Orquestra Sinfônica do Recife faz penúltimo concerto do ano no Teatro de Santa Isabel
Apresentação reuniu um público animado para celebrar a música erudita e a cultura nordestina, com direito até a homenagem a Hermilo Borba Filho
Para um Teatro de Santa Isabel lotado, a Orquestra Sinfônica do Recife prestou, na noite de ontem, uma bela homenagem ao centenário de nascimento do escritor, poeta, teatrólogo e dramaturgo Hermilo Borba Filho. Prestigiado pela secretária de Cultura e viúva do escritor, Leda Alves, o concerto foi a nona e penúltima apresentação do calendário oficial da orquestra em 2017. Os concertos gratuitos e abertos ao público são uma iniciativa da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.
O maestro Marlos Nobre abriu a apresentação falando da importância de Hermilo, que definiu como “um dos autores e homens de teatro mais atuantes do Nordeste”. “Nascido no Engenho Verde, na cidade de Palmares, em 1917, ele tinha enorme e declarado apreço pela cultura e pelas tradições nordestinas. Foi também diretor artístico do Teatro do Estudante de Pernambuco e fundador do Teatro Popular do Nordeste, além de ter deixado uma profícua produção literária”, destacou o maestro.
Nobre iniciou o concerto com a peça Batuque, a quarta parte da obra Série Brasileira, do compositor, pianista, organista e regente brasileiro Alberto Nepomuceno. “O compositor passou sua infância no Recife até os 18 anos, seguindo para a Itália. Esta obra tornou Nepomuceno o verdadeiro precursor, antes mesmo de Villa- Lobos, do Nacionalismo musical no Brasil. Foi ele que começou a utilizar a influência da música folclórica e popular do Brasil na música erudita”, explicou o maestro.
Após o intervalo, os músicos da Orquestra Sinfônica interpretaram a Sinfônia nº3 em Fá Maior, Opus 90, do compositor alemão Johannes Brahms.“Nesta peça, o autor manuseia sabiamente seus recursos expressivos, reservando para o movimento final a explosão sonora e radiante do seu pensamento sinfônico, com peculiar luminosidade e radiante beleza”, elogiou o regente.
O público também era só elogios ao concerto. “Quando eu tenho companhia eu corro para assistir à Orquestra Sinfônica, que tanto admiro. Adoro música erudita, como já fiz parte de um coral, fico muito entusiasmada durante o concerto. Sem falar que recordo minha juventude”, disse a funcionária pública aposentada Zuleide Vasconcelos, 71 anos.
Mais que apreço, a aposentada Marcia Migge, 59 anos, tem um verdadeiro caso de amor com música erudita. “Conheci meu marido cantando em um coral e ele tocando. A partir daí, sempre o acompanho nos concertos da orquestra e a cada música meu amor e admiração aumentam. A música nos uniu e estamos até hoje juntos.”
A Orquestra Sinfônica do Recife não encanta só os adultos. Dez crianças e jovens da Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Boa Viagem assistiram, na noite de ontem, ao primeiro concerto de suas vidas. Com as flautas que estão aprendendo a tocar, ficaram encantados com a beleza do Teatro de Santa Isabel e com a variedade de instrumentos que compõem uma orquestra. “Hoje, esses jovens estão tendo a oportunidade de viver uma experiência que eles só tinham visto pela televisão. Algo que os motiva a não desistir da música”, concluiu o voluntário do projeto, Andrelino Elias, 43 anos.
Já a fotógrafa Bruna Gonçalves, 30 anos, levou a filha, Maria Luiza, 7 anos, acompanhada do marido. “Nosso intuito é fazer com que Malu tenha um gosto musical bem apurado desde pequena. Ela adora violino. Já está aprendendo a cantar e tocar para seguir os passos do pai, que é músico”, concluiu a mãe.