Inquérito permite ter quadro real do índice de arboviroses no Recife
Em menos de um ano, será possível ter um quadro real da incidência das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti - zika, chikungunya e dengue - no Recife, com base em estudo de campo realizado pela Fiocruz Pernambuco, iniciado nesta terça-feira (21), com o apoio da Prefeitura do Recife e outros órgãos. O Inquérito de Arboviroses do Recife irá identificar os números de casos (novos e antigos), a partir de coletas de mais de três mil amostras de sangue em 1,5 mil residências. Pessoas de pessoas de 5 a 65 anos, com diferentes níveis socioeconômicos, em 43 bairros da cidade – escolhidos por sorteio -, fazem parte do público alvo.
A finalidade é tentar esclarecer se fatores ambientais podem ter interagido com o vírus zika e ter aumentado os casos de Síndrome Congênita. Todo o material coletado será encaminhado ao Departamento de Virologia e Terapia Experimental da Fiocruz PE, onde serão feitas as análises. O custo da pesquisa está estimado em R$ 3 milhões.
O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, avalia que o resultado do estudo é fundamental para a implantação de estratégias de controle das arboviroses. “É um importante parâmetro para identificar que áreas estão vulneráveis a riscos de epidemia”, salientou Correia, que participou da coletiva de imprensa para anunciar o início, a proposta e a metodologia da pesquisa. As pessoas que tiverem resultado positivo para uma das três doenças serão encaminhadas para a rede municipal de saúde.
As visitas aos domicílios ocorrerão das 17h às 21h, de segunda a quinta-feira e de 9h às 12h, nos sábados, horários em que a maioria dos membros das famílias estão em casa. No endereço eletrônico www.cpqam.fiocruz.br, no marcador Inquérito, tem as fotos dos pesquisadores de campo para conferência dos moradores das residências pesquisadas. Todos os participantes receberão os resultados dos testes e orientações sobre eles. Aqueles que estiverem sintomáticos serão encaminhados para atendimento na rede municipal de saúde.
“Com esse estudo será possível conhecer a dimensão das epidemias de zika e chikungunya e avaliar a situação atual da dengue, no Recife. Zika e chikungunya são confundidas com dengue por terem sintomas semelhantes e há muitos casos assintomáticos, o que leva a subnotificação”, explica a coordenadora do inquérito, a pesquisadora Cynthia Braga.
De acordo com ela, a pesquisa ajudará a identificar a população mais vulnerável a zika (homem, mulher, criança, pessoa em menor condição socioeconômica etc) e a identificar a quantidade de mulheres em idade fértil que ainda não tem imunidade contra essa arbovirose. “Serão conhecidos, ainda, os fatores de risco associados a essas doenças e as áreas mais afetadas. De posse desses dados, os governantes, não só do Recife, mas de outros estados, podem se planejar ações para evitar epidemias futuras”, completou a coordenadora.