Obras do Teatro do Parque são vistoriadas
Nesta sexta-feira (21) foi realizada mais uma vistoria técnica às obras de reforma e restauro do Teatro do Parque, no bairro da Boa Vista, no Recife. Participaram da atividade o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha, o secretário executivo de Gestão Cultural, Williams Santana, e a arquiteta da Secretaria de Projetos Especiais, Simone Osias. A visita foi aberta à imprensa.
Atualmente os serviços em execução no teatro correspondem à parte do restauro, visto ser o imóvel uma edificação histórica, o que possibilitará resgatar as feições originais do equipamento. Este primeiro grupo de serviços em execução está orçado em R$ 8,2 milhões e é coordenado pelo Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, com o acompanhamento da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife.
Esta etapa é uma das mais delicadas da obra, pois cabe a ela a garantia de que os achados históricos que estão sendo encontrados serão preservados. A partir do levantamento que já foi realizado nos diversos ambientes do Teatro do Parque foi montado um projeto de restauro que foi encaminhado para a aprovação do Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural – DPPC. Segundo o presidente da FCCR, Diego Rocha, isso já estava previsto quando foi definido o prazo de execução da obra. “Nós já sabíamos que quando iniciasse o restauro haveria a necessidade de mudar o ritmo da obra, porque alguns serviços dependem da finalização dessa etapa para serem realizados. Portanto, nosso cronograma está mantido para novembro de 2016”, explicou.
A arquiteta Simone Osias explica que na primeira etapa dos serviços foram priorizadas ações que garantissem o estancamento da degradação do teatro. “Nós tínhamos problemas sérios com água, seja no subsolo do teatro, seja nas cobertas. As infiltrações estavam por toda parte e colocavam em risco toda a infra-estrutura do equipamento. Por isso, nossa primeira ação foi sanar esses pontos críticos, para poder iniciar o restauro”, afirmou.
Restauração - Para estabelecer as diretrizes que nortearão uma intervenção de restauro faz-se necessário empreender estudo para o reconhecimento dos atributos que imprimem valores históricos e estéticos a um determinado Bem Cultural. No caso do restauro do Teatro do Parque, grande parte das informações está sendo coletada através de minuciosa e trabalhosa pesquisa em jornais locais da época da inauguração (1915) e das décadas seguintes, ao longo da primeira metade do século XX, em arquivos públicos e acervos privados de alguns historiadores locais. Nessa pesquisa têm surgido algumas informações novas sobre outras pinturas e efeitos decorativos que requerem aprofundamento nas pesquisas documentais, mas, sobretudo em escariações, prospecções pictóricas e estratigráficas in loco e outras técnicas mais invasivas.
Do jornal A Província, que também circulava no Recife à época, extraiu-se o artigo publicado a 24 de Agosto de 1915, dia da inauguração. Neste foi encontrada uma descrição detalhada sobre a configuração original do Teatro do Parque, seus aspectos construtivos e a apresentação estética dos ambientes primitivos, inclusive com importantes informações sobre elementos da ornamentação e mobiliário que foram perdidos ao longo dos anos. Pela importância e enriquecimento que este artigo forneceu a pesquisa, esclarecendo pontos ainda hoje obscuros para os que se dedicaram ao estudo da historia do Teatro do Parque, optou-se por desacelerar as obras já contratadas e aprofundar as pesquisas in loco a fim de garantir o resgate histórico e a magnitude e importância do Cine Teatro do Parque.
Para iniciar essa etapa, foi estancado, primeiramente, o processo de degradação que atingia o edifício, sobretudo nos últimos cinco anos, corrigindo todas as causas, como infiltrações e percolações de águas pluviais através da substituição integral da coberta e todos os seus elementos e ainda executando serviços como substituição das instalações elétricas e hidrossanitárias, de combate a incêndio e refazendo o sistema de drenagem, o que trará mais segurança ao edifício. Tão logo sejam concluídas essas pesquisas, as obras serão retomadas em seu ritmo normal.
A obra – Dela constam obras estruturais como troca de toda a tubulação de drenagem, recuperação do telhado, da parte elétrica e hidráulica, e dos adornos, revestimento das paredes, entre outros. Segundo o presidente da FCCR, Diego Rocha, além de ter sua história resgatada, o Teatro do Parque vai ser entregue totalmente modernizado: “A população do Recife vai receber um Teatro do Parque moderno, mas com suas características originais resgatadas, com novos equipamentos cênicos e de projeção (para o cinema), de climatização, e acessível aos diversos públicos com as adaptações às Leis de Acessibilidade hoje em vigência”, destaca.
Foi a partir das primeiras intervenções iniciadas em janeiro deste ano, e de pesquisas realizadas por uma especialista em restauro, que se obteve a definição da linha de ação que será utilizada no teatro, tendo como base a reforma ocorrida em 1929, que edificou o atual hall social do espaço.
Da etapa inicial dos trabalhos já foi concluída toda a parte de demolição, a fundação e estrutura da ampliação do Prédio Administrativo e a impermeabilização da laje dos banheiros da área do café. Cerca de 90% das instalações hidráulicas e elétricas já foram recuperadas, e a drenagem está praticamente finalizada. O revestimento dos camarins, bem como a substituição do piso do palco, estão em fase inicial. A proposta de recuperação do edifício vai solucionar transtornos crônicos do Teatro do Parque causados, principalmente, pelas infiltrações que surgiam devido a deficiências no sistema de cobertura e de drenagem. Os serviços de restauro e reforma do Teatro do Parque tem prazo de dois anos para serem concluídos.
Modernização - A reforma do Teatro do Parque, inaugurado em 1915 e reconhecido como Imóvel Especial de Preservação (IEP) em 2012, também prevê a restauração de adornos, bens móveis e pinturas decorativas, novo tratamento acústico, modernização do sistema de áudio e vídeo para o cinema, aquisição de vestimenta cênica, nova climatização, implantação de novo projeto paisagístico e de modernos sistemas de segurança. A ordem de serviço inclui ainda instalação de rede de telefonia e internet, sistema de combate a incêndio e acessibilidade.
A obra está sendo executada pela Concrepoxi Engenharia LTDA. Para garantir a escolha de soluções eficientes e adequadas as especificidades do equipamento, o processo licitatório realizado pela Prefeitura do Recife contou com o estudo prévio do Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada (CECI), que gerou o plano de gestão da Conservação do Teatro do Parque.