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Cultura | 22.04.14 - 15h02

25 artistas brasileiros em exposição no Mamam

[caption id="attachment_45373" align="alignleft" width="680"] A mostra traz obras de 25 artistas visuais brasileiros em torno do poema “O Cão sem Plumas”, do pernambucano João Cabral de Melo Neto. (Foto: Cortesia)[/caption]

A partir desta quarta-feira (23), o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam recebe a exposição “Cães sem Plumas”, uma realização conjunta do museu com a Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj. A mostra, que conta com curadoria de Moacir dos Anjos, traz obras de 25 artistas visuais brasileiros de em torno de um mesmo tema: o poema “O Cão sem Plumas”, do pernambucano João Cabral de Melo Neto. A inauguração será a partir das 19h, com entrada aberta ao público.

No poema “O Cão sem Plumas”, de 1950, João Cabral faz uma descrição do Recife e seus habitantes tomando o Rio Capibaribe como guia. O Capibaribe e esses moradores da cidade seriam ambos “cães sem plumas”, expressão que denomina situações destituição absoluta. Um “cão sem plumas”, diz o poeta, “é quando uma árvore sem voz. / É quando de um pássaro / suas raízes no ar. / É quando a alguma coisa / roem tão fundo / até o que não tem”.

Nomes de gerações diversas como Eduardo Coutinho, Gil Vicente, Paulo Bruscky e Claudia Andujar integram a exposição, que retrata “cães sem plumas” Brasil afora. Pessoas em situações precárias, que sofrem com abandono, preconceito, vício, pobreza e tantas outras mazelas humanas que comprometem a própria percepção de humanidade. De diferentes formas e linguagens, as obras refletem em torno do tema, ampliando seu significado a partir de fotografias, vídeos, ilustrações e gravuras.

Complementando a discussão, será realizado um ciclo de debates na Fundação Joaquim Nabuco, também com entrada livre para o público. Nos dias 24 de abril e 5 e 7 de maio, sempre às 19h, artistas, sociólogos e pesquisadores se reúnem para discorrer os temas “Falar de quem não tem fala”, “A pobreza de quem não interessa” e “O invisível representado”, inspirados no poema de João Cabral.

AQUÁRIO – Junto com “Cães sem Plumas”, o Mamam estreia instalação no espaço Aquario Oiticica, que sempre traz participações de artistas convidados. O nome é derivado do fato de se tratar de uma sala com paredes de vidro e de um local no museu que se chamava Espaço Experimental Helio Oiticica. Paulo Bruscky foi o responsável pela inauguração do Aquário Oiticica com uma exposição do seu acervo pessoal de Helio Oiticica. Dessa vez, o espaço recebe uma intervenção da artista Flora Assumpcao, intitulada “Rabo de Lagarto”, que consiste em um desenho que toma a arquitetura do Aquário como uma planta que se apodera de uma construção vencendo o concreto.


Serviço

Inauguração da exposição “Cães sem plumas”
Local: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam) Rua da Aurora, 265, Boa Vista - Recife
Data: 23 de abril
Horário: 19h
Funcionamento nos demais dias: De terça a sexta de 12h às 18h; sábados e domingos, de 13h às 17h.
Entrada gratuita
Informações: (81) 3355-6870/ 3355-6871/ 3355-6872

Debates em torno dos “cães sem plumas”
Local: Fundação Joaquim Nabuco (Sala Aloísio Magalhães)
Rua Henrique Dias, 609 – Derby |Recife PE

24 de abril (quinta-feira) | 19h
“Falar de quem não tem fala”
Por quê e como falar do outro que não possui nada; a quem por vezes falta até mesmo a capacidade de enunciar sua condição de destituído.
José Rufino (artista)
Luiz Ruffato (escritor)
Moacir dos Anjos (curador e pesquisador da Fundaj)

5 de maio (segunda-feira) | 19h
“A pobreza que não interessa”
A miséria do olhar em relação às populações mais precarizadas do Brasil; a opacidade social dos que não vivem como “cidadãos” em seu país.
Fabiana Moraes (socióloga e jornalista do Jornal do Commércio)
Jessé de Souza (sociólogo e professor da UFJF)
Maria Eduarda Rocha (socióloga e professora da UFPE)

7 de maio (quarta-feira) | 19h
“O invisível representado”
A representação do que não é comumente visto; a construção de um lugar de visibilidade em um tecido social que apaga e exclui.
Luiz Camillo Osório (professor de estética e curador do Mam RJ)
Márcio Selligman-Silva (crítico literário e professor da Unicamp)
Virgínia de Medeiros (artista)