Um domingo cheio de forró na cidade da música
O domingo (23) será de fortes e coloridas emoções na programação do Recife Junino, preparada pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura, para celebrar algumas das mais sagradas e autênticas tradições da cultura popular nordestina. Só hoje, embalarão as alegrias recifenses cerca de 60 atrações em oito arraiais, montados nos bairros da Lagoa do Araçá, Barro, Campo Grande, Cordeiro, Graças e Totó e também nos tradicionais polos do Sítio Trindade e Rio Branco.
Na Rio Branco, vai ter festa o dia todinho. O Trio Pisa do Pilão começou a espalhar os primeiros acordes, numa apresentação volante, na hora do almoço, para acordar a alegria do polo, onde, literalmente, os maiores símbolos juninos fizeram morada, da sanfona à fogueira, do milho às casinhas de fachadas coloridas. Das 14h às 15h, apresentam-se as quadrilhas Mirim Fusão e Junina Traque e, das 15h até o domingo virar segunda, comandam a festa por lá artistas como Mari Bigio, Mestres do Coco Pernambuco, Terezinha do Acordeon e Pecinho Amorim.
O domingo será também de forró e peleja no Sítio Trindade, todo enfeitado com bandeirinhas, pórticos, balões e cidade cenográfica. E ainda por cima estampado com personagens criados pelo artista Manoel Quitério, para embelezar as ruas do São João do Recife, misturando o imaginário da tradicional cultura popular junina com as mais contemporâneas referências do grafitti. Além de 13 shows de atrações como Bia Marinho, Maciel Salu, Petrúcio Amorim, Severino dos Oito Baixos e Salatiel D’Camarão no palco principal e na sala de reboco, o 20º Concurso de Quadrilhas Infantojuvenis abre sua colorida passarela, a partir das 16h, para as últimas seis apresentações, seguidas do anúncio do resultado.
O balancê vai se espalhar ainda por mais por seis bairros da cidade: Lagoa do Araçá, Barro, Campo Grande, Cordeiro, Graças e Totó, convidando a vizinhança a arrastar pé na plateia de 42 atrações, como Fim de Feira, Orquestra de Bolso, Dudu do Acordeon, Família Salustiano e a Rabeca Encantada, entre outros artistas, alguns deles escolhidos pelas próprias comunidades, num processo de votação popular, realizado pelas secretarias de Governo e Participação Social e de Cultura, da Fundação de Cultura Cidade do Recife e da Empresa Municipal de Informática (Emprel), que contou com mais de 15 mil votos.
Sábado junino - Nesses polos descentralizados, a festa começou ontem. E foi animada. Nos bairros de Campo Grande, Cordeiro e Graças, o público recebeu a programação com entusiasmo. Com uma trégua de São Pedro, o São João reinou absoluto, encantando desde crianças até idosos, que puderam matar a saudade e sentir o aconchego das tradições.
No Totó, bairro da Zona Oeste do Recife, as festividades do ciclo junino foram abrilhantadas pela apresentação da Quadrilha Junina Raízes do Rosário. E foi justamente essa a atração que Luana Cristina, 32 anos, escolheu para apresentar ao filho Richard, 4 anos. "Eu me lembro da minha infância, quando minha mãe me trazia. Agora trago meus filhos para que eles também apreciem e cresçam com essa experiência, e um dia tragam seus próprios filhos. É a nossa cultura no meio da rua, é uma arte. Sempre venho."
Gisa Karla, 39 anos, também estava animada para a festa, depois de saborosos preparativos familiares. “A gente sempre se prepara e se organiza para trazer as comidas típicas, que também são uma tradição da nossa família. Nos reunimos, eu, minha mãe, minha irmã, cunhado, marido, pai, para celebrar essa festa bonita que chega ao nosso bairro”, contou, entusiasmada.
No polo do Barro, Zona Oeste do Recife, o arraial foi embalado por música e poesia com a presença da banda Em Canto e Poesia, de São José do Egito. O grupo encantou o público, misturando os ritmos nordestinos como baião, forró e coco, combinando melodia e tradição.
Jeff Alan, 33, artista visual e morador do Barro desde que nasceu, antecipou sua vinda de Salvador só para celebrar o São João em sua comunidade. "Descobri essa banda em Lisboa e fiquei impressionado. Agora eles estão aqui. Esse acesso à cultura é essencial, especialmente para os moradores da periferia que não têm condições de se deslocar ao centro da cidade, ao Sítio Trindade e outros locais", explica. "É muito importante que a gente tenha esse acesso na calçada de casa.”
No polo da Lagoa do Araçá, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife, o balancê seguiu com muito forró e brega. A noite chega esquentou ao som de Gerlane Lops e seu Forró Sambado e da Banda Kitara, que encerrou os shows, mantendo a animação até o último acorde.
Lúcio Nascimento, 44 anos, acompanhado de sua esposa Geovania Alves, 45 anos, foi lá curtir a festa, que já está virando tradição para o casal. “Gostei muito e estou aqui de novo este ano. É festa para todo mundo vir, convidar amigos e familiares. Esse polo é fantástico! Muito animado”, disse, com sorriso estampado no rosto.
Para quem quiser atender ao convite, a programação completa do balancê recifense está disponível no site https://recifejunino.recife.pe.gov.br/.