Alunos festejam o São João e a cultura pernambucana no Teatro Apolo
Apresentações de teatro de mamulengos, quadrilha, dança de Lampião e seus cangaceiros e contos populares criados pelos alunos a partir das histórias do Mestre Vitalino e da comadre Fulozinha marcaram a tarde desta quarta-feira (22), no Teatro Apolo, Bairro do Recife, onde os alunos da rede municipal de ensino do Recife festejaram o São João e a cultura pernambucana. “Pernambuco: nossa origem, nossa cultura!” foi o tema da quinta edição do Projeto Estudante Protagonista do Mês - iniciativa atrelada ao tema do ano letivo, que está relacionado ao protagonismo estudantil, e já levou às unidades de ensino discussões sobre combate ao mosquito Aedes aegypti, bullying e preservação do meio ambiente, entre outros temas.
Depois de um mês de pesquisas sobre a cultura junina e outras manifestações da cultura regional em sala de aula, mais de 250 estudantes de 12 unidades de ensino municipais participaram de apresentações de música, dança e teatro. Os alunos do 2º ano da Escola Municipal Professor José Soares fizeram uma apresentação de teatro de mamulengos. "Estudamos a história do teatro de mamulengo, fizemos trabalhos sobre diálogos, para que eles pudessem falar pelos bonecos, trabalhamos musicalidade e artesanato do Mestre Vitalino. Fizemos uma oficina de cerâmica e ainda ensinamos os meninos a confeccionarem os bonecos com papel machê, gesso e cola", conta o professor Josinaldo Bernardo.
Já uma turma do 5º ano da Escola Municipal Asa Branca apresentou um conto popular criado pelos alunos a partir das histórias do Mestre Vitalino. Eles passaram o mês todo pesquisando a biografia do artesão e trabalhando os tipos de conto. "A mãe do Mestre Vitalino fazia louça e, com o resto da argila que ela usava, Vitalino fazia brinquedos pra ele, quando ainda tinha 7 anos. Foi daí que ele começou a tomar gosto por fazer artesanato", contou Maria Eduarda Simplício, que junto com Clarice Vitória Ferreira, Rhayanna Helen e Lucas Galdino, 10 anos, ainda fizeram bonecos de argila, reproduzindo as obras do Mestre Vitalino. "Foi a primeira vez que trabalhamos com argila. Achamos difícil, mas conseguimos. Aprendemos e nos divertimos muito", disse Clarice.
A Escola Municipal Jardim Mauricéia fez uma apresentação de capoeira e maculelê a partir de estudos em sala de aula sobre a influência africana na cultura pernambucana. "Pesquisamos muito sobre a cultura africana, a escravidão e a história da capoeira e de danças como o maculelê. O que achei mais interessante foi a história dos quilombos. Os escravos sofriam muito e fugiam pros quilombos em busca de liberdade", afirmou Júnior Sebastião do Monte, 14, aluno do 4º ano que deu show na apresentação de capoeira.
Já os estudantes do Projovem Urbano Recife, que cursam o Ensino Fundamental junto com cursos profissionalizantes, dançaram e cantaram a música Olhos Coloridos, de Sandra de Sá, como manifestação contra o preconceito. "Lutamos pela diversidade, pelo respeito e pela igualdade. Viemos para quebrar o preconceito contra os negros. Todos nós, brancos ou negros, temos o mesmo sangue vermelho", disse Milena Carla de Almeida, 23, aluna da Escola Municipal Alto do Maracanã.
Para a técnica pedagógica Isolda Fontes, as apresentações foram apenas a culminância dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula. "Aqui vimos os mamulengos confeccionados pelos alunos, a desenvoltua dos estudantes lendo no palco, o trabalho de expressão corporal através das apresentações de danças; tudo isso é resultado do aprendizado dos estudantes, das pesquisas que os alunos fizeram com os professores. É muito gratificante ver os estudantes se apresentando aqui no Apolo. Alguns deles nunca tinham entrado num teatro", avaliou a professora.