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| 23.03.21 - 18h04

Experiências em agroecologia vão embasar plano municipal para maior segurança alimentar da população

I Seminário de Agroecologia do Recife reuniu especialistas na troca de informações sobre boas práticas e desafios na agricultura urbana.

Foram 200 inscritos de todo País e um dia inteiro de discussões para embasar a construção do Plano de Agroecologia do Recife. O I Seminário de Agroecologia - todo em ambiente virtual - reuniu, na terça-feira (23), especialistas no segmento, organizações sociais e empreendedores, todos com o foco em compartilhar conhecimentos na melhoria da segurança alimentar e da sustentabilidade da população.

O evento teve apresentações de experiências como a da Comunidade dos Pequenos Profetas, no Recife. O coordenador Demétrius Demétrio destacou o trabalho da construção de uma consciência ecológica e social dentro do projeto. Entre as experiências bem sucedidas na área de agricultura urbana, foram citados os Telhados Verdes - produção agrícola em telhados - e a produção de mel de abelha em localidades como o Coque.

Edcléia Santos, do Espaço Passarinho, também falou da experiência das mulheres da comunidade na agricultura urbana e alertou para a importância de um trabalho em conjunto com o poder público, especialmente durante a pandemia. "As pessoas perderam empregos e autoestima. Os projetos que virão dessa Secretaria poderão aliviar a vida de muita gente", disse.

O Programa Mais Vida nos Morros, da Prefeitura do Recife, foi destaque na apresentação do agrônomo Augusto Neto, que destacou a ocupação de espaços ociosos e com algum nível de degradação para a produção alimentar, como o caso das hortaliças cultivadas em recipientes recicláveis. "A gente percebe a satisfação das pessoas em poder produzir e colher com fartura, e isso aumenta o interesse de outras pessoas pela agricultura urbana", explicou.

Outra iniciativa abordada no seminário foi o programa Horta em Todo Canto, do governo do Estado. Mariana Suassuna, da Superintendência de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria de Desenvolvimento Social, explicou o contexto que levou à criação do projeto. "A gente notava o consumo em larga escala de alimentos processados, crianças se alimentando mal, em frente à TV e ao computador, hospitais lotados - pois a alimentação se reflete na saúde - e vários espaços ociosos nas comunidades". Com as hortas orgânicas, a população se viu como protagonista da própria alimentação. "Não visamos  produção em  grande escala. A missão é muito mais um trabalho educativo e de formar agentes multiplicadores e espalhar consciência de segurança alimentar e cuidado com o meio ambiente". Também foram apresentadas as experiências do Terraço Verde, do Salvador Shopping (BA), e do Serviço de Tecnologias Alternativas (Serta).

A Secretária Executiva de Agricultura Urbana da Prefeitura do Recife, Adriana Figueira, ressaltou o sucesso do evento e os próximos passos do segmento. "A troca de experiências foi muito grande, muito valiosa. Tudo que foi exposto será aproveitado no nosso relatório final e vai balizar o nosso plano. Agroecologia é muito mais do que aproveitar pequenos espaços para a produção de comida: envolve sustentabilidade e saberes tradicionais. É uma mudança mais do que necessária no momento que o planeta atravessa", finaliza.