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Cultura | 22.10.12 - 13h46

Antigos centros de tortura da Ditadura Militar no Recife são visitados por Comitiva de Direitos Humanos

[caption id="attachment_27455" align="alignleft" width="334"] Visita aos locais que marcaram o período da Ditadura Militar no Recife. Foto: Irandi Souza[/caption]

Representantes dos vários segmentos da luta pelos direitos humanos realizaram na manhã desta segunda-feira (22) uma visita aos locais que marcaram o período da Ditadura Militar no Recife, guiados pela secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife (SDHSC), Amparo Araújo. Além de dar visibilidade a esses lugares, a iniciativa marca a preparação do livro Recife Lugar de Memória, produzido pela SDHSC – PCR, e escrito por Plínio Santos Filho e Malthus Oliveira de Queiroz.

A primeira parada foi na antiga casa de detenção, hoje conhecida como Casa da Cultura. Lá os representantes visitaram a cela 106 do Raio Leste, que é um espaço preservado em seu estado original e uma das lembranças do tempo de cerceamento da liberdade no Estado, onde ficaram presos políticos. A visitação seguiu pela Rua da Aurora, na Polícia Civil de Pernambuco, local onde funcionou a Delegacia de Ordem Social e Política do Estado (DOPS/PE); a Assembleia Legislativa do Estado (Alepe); e logo após o Monumento Tortura Nunca Mais. Por fim, os visitantes continuaram o passeio pelo Palácio do Governo, da Justiça, Teatro de Santa Isabel e Praça da República.

Essas visitas consolidam o processo de finalização do livro e aprofunda o diálogo em sua dimensão democrática com base no direito à memória e à verdade. Para isso, nós ainda vamos realizar um mapeamento para saber por onde passaram os exilados políticos da cidade e como eles superaram esse período histórico da vida brasileira, marcado por torturas e desaparecimentos forçados”, comentou Amparo Araújo.

A comitiva é formada pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, a ex-ministra da Cultura do Chile e diretora do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Marcia Scantlebury, o ex-relator especial para o direito à educação da ONU, Vernor Muñoz, o secretário executivo de Justiça e Direitos Humanos do Governo de Pernambuco, Paulo Moraes, pelo sociólogo e cientista, Emir Sader, e por André Lázaro da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO).

Segundo o escritor, Plínio Santos Filho, a cidade do Recife serve como cenário, e os vários monumentos, ruas, locais, e personagens ditam a sequência do livro. “É um literatura que deu muito trabalho, porque tivemos que reunir documentos e fotos de cada local, contemplando a história do Recife desde a sua fundação passando pelos vários eventos históricos que aconteceram”, disse. Com previsão de ser lançado no final de novembro o livro será todo colorido, com impressão de alta qualidade e mapas locais com rotas para as pessoas percorrerem e conhecerem o que houve em cada período da história.

Ainda nesta segunda (22), a partir das 14h, a Comitiva participa do Ciclo de Debates Direitos Humanos, Justiça e Memória, cujo abordará o tema Memória, história e verdade: a luta pelos direitos humanos no Brasil e na América Latina. O encontro é gratuito e acontece no auditório G1, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O ciclo de discussão já percorreu três capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.