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Direitos Humanos | 22.09.17 - 17h50

Coordenadores pedagógicos participam de formação sobre genocídio da juventude negra

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O objetivo da Prefeitura do Recife é articular e desenvolver ações integradas de prevenção e enfrentamento ao aumento da violência contra jovens negros na capital pernambucana. (Foto: Luciano Ferreira/PCR)

 

Cerca de 100 coordenadores pedagógicos da rede municipal de ensino do Recife participaram, nesta sexta-feira (22), na Escola de Formação de Educadores Paulo Freire, na Madalena, de uma formação sobre o genocídio da juventude negra promovida por um grupo de trabalho formado por dez secretarias da Prefeitura do Recife para elaborar o Plano de Promoção dos Direitos Humanos e do Enfrentamento ao Genocídio da Juventude Negra do Recife, com o objetivo de alertar e conscientizar os educadores sobre a importância de se desenvolver ações integradas para reduzir as vulnerabilidades sociais dos jovens negros em decorrência do racismo, colaborando para a redução dos índices de violência.

Esta é a sexta formação promovida pelo Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Genocídio da Juventude Negra, que já promoveu palestras para mais de 200 profissionais das áreas de educação, saúde e assistência social da Prefeitura do Recife; tudo alinhado com o Programa de Combate ao Racismo Institucional da Prefeitura. As ações do GT são coordenadas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos.

Responsável pela condução dos trabalhos, o educador popular Rigoberto Arantes apresentou dados que comprovam que os adolescentes e jovens negros são as principais vítimas da violência no Brasil. Segundo ele, o número de jovens mortos por armas de fogo no País subiu de seis mil em 1980 para 42 mil em 2014, sendo que 77% das vítimas eram negros e pardos. “Achei ótima a oportunidade de levar essa temática para dentro das escolas. Esses profissionais têm tudo para contribuir com a desmistificação de que o assassinato de negros no Brasil é problema social, e não de racismo”, observou.

A gestora de Diálogos Intersetoriais da Secretaria Executiva de Juventude do Recife, Jaqueline Quirino Oliveira, também comemorou a participação dos coordenadores na formação sobre o genocídio da juventude negra. “Esse encontro foi muito importante, pois esses profissionais estão na ponta, em contato direto com os estudantes da rede municipal, que é formada por muitas crianças e jovens negros em situação de vulnerabilidade social”, observou.

Para a coordenadora pedagógica Maria das Graças Lins Manzi, que atua na Creche Municipal Ame as Crianças, da Bomba do Hemetério, a formação foi muito positiva. “Mesmo em uma creche, é importante manter um olhar atento no combate ao racismo. Quando ensinei numa escola privada, uma estudante negra reclamou que, na brincadeira de formar uma família, as coleguinhas sempre a colocavam como a empregada doméstica. Chamei todas elas e orientei que a aluna também tinha direito de autuar como a mãe da família”, contou a docente.

DADOS - De acordo com dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), de junho de 2016 a junho deste ano, foram mortos 522 jovens (15 a 29 anos) na cidade. Desse total, 514 são negros e pardos (98%). Segundo denúncias recebidas pelo Ministério Público de Pernambuco, desde o ano passado, mais de 30 jovens, entre 15 e 29 anos, foram assassinados na Região Político-Administrativa 4 (RPA 4), em especial no trecho compreendido entre as comunidades Novo Detran, na Iputinga, e Vila Santa Luzia e Abençoada por Deus, no bairro da Torre. Por causa disso, a expectativa é implementar nessas três áreas, de forma piloto, o Plano de Promoção dos Direitos Humanos e do Enfrentamento ao Genocídio da Juventude Negra do Recife.

A palavra genocídio significa destruição total ou parcial de um grupo étnico, de uma raça ou religião através de métodos cruéis ou eliminação de povos com utilização de, entre outras coisas, condições subumanas de vida. O Grupo de Trabalho da Prefeitura do Recife escolheu usar esse termo ao invés de extermínio como forma de reconhecimento da influência do fator racial nos casos de violência contra os jovens negros.