Joelson Gomes inaugura novo trabalho na Galeria Janete Costa
A Galeria apresenta Demasiadamente Simples, a primeira exposição deste ano. (Foto: Paulo Melo Jr./Divulgação)[/caption]
A Galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, inaugura nesta quinta-feira (23), a primeira exposição de 2014, Demasiadamente Simples, do artista Joelson Gomes. A mostra, que tem um olhar sobre o filme Dogville, levou à construção de uma obra cenográfica inspirada no deslocamento da casa-ateliê de Joelson, do Poço da Panela para o espaço da Galeria Janete Costa. Na abertura, marcada para às 19h, Daniel Santiago, artista convidado, realizará um happening, e Joelson Gomes apresentará uma performance, dirigida por Gentil Porto.
Em sua casa-ateliê, Joelson cria e produz, para si e para a existência de sua família. O artista inventa a si e inventa um mundo para habitá-lo e não para que ele o habite. Um dos motivos que resultou na criação dessa obra, através do deslocamento do seu lar foi a vontade em negar o próprio espaço arquitetônico da Galeria, projeto de Oscar Niemeyer. Segundo o artista, não é fácil expor na Janete Costa, assim, uma maneira de não assumi-lo seria sua negação, para ao mesmo tempo impor-lhe outro sentido: ficcional, inventado, onde outras histórias e práticas poderiam se desencadear.
Tudo construído de maneira extremamente simbólica, entre a ficção e o real. Objetos que fazem parte da vida cotidiana da família do artista foram levados para compor essa cena que é, e ao mesmo tempo não é mais, a casa simples do Poço da Panela. Outra referência importante na instalação: todos os objetos estarão recobertos, escondidos por uma camada de papel de seda verde, produzindo um aparente apagar das formas, dos volumes, dos detalhes e das cores de cada um dos elementos envolvidos, provocando uma desnaturalização do olhar. Como se o artista desejasse inutilizar a exibição dos mesmos. Depois, de maneira bastante nonsense, o visitante se depara nesse ambiente ficcional com uma escada – feita em madeira de forma tosca – que não dá acesso a nenhum lugar, propondo um convite para um salto, um pulo no vazio.
Demasiadamente Simples, em certa medida, traduz uma potência de vontade por parte do artista em colocar uma pausa no ritmo avassalador no qual estamos todos imersos. Lança críticas ao estado atual de loucura pela produtividade, de exacerbação das relações de concorrência e busca pelo sucesso a qualquer preço. Também, e nesse sentido, questiona o sistema capitalista no formato neoliberal que ativa e transforma tudo e todos em mercadorias descartáveis. O artista aposta no experimentalismo com os materiais, nos processos que ativam o deslocamento, seja do corpo ou do pensamento, e na performance, como maneira de recriar mundos. Fotografias de Paulo Melo Jr. também serão projetadas na Galeria.
Joelson provoca inquietações ao sugerir, no próprio título da exposição, uma busca por uma demasia da simplicidade, sem, contudo, evitar a complexidade da vida contemporânea e os estilhaçamentos e fragmentação da produção da arte contemporânea. A inspiração do título não deseja esconder sua origem. Os leitores do filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche, certamente reconhecerão a apropriação de parte do título: Humano, Demasiadamente Humano, livro que faz uma genealogia do pensamento moderno. Obra na qual o escritor analisa os plurais aspectos do pensamento de sua época e procura estabelecer uma ligação entre o passado bárbaro da humanidade e o estado em que se encontra o pensamento filosófico, científico e religioso do século XIX.
Nada que faz ou sugere como projeto estético ocorre de maneira externa à sua experiência. O que parece acontecer é um movimento de entrelaçamento muito grande: a invenção de um mundo, gestos e palavras que deem sentido ao seu projeto de vida. Todas as suas invenções servem para que Joelson se aproprie delas no uso cotidiano, para sua existência, e isso basta. Só há sentido assim. A relação entre função e não funcionalidade dos objetos, nesse caso, não é contraditória, apenas apresenta em sua expressão a dimensão ambígua, híbrida e paradoxal que dá existência ao mundo e às relações humanas, ou seja, a história.
Serviço:
Demasiadamente Simples, de Joelson Gomes
Coquetel de Abertura – Quinta-feira, 23 de janeiro, às 19h
Local: Galeria Janete Costa – Parque Dona Lindu – Recife/PE
Aberta ao público: 24 de janeiro a 28 de fevereiro de 2014
Terças feiras, exclusivo para grupos agendados
Quarta a sexta, das 12 às 20h
Sábados e Domingos das 14h às 20h
Informações: 3355-9831 e 3355-9832 ou educativojanetecosta@gmail.com