mais brinquedos para as crianças. Aqui eu me sinto em casa, como se fosse minha família”, contou a jovem que está se organizando para casar e ir morar perto do irmão, que é a única pessoa da família com quem ela manteve contato e em quem ela se inspira para construir sua vida.

Os familiares que conseguiram manter o vínculo com os filhos durante o acolhimento institucional também participaram da festa de abertura da Aconchego. Uma delas foi A. C.R.B, 32 anos, que está com dois filhos na casa enquanto ela faz tratamento para se recuperar do uso abusivo de drogas. “Fiquei muito feliz de ver meus filhos alegres aqui hoje. Fico tranquila de saber que eles estão sendo bem cuidados enquanto faço meu tratamento. A equipe da casa sempre me recebe bem, me dá notícia deles. Não vejo a hora de ficar bem e poder ir com eles pra minha casa”, planeja a mãe.

A cuidadora de crianças e adolescentes Ceci Maria Vieira, também se sentiu beneficiada com a requalificação do imóvel. “A casa agora está bem melhor e mais confortável tanto pros jovens quanto pra nós funcionários, e isso é muito importante pra gente porque passo mais tempo aqui do que na minha casa. A gente se apega muito. Cuido deles como se fossem meus filhos e os considero como sendo minha segunda família”, disse Ceci, que trabalha na Casa do Cordeiro há mais de quatro anos.

A secretária de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife, Ana Rita Suassuna, prestigiou a abertura da Aconchego e falou do esforço da Prefeitura do Recife para melhorar a qualidade da rede de assistência social da cidade. “Tentamos contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas crianças e adolescentes. Cuidem dessa nova casa de vocês com carinho. Quero agradecer a toda a equipe pelo excelente trabalho e pela dedicação. Estamos trabalhando para ajudar essas crianças a ter uma vida digna, junto com os familiares aqui presentes”.

ACOLHIMENTO - Das 12 casas de acolhida administradas pela SDSJPDDH, cinco atendem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social, seja por estarem em situação de rua, sob medida de proteção ou por solicitação judicial em casos emergenciais. A PCR ainda conta com nove espaços de acolhimento conveniados (administradas através de convênio com entidades do terceiro setor).

Previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o acolhimento institucional configura-se como uma medida protetiva excepcional e provisória, que visa garantir direitos fundamentais de crianças e adolescentes em situação de abandono, ameaça ou violação de direitos. A prioridade do acolhimento é a reintegração familiar.

Durante o acolhimento fora do núcleo familiar de origem, tenta-se reduzir a ocorrência de risco, o agravamento dele ou a reincidência; busca-se restabelecer os vínculos familiares e comunitários ou, se não for possível, tenta-se colocar o adolescente em família substituta; busca-se favorecer a convivência comunitária; promover o acesso à rede socioassistencial, aos órgãos do sistema de garantia de direitos e às demais políticas públicas para garantir o desenvolvimento integral das adolescentes e de suas famílias; tenta-se garantir o acesso ao ensino, entre outros objetivos. O espaço da casa deve ter um ambiente acolhedor e ter aspecto semelhante ao de uma residência.