Recife é pé quente na estreia do Brasil no Sul-Americano Feminino de Vôlei
Início do campeonato teve protagonismo de arquibancadas emocionadas no Geraldão
O grande dia chegou e com direito ao que muito já se esperava: arquibancadas do Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães (Geraldão) abarrotadas de apaixonados e apaixonadas, além da vitória da seleção brasileira. O Sul-Americano Feminino de Vôlei começou. O Brasil entrou em quadra às 20h30, contra o Chile, logo após o confronto entre Argentina e Colômbia. Dentro das quatro linhas, o que de melhor há entre os atletas da categoria na América do Sul. Ao redor, uma massa de torcedores que estavam sentindo um sonho ser realizado e, dentro da quadra, a equipe brasileira não desapontou e deu um show, com uma vitória tranquila sobre as chilenas por 3 sets a 0 (25/13, 25/11 e 25/21).
Marcando presença na estreia do Brasil, o prefeito João Campos destacou a importância do evento para a cidade. "Depois de 22 anos, a seleção brasileira volta ao Recife e ao Geraldão. É muito importante a gente poder receber uma competição deste nível. A Prefeitura foi fundamental pra trazer o campeonato para o Brasil e para o Recife. Com isso, a gente traz a elite do vôlei para a nossa cidade, mostrando que o Geraldão é um palco de grandes espetáculos do esporte, não só do Recife e do Brasil, mas também do mundo. E todo ano teremos competição internacional na cidade", disse.
Já o Diretor executivo da Confederação Sul-Americana de Vôlei, Marcelo Wangler, exaltou a torcida recifense. "Estou realmente impressionado. O Geraldão ficou muito moderno. Só não estou surpreso com o público, porque em 2002 o estádio estava cheio. A população de Recife ama o voleibol. Este campeonato sul-americano, com certeza, vai entrar na história e será o primeiro de vários outros. E também é fundamental para divulgar o esporte dentro do país e, com isso, crescer o número de praticantes e amantes do voleibol".
Nas arquibancadas lotadas do Geraldão, torcedores apaixonados puderam realizar o sonho de ver de perto a seleção brasileira de vôlei feminino. "Achei magnífico aqui. Esse é um local fundamental nosso. Agora, de fato, ele está sendo o local que precisa ser, de eventos grandes", apontou Cleideana Bezerra, 63 anos. "A última vez que vim tem uns 20 anos, e o estado dele atual não tem nem comparação. É uma coisa aconchegante, convidativa. Dá vontade de estar cada vez mais aqui. Sou apaixonada por vôlei e nunca imaginei ver as seleções nesse lugar. Por isso comprei logo do feminino e masculino. Com certeza é um sonho sendo realizado. Vejo até reprise, imagine ao vivo."
Um evento deste porte, inevitavelmente, acaba movimentando outros estados aos redor. Caso da Sâmia Bida, 44 anos, que veio de Viçosa-AL, com esposo e quatro filhas, só para ver a seleção brasileira. "Vim de lá para cá só para ver o Brasil jogar. E outra, não conhecia o Geraldão e fiquei maravilhada. Espaço enorme, cabe muita gente. A gente assistia só pela TV e não imaginava que um dia teria essa oportunidade. Parece algo muito simples, mas é a realização de um sonho pra nós", confessou.
Quem também teve oportunidade de conferir todas as emoções de perto foram os alunos das escolinhas do Geraldão, gratuitamente. O benefício se estendeu ao Compaz e alunos da rede municipal de ensino. "Faço vôlei aqui semanalmente, no Geraldão. Quando minha professora colocou o comunicado no grupo, que a gente teria direito, eu nem acreditei", contou Rayane Vitória, 12 anos. "Fiquei muito feliz, consegui assistir treino. Sou fã da Thaísa e nunca imaginei ver ela de perto. É muita alegria", exclamou.
HISTÓRIA – Realizado desde 1951, o Sul-Americano Masculino de Vôlei só não teve o Brasil como campeão em uma das 34 edições. Em 1964, a Argentina levou o título. No Feminino, o Brasil também domina o número de troféus, com 22 dos 34 títulos. Em ambas as categorias, os dois primeiros colocados garantem vaga no Mundial subsequente.
A última participação da Seleção Brasileira de Vôlei no Recife foi em 2002, na Liga Mundial da categoria masculina. O Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães (Geraldão) recebeu partidas da equipe contra a Rússia, Espanha e Países Baixos. Naquela oportunidade, o Brasil perdeu o título, em Belo Horizonte, para a Rússia.
O Geraldão já tem realizado grandes eventos. Só em 2022, diversos passaram pelo equipamento. Houve a AmeriCup, torneio de basquete mais relevante das Américas. Foram cerca 135 mil torcedores, somando todos os 10 confrontos que envolveram 12 seleções. Teve o Legacy Fighting Alliance (LFA), selo que é a principal liga de desenvolvimento de atletas de MMA do planeta, e uma das mais importantes portas de acesso ao Ultimate Fighting Championship (UFC), maior organização de artes marciais do mundo. E, claro, também teve a Supercopa Masculina de Vôlei, que envolveu os últimos campeões da Superliga, o Sada Cruzeiro, o da Copa do Brasil e o Itambé Minas.