PCR amplia parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica
Diretor da IAEIA, Dazhu Yang, veio conhecer o projeto piloto do Mosquito Estéril para controle das arboviroses
Recife apresentou, nesta quarta-feira (21), o Projeto Piloto do Mosquito Estéril para o diretor geral adjunto para Cooperação Técnica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Dazhu Yang. O chinês aprovou o projeto pioneiro no mundo ao associar as técnicas do mosquito ionizado e a aplicação da Bactéria Wolbachia.
O projeto foi apresentado na Upinha Moacyr André Gomes, localizada em Casa Amarela, pelo secretário de Saúde de Saúde do Recife, Jailson Correia, e pelo presidente da Biofábrica Moscamed, Jair Virgínio. Com isso, inicialmente, novas parcerias vão ser firmadas com a AIEA para capacitação na área de utilização da energia atômica para a soltura do mosquito estéril, que vai diminuir a população do Aedes aegypti.
"Todas as outras estratégias para controle do Aedes aegypti continuam. O trabalho é permanente e todas as novas estratégias serão aliadas para que haja a diminuição das arboviroses", reforçou o secretário Jailson Correia. Hoje, Recife apresenta uma redução de 80% das doenças transmitidas pelo mosquito, mas o secretário alerta que a cidade não pode descansar, porque as doenças ocorrem por ciclo.
O presidente da Biofábrica Moscamed, Jair Virgínio, que recebeu o certificado de reconhecimento da Agência Internacional pelo desenvolvimento da tecnologia, disse que os mosquitos estéreis serão soltos no segundo semestre deste ano. "Com cinco meses os efeitos da diminuição dos mosquitos serão perceptíveis pela população" explicou Virgínio.
A Moscamed tem uma capacidade produtiva instalada, no Vale do São Francisco, de 4 milhões de machos estéreis/semana. A proposta é levar à baixa reprodução do inseto, resultando na redução da população do mosquito transmissor das arboviroses (dengue, zika e chikungunya).
A experiência pioneira consiste em tornar o mosquito macho estéril, em laboratório, por meio da esterilização por radiação ionizante e soltá-lo no meio ambiente. Com isso, a capacidade de fecundidade e de fertilidade são comprometidas, levando à baixa reprodução do mosquito Aedes aegypti, reduzindo assim a população desses insetos. “É importante destacar que as arboviroses são transmitidas apenas pelas fêmeas dessa espécie, então, a disseminação dos mosquitos inférteis não resultará em aumento de transmissores”, explica ainda Jailson Correia.
A princípio, para avaliação da eficiência do inseto estéril no controle da reprodução do mosquito, três localidades do Recife receberão estratégias da técnica nas áreas dos bairros da Mangabeira, Morro da Conceição e Macaxeira, localizados no Distrito Sanitário VII, onde já foram instaladas e georreferenciadas 58 ovitrampas de monitoramento. Os locais foram definidos, entre outros fatores, de acordo com o número de notificações de casos das arboviroses (dengue, zika e chikungunya) e pelos aspectos populacionais e geográficos. A medida está contemplada dentro da linha de atuação do Plano de Enfrentamento às Arboviroses - dengue, zika e chikungunya - do Recife, na estratégia de implantação de inovações tecnológicas.
Tecnologia - A nova técnica de controle do vetor Aedes aegypti, chamada de Técnica do Inseto Estéril (TIE), é uma das estratégias de fundamental importância adotada pela PCR, para garantir que a população humana não entre em contato com o agente etiológico, interrompendo o ciclo de doenças transmitidas pelo mosquito. O método autocida é uma técnica espécie-específica que emprega a própria espécie para impor um controle de natalidade sobre sua população. Esse tipo de estratégia de controle é considerada uma iniciativa revolucionária na entomologia moderna e, segundo o Ministério da Saúde, essa técnica está entre as tecnologias recomendadas para o controle de Aedes aegypti no espaço urbano
Em parceria com a Moscamed Brasil e a Agência Internacional de Energia Atômica-AIEA, organização das Nações Unidas (ONU), foi aprovado um projeto regional para América Latina e Caribe intitulado: “Fortalecimento das capacidades regionais na América Latina e Caribe para o manejo integrado do vetor Aedes aegypti com o uso da Técnica do Inseto Incompatível - IIT/ TIE - Técnica do Inseto Estéril - RLA5074), que tem como objetivo desenvolver um estudo piloto com o uso TIE associada a IIT como ferramentas para a supressão populacional do Aedes aegypti. Também estão envolvidos no projeto o Departamento de Energia Nuclear da UFPE e o laboratório LIKA.