São João do Sítio Trindade celebra cultura afro
O São João do Recife mostrou toda a sua diversidade na noite de ontem. Tradições culturais de diferentes matrizes históricas coloriram o maior arraial da capital pernambucana. Além do segundo dia da etapa final do 33º Concurso de Quadrilhas Juninas do Recife, o Sítio recebeu a programação da 11ª edição da Exposição de Culinária Afro-Brasileira. Pela primeira vez no Sítio Trindade, a mostra ofereceu aos visitantes um verdadeiro banquete cultural, que misturou iguarias santas aos pratos juninos.
Mãe Elza, organizadora da mostra, abriu a noite com um discurso de agradecimento ao prefeito Geraldo Julio e a secretária de cultura, Leda Alves, pelo apoio dado em mais um ano à festa, "Manter viva essa tradição é muito importante, porque é assim que se combate o preconceito às tradições afro", ressaltou.
A tradicional cerimônia de oferenda a Xangô, deus iorubano do trovão, começou com música. Enquanto os cânticos eram entoados e embalados pelos batuques dos afoxés, o público teve a oportunidade de provar da farta e caprichada gastronomia de terreiro. Ao todo, dez barracas serviram mais de 30 opções de comidas, entre doces e salgados, totalizando mais de sete mil refeições servidas. Numa delas, foram oferecidas, pela primeira vez na mostra, iguarias trazidas de Angola.
Entre uma degustação e outra, o professor Cláudio Martins contou que há quatro anos comparece à exposição. “Não deixo de vir. Me sinto renovado e a comida é muito saborosa", disse.
QUADRILHAS - Pertinho dali, o palhoção das quadrilhas era só emoção. Na noite de ontem, mais quatro finalistas se apresentaram. A Quadrilha Junina Traque abriu a penúltima noite da competição com uma grande celebração à cultura nordestina. Depois dela, a Origem Nordestina, campeã do concurso no ano passado, animou o palhoção com o tema Nordestinos – Reisfugiados no Eldorado.
Na penúltima apresentação da noite, a Quadrilha Fogo Caipira Areial celebrou a obra de Jorge Amado, colocando Gabriela para passear pela tradição quadrilheira.
E a noite encerrou com a colorida e fofa apresentação da Junina Maracatu, que trouxe para o Nordeste os personagens do filme O Mágico de Oz. Um cachorrinho interpretado por uma criança, que parecia de pelúcia e ganhou vida subitamente no início da apresentação e, dali em diante, circulou serelepe por todas as coreografias, roubou a cena, arrancando suspiros apaixonados da plateia.
“Achei lindo esse concurso. Cheguei a chorar de emoção. É uma linda celebração da cultura nordestina, que sempre será a minha cultura”, disse Lucinha Araújo, recifense que mora em Minas Gerais há 20 anos e não se aguenta mais de saudade de casa. “Essa festa está impecável. Segura, tranquila, organizada. Virei todos os dias”, prometeu Lucinha aos santos juninos.
Matuto de primeira viagem, o paulista Rodrigo Leonardo, 33 anos, estava encantando com a festa nordestina. “Estou adorando. Muito legal. Nunca vi quadrilha, nada nem parecido. É uma festa única.”
Mostrando que o ciclo junino é para todas as idades, Dona Firmina, 84 anos, foi conferir os desfiles com os netos e bisnetos. "Fico encantada com toda essa dança, essas cores. E ainda aproveito para provar uma comidinha boa de São João.”
O concurso acaba na noite de hoje, com as apresentações das quadrilhas Raio de Sol, Dona Matuta, Junina Lumiar e Junina Evolução. O resultado será divulgado hoje mesmo. As cinco vencedoras receberão, respectivamente: R$ 13 mil, R$ 9 mil, R$ 7 mil, R$ 6 mil e R$ 5 mil.
Apresentações do último dia do 33º Cocurso de Quadrilhas Juninas do Recife
Raio de Sol - 20h
Dona Matuta - 20h40
Junina Lumiar - 21h20
Junina Evolução - 22h
Anúncio do resultado – Após as apresentações