Festival de Música Carnavalesca movimenta Parque Dona Lindu
A música pernambucana embalou a noite de sábado (19) no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Zona Sul da cidade. O complexo de cultura, esportes e lazer recebeu pela primeira vez o Festival de Música Carnavalesca do Recife. Realizado pela Prefeitura do Recife, o festival todos os anos incentiva e promove a criação de novas composições em ritmos tradicionais da cultura pernambucana. São premiadas músicas em cinco categorias: frevos de rua, frevos de bloco, frevo canção, caboclinho e maracatu.
Com o palco do Teatro Luiz Mendonça aberto para a esplanada do parque, foram apresentadas 15 das 30 composições semifinalistas que competem para compor a trilha sonora do Carnaval Multicultural do Recife 2012. As vencedoras serão lançadas em CD pela Prefeitura em parceria com a renomada gravadora carioca Biscoito Fino.
No Festival de Música Carnavalesca do Recife 2011/2012, as composições são apresentadas ao público e ao júri pelos próprios compositores ou por intérpretes convidados, juntamente com SpokFrevo Orquestra e experientes músicos. Cada composição ganha arranjo de maestros renomados como Duda, Clóvis Pereira, Edson Rodrigues, Marcos César, Ademir Araújo, entre outros.
O coordenador geral do festival, André Brasileiro, afirma que a iniciativa da Prefeitura do Recife vem se consolidando através das mudanças realizadas no formato do evento desde o ano passado. “O festival continua no processo de profissionalização. Os músicos, intérpretes, arranjadores e técnicos de alto nível envolvidos garantem a qualidade do concurso. Este ano, tivemos a possibilidade de fazer o festival ainda com uma maior antecedência, o que melhora a divulgação das músicas vencedoras”, destacou.
Cerca de 1.500 pessoas passaram pelo local e vibraram ao conhecer cada música. O festival continua neste domingo (20) no Parque Dona Lindu com apresentação de mais 15 composições e anúncio dos vencedores.
As professoras aposentadas Rose Pedrolli e Raquel Lara Queiroz, de Brasília (DF), aproveitaram o festival nas primeiras filas de cadeiras. Encantadas ao final das apresentações, afirmaram que o festival era uma oportunidade de conhecer melhor a cultura do Recife. “Para nós o festival foi uma ótima surpresa. Vimos uma matéria na TV e corremos para o Parque para acompanhar. É a primeira vez que venho ao Recife. Conhecia um pouco da música pernambucana. Neste festival, tive condições de conhecer melhor. E este teatro é uma coisa inédita para mim. Aqui o espetáculo é para o povo”, destacou Rose.
COMPETIÇÃO - No sábado (19), o festival foi iniciado mostrando que o frevo também pode ser da sanfona. Na categoria Frevo de Rua, o compositor e sanfoneiro Beto Hortis apresentou a música “Capibarizando”, uma homenagem ao mestre Capiba. Já o compositor Reginaldo Siqueira reverenciou outro ícone da música carnavalesca no frevo “Na Terra de Levino Ferreira”, apresentada com vários solistas da SpokFrevo Orquestra. Já o guitarrista e compositor Luciano Magno defendeu o frevo “Coração Folião”, com arranjo de Elias Oliveira.
A noite seguiu no baque do maracatu. A jovem Andrezza Formiga apresentou “Calunga Abençoada” de sua própria autoria, enaltecendo a cultura afro. Em seguida, Almir Avlys cantou “Uma Loa ao Mestre”, composição de Karoba Nunes, destacando momentos da trajetória do Mestre Salustiano. A cantora Adriana BB deu voz a “Rosa Negra”, maracatu de Beto do Bandolim e Marcelo Varella.
Na categoria Caboclinho, Edilza Aires interpretou “Brasil Caboclo”, de Luciano Magno e João Araújo. Já a forrozeira Nádia Maia mostrou sua versatilidade cantando o caboclinho “Kapinawá Sangue Doce”, defendendo a paz do povo indígena. Na sequência, Gustavo Travassos, devidamente vestido de caboclo de lança, cantou “Guerreiro de Lança”, composta por Flávio de Souza e Lourenço Gato.
A melodia dos frevos de bloco deu continuidade à noite, com o Coral do Bloco Eu Quero Mais entoando “Frevo Enredo Recife”, composição de Cláudio Mota que narra vários blocos e seus locais de desfile como o Galo da Madrugada do Bairro de São José, Os Irresponsáveis de Água Fria, o Cabeça de Touro da Caxangá. Já o Coral Edgar Moraes defendeu o romantismo da música de Getúlio Cavalcanti, “Quem sou eu pra te esquecer”, e o Coral do Bloco Cordas e Retalhos, “Louvaminheiro”, de Ronivaldo Gomes da Silva.
A noite terminou ao som do frevo canção. O compositor Herbert Lucena cantou criação própria, a bem-humorada “Índia Fatal”, contando a história de um folião que se apaixona por uma indígena sedutora. Don Tronxo também interpretou composição própria – “Folião Apaixonado”, e Nena Queiroga fechou o festival cantando “Recife Luz”, música de Rubem Valença Filho que exalta o talentoso compositor Carlos Fernando.
PREMIAÇÃO – Neste domingo (20), o público poderá conhecer os vencedores. Os primeiros, segundos e terceiros lugares de cada categoria receberão os prêmios de R$ 10 mil, R$ 7 mil e R$ 3 mil, respectivamente, além de troféu confeccionado pela artista plástica Ana Santiago. Também haverá premiação geral (somando todas as categorias) para o melhor arranjador (R$ 3 mil) e melhor intérprete (R$ 3 mil).