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| 22.08.13 - 14h52

Vida e obra de João Cabral de Melo Neto em debate

[caption id="attachment_37571" align="alignleft" width="680"] O jornalista José Castello falou sobre o desafio de escrever a biografia do poeta. (Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR)[/caption]


De quatro nomes de peso se fez o quinto dia do Festival Recifense de Literatura, no Museu Murillo La Greca. Por volta das 16h desta quarta-feira (21), no debate "Making of de O homem sem alma", o jornalista José Castello falou sobre a sua experiência pessoal com o homenageado do A Letra e A Voz desse ano, João Cabral de Melo Neto.

A ideia de escrever um livro sobre o poeta pernambucano surgiu a partir do momento em que Castello entrevistou João Cabral e, a conversa rendeu tanto que a esposa dele, Marly de Oliveira, o convidou para frequentar a casa da família para que os dois pudessem interagir mais vezes, pois João Cabral era muito sozinho. Castello aceitou, com a condição de que pudesse levar um gravador para registrar tudo. Os assuntos eram os mais variados, e para José Castello, a obra final se aproxima mais de um retrato do que de uma biografia.

Durante o debate, que contou com mediação de Lucila Nogueira, Castello contou histórias e curiosidades sobre a vida de João Cabral, além de responder perguntas do público. “Ninguém é uma coisa só, e ele também não poderia ser”, disse o escritor, que sempre foi fã do trabalho do pernambucano e acabou construindo uma relação de amizade durante as conversas. O biógrafo revelou que preferiu não se aprofundar nos problemas pessoais de João Cabral, no livro, e focar na sua carreira e na visão que ele tinha do mundo.

Também jornalista e escritor, Ruy Castro, que participou do bate-papo sobre A crônica do futebol no Brasil no século XX, começou sua conversas no Festival lembrando um inusitado encontro entre Chacrinha e João Cabral, velhos conhecidos de outras épocas. Biógrafo de Nelson Rodrigues e Garrincha, Ruy explicou que a sua paixão pela crônica futebolística começou ainda pequeno. “Eu tive a sorte de nascer em uma época em que o futebol era uma coisa importante. A gente ganhava bola de futebol no natal... Em 1955, nessa época eu já gostava muito de ler, tinha sete anos, e começou a sair uma revista muito bonita, a cores, com matérias sobre os jogos da semana, Manchete Esportiva. E havia um colunista, que eu conhecia de nome, que toda semana tinha uma crônica de futebol. Era o Nelson Rodrigues”, contextualizou.

Castro descreveu suas impressões sobre a crônica do “anjo pornográfico”: “Era uma coisa espantosa porque ele escrevia sobre os jogos daquela semana, e apesar de eu saber todos os resultados, a leitura daquele texto era reveladora. Ele usava o futebol para falar de emoções, de psicologia. O futebol pro Nelson, na verdade, era o teatro nas quatro linhas de campo, e o que interessava nele eram os personagens, os atletas”, disse.

No encerramento do dia a plateia assumiu ares mais jovens. Os gêmeos quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá conversaram com designers, estudantes, ilustradores e fãs de quadrinhos sobre o mercado nacional e internacional para o gênero, o processo criativo, o trabalho conjunto, as preferências literárias e o relacionamento com os leitores.