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Mulher | 20.09.17 - 20h04

Projeto Hoje Menina, Amanhã Mulher reúne meninas em oficinas de empoderamento e cidadania

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Promovida pela Secretaria da Mulher do Recife, a ação é voltada para meninas de 12 a 18 anos com o objetivo de torná-las líderes em suas comunidades e multiplicadoras do feminismo. (Foto: Pedro França/Cortesia)

 

"O que é importante para uma menina ser feliz?" Essas e mais tantas outras perguntas foram respondidas por vinte garotas de 14 a 16 anos que estão participando das oficinas de empoderamento e cidadania que começaram hoje (20), no Compaz Eduardo Campos,  no Alto Santa Terezinha. A ação faz parte do programa Hoje Menina, Amanhã Mulher, cujo objetivo é transformar as participantes em líderes de suas comunidades e multiplicadoras do feminismo. Para isto, serão debatidos temas como raça, identidade de gênero, combate à violência doméstica, sexualidade e direitos reprodutivos. O evento é uma iniciativa da Secretaria da Mulher do Recife em parceria com o Unicef e o Centro das Mulheres do Cabo.

"Eu gostei do nome do projeto e por isso eu me inscrevi. Acho que vai ser uma oportunidade bem boa. Sou do time de futebol do meu colégio e sofri muito preconceito por causa disso. Os meninos acham que só eles podem jogar e que as meninas não podem", disse Radja Matias, de 15 anos, moradora do Alto do Pascoal e uma das integrantes da oficina. Ela e as outras garotas participarão de sete encontros, até o final de outubro, sobre identidade de gênero e raça; classe e desigualdade; direitos sexuais e reprodutivos; violência doméstica e sexista; respeito e diversidade; cidadania e participação social; liderança e trabalho em rede.

Além do Compaz Eduardo Campos, o projeto se expande para o Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro, e o Centro da Mulher Metropolitana Júlia Santiago, em Brasília Teimosa. Ao todo, serão 80 meninas beneficiadas pelo programa. Na segunda etapa da atividade, os três grupos se encontrão para que as participantes troquem experiências entre si e debatam propostas de políticas públicas. Segundo a gerente de geral de promoção da Cidadania para as Mulheres, Inamara Mélo, o intercâmbio entre as garotas será fundamental para a construção de novos pontos de vista e aprendizados. "A troca de experiências, os envolvimentos nos temas, as vivências vão amplificar os saberes das meninas na perspectiva do empoderamento. Além disso, iremos integrar as ações que são voltadas para esse público no Recife, pensar as políticas de gênero com este recorte geracional, envolver mais esse público na construção da cidade e entender o que elas querem como política pública", comentou.

Ainda segundo a gestora, as oficinas também servem como políticas de prevenção "Não podemos pensar apenas em políticas que combatam a violência doméstica, precisamos também fomentar a prevenção, o fortalecimento das meninas para evitarmos todos os tipos de violência. Além disso, precisamos abrir debates sobre sexualidade, gravidez na adolescência etc". Após os sete encontros, as participantes irão conhecer outros grupos organizados de mulheres como o Conselho da Mulher do Recife e participarão de plenárias e oficinas para debater o recorte de gênero no planejamento urbano da cidade.  

Coordenadora do Centro das Mulheres do Cabo, Nivete Azevedo, afirmou que serão trabalhadas nas oficinas a formação política das meninas, na perspectiva não só da promoção da autonomia, mas também na construção da identidade racial, de gênero, no direito à cidade. "Hoje, trabalhamos o que é que faz uma menina ser feliz. Iremos trabalhar isso como condição. Qual é a condição para ela ser feliz em uma sociedade machista?", frisou. Participaram também do primeiro encontro representantes da Unicef como Florance Bauer que apresentou o trabalho da organização com  jovens e conversou com as participantes sobre as oportunidades que se abrem quando passam pelo processo de empoderamento.

Nariely Maria, de 12 anos, moradora do bairro da Bomba do Hemetério, foi com a mãe ao Compaz no primeiro dia de evento. "Eu estava passando por aqui e me avisaram do curso. Eu gostei demais, aprendi algumas coisas e queria saber mais sobre isso", comentou. Sua mãe, Sandra dos Santos, acha fundamental que a filha aprenda seus direitos. " A gente não teve oportunidade de estudar isso na escola, não é? Então isso é bom para ela ocupar a mente, aprender mais, não sofrer racismo", disse.

Hoje Menina, Amanhã Mulher também será implantado nas cidades de Belém e Salvador. Além da Secretaria da Mulher do Recife, estão envolvidas a Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos; e a secretaria de Segurança Urbana.