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Foi anunciada hoje pela manhã, no calçadão da Avenida Boa Viagem, a terceira etapa do Colorindo o Recife. O projeto, da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Turismo e Lazer, abraça agora a Salva Arte, ação do publicitário Wellington Ferraz, Cláudia Aires e Guga Marques, da Nuvem Produções, e vai imprimir arte urbana nos antigos postos de salva-vidas espalhados pela orla.

As delgadas estruturas de concreto, que pontuam o litoral recifense desde 1940, viraram superfície para as coloridas intervenções de artistas como Glauber Arbos, JotaZer0ff, Galo de Souza, Adelson Boris, Bozó Bacamarte e Nado Zevê, tendo o verão como tema.

"Vamos devolver ao usufruto da população estruturas que estavam esquecidas há alguns anos, apesar de sua beleza e de sua importância histórica. Aquela que é uma das mais características paisagens da cidade vai ficar mais bonita ainda com as cores desses grandes artistas", diz o secretário de Turismo e Lazer do Recife, Camilo Simões.

Para Wellington Ferraz, o valor arquitetônico daqueles estruturas que são um legado da Art Déco na cidade, será resgatado e potencializado pela arte. " A revitalização artística dos postos da orla de Boa Viagem irá transformá-los em ícones de uma cidade mais bela, inspiradora e cultural", avalia.

Os seis postos distribuídos ao longo da orla estão sendo grafitados desde ontem. O trabalho começou pelos postos localizados na altura do Hotel Internacional Palace e próximo à Padaria Boa Viagem, grafitados pelos artistas JotaZer0ff e Arbos, respectivamente.

"Fiquei animado quando me chamaram para o projeto, porque essas estruturas parecem perdidas na orla. Eu nem sabia da importância histórica que elas têm", conta o grafiteiro, que foi buscar inspiração no verde do Homem da Meia Noite e da flora brasileira para o trabalho. "Minha ideia foi trazer mais uma árvore para o calçadão de Boa Viagem, que é um bairro tão cosmopolita." Para Arbos, o maior mérito do projeto é resgatar os postos de salva-vidas do esquecimento. "Eu nunca nem tinha reparado nessas estruturas. Agora, além de valor histórico, elas passam a ter valor artístico."

Na segunda etapa, Bóris e Galo de Souza grafitam o posto em frente ao edifício Califórnia e o localizado no Pina. Depois, os postos em frente ao Parque Dona Lindu e à Pracinha de Boa Viagem serão grafitados por Bozó Bacamarte e Nando Zevê. O trabalho deve ser encerrado em quatro dias.

O trabalho não acabou, mas a população já está gostando. "Está bonito demais! Nunca entendi o que era esse negócio. Agora pelo menos enfeita", disse Ednaldo Conceição, 37 anos, "nascido e criado" em Passira e recém chegado ao Recife. "Adoro essa praia."

"Achei que a intervenção foi muito feliz. Numa cidade tão famosa pela cena cultural, a arte tem entrar em cena para que o passado não se apague, nem seja esquecido", aprovou o visitante Paulo Henrique de Souza, natural de Sertãozinho, em São Paulo.

Sobre os artistas

JotaZer0ff é desenhista, grafiteiro, interventor urbano e amante da arte. Assumiu o zero e o off como alcunha, para nunca esquecer de seu permanente compromisso de recomeçar, a cada superfície em branco.

Considerado um dos precursores do grafite na cidade, Galo de Souza começou cedo. Aos 16 anos fez seus primeiros desenhos, que hoje estão espalhados por todo o Brasil e pelo mundo.

Bozó Bacamarte, Daniel Ferreira da Silva na certidão de nascimento, descobriu cedo a xilogravura como linguagem para expressar seu conteúdo artístico, honrando as tradições iconográficas de sua gente e de sua geografia.

Da nova safra do grafite local, Glauber Arbos foi em busca de raízes mais profundas. Tem seu trabalho influenciado pelos grafismos indígenas e africanos, além de buscar referências na arte rupestre.

Artista e tatuador, Nando Zevê começou recentemente a explorar outras plataformas e linguagens, como o lambe-lambe e a arte urbana.

Adelson Boris é grafiteiro, ilustrador e educador na ONG Cores do Amanhã. Encontra na cultura negra seus temas e referências mais fundamentais.

Sobre o Colorindo o Recife

Projeto da Secretaria de Turismo e Lazer do Recife, que teve como embrião um painel grafitado por Galo às margens da Avenida Mário Melo, em 2013, o Colorindo o Recife já estampou 15 muros pela cidade, nos bairros do Ibura, Santo Amaro, Casa Amarela, Madalena, Cidade Universitária e Pina.

O projeto visa incentivar a arte urbana e o grafite como expressões artísticas e como políticas públicas, promovendo o embelezamento das superfícies urbanas a partir da criação de galerias de arte a céu aberto e fortalecendo, assim, o turismo cultural na cidade.