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Cultura | 20.09.11 - 17h11

Professores municipais iniciam capacitação no Projeto Uerê-Mello

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Método inovador aproxima o educador do aluno e estimula o aprendizado


Por Marcos da Silva


Como parte das comemorações dos 90 anos de nascimento do educador Paulo Freire, a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (Seel) levou para a sala de aula, professores e gestores da Rede Municipal de Ensino, que iniciaram na manhã desta segunda-feira (19), no auditório da Escola Municipal Diná de Oliveira, na Iputinga – onde foi instalado o Centro de Treinamento Uerê Mello (Centrum) - o curso de capacitação no Projeto Uerê-Mello. Durante três dias, a unidade escolar recepcionará professores, agentes de desenvolvimento infantil e gestores para participar do evento.


Criado pela doutora, mestra e professora Yvonne Bezerra de Mello, nos anos 70, na África, para reverter a falta de atenção e concentração na sala de aula por crianças que viviam em um país em guerra, o projeto Uerê-Mello melhorou a relação dos estudantes com os colegas e professores. No Rio de Janeiro, Yvonne Mello resolveu aplicar na escola Projeto Uerê, no Complexo da Maré, uma das favelas mais violentas daquele estado, o método que experimentou lá fora, obtendo 90% de aproveitamento. De olho nos ótimos resultados, o governo carioca a convidou para difundir seus métodos em 50 escolas públicas, resultando em melhorias para 30 mil crianças da Educação Básica.


De acordo com a secretária de Educação, Esporte e Lazer (Seel) do Recife, Ivone Caetano, “a formação tem como objetivo favorecer ao professor um momento de reflexão. Parar para repensar a prática do ensino. Está é a segunda grande capacitação deste ano.

Como diria Paulo Freire, o professor tem que estar constantemente aprendendo.

A formação está dentro do ano letivo escolar, que prevê 200 dias de aula, equivalente a 800 horas/aula (h/a), no mínimo. O aluno não perderá nada”, acentuou.


Aluna da  professora Severina Mendes, de 46 anos, leciona na Escola Municipal Margarida Siqueira Pessoa, na Bomba do Hemetério, tem 20 anos de sala de aula e ressalta: “Pesquisei e me interessei em vir enriquecer o meu currículo. Descobri que mesmo sem conhecer o método de Yvonne Mello, eu já utilizava algumas práticas do sistema. Antes, meus alunos apenas copiavam. Hoje, eles interagem comigo. Comecei a chegar junto deles, ouvi-los, conversar com eles e o comportamento melhorou. Também houve cobrança do aprendizado, apresentação e exposição de trabalhos, o que os deixa muito orgulhosos”.

Gestora da Escola Municipal João XXIII, na Iputinga, Analuza Vaz, de 50 anos, é educadora há 24 anos e meio e sempre enfrenta conflitos diários em seu local de trabalho, boa parte deles reflexo de conflitos familiares. Para Analuza, o diálogo com os estudantes, reuniões com os pais sobre a autoestima e a confiança na capacidade dos filhos aprenderem, afetividade e a necessidade de estabelecer limites são primordiais para melhorar o desempenho escolar. “Implantamos o Projeto Escola Segura há 15 dias. Com ele, vamos ampliar com o aluno direitos e deveres comuns”, enfatizou.

A mãe do Projeto Uerê-Mello, Yvonne Mello, veio ao Recife difundir seus métodos e ressalta que “é muito importante estimular a oralidade, a interação e a escrita. No Uerê, todos os conteúdos são dados em blocos de até 20 minutos. É comprovado que após este tempo, crianças e adolescentes perdem a concentração e começam a riscar o caderno e jogar bolinhas de papel uns nos outros. Minhas provas têm um tema”.

De acordo com Yvone, as avaliações exigem reflexão, raciocínio lógico, sem questionário e decoração. Até uma hora depois do café da manhã ou almoço, o professor deve explorar a oralidade no aluno. Além da avaliação pessoal da própria Yvone, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e a Provinha Brasil comprovam o resultado positivo de 90%. “Em Recife, onde a violência é menor, as crianças têm menos bloqueio do que no Rio de Janeiro”, finalizou a educadora.

Serviço:

Capacitação no Projeto Uerê-Mello
Auditório da Escola Municipal Diná de Oliveira
Rua São Mateus, S/N, Iputinga
De segunda (19) à quarta (21)
Das 8h às 12h e das 13h às 17h