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Educação | 25.03.17 - 12h27

Professores da rede municipal do Recife participam de seminário sobre gênero

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Evento foi organizado pelo Grupo de Trabalho de Educação em Sexualidade (GTES), com o objetivo de embasar os docentes para que abordem o tema nas salas de aula (Foto: Cortesia)

 

 

Gestores de escolas, coordenadores pedagógicos e professores de biblioteca da rede municipal de ensino da Prefeitura do Recife participaram, nesta sexta-feira (23), do seminário “Gênero: trajetória de luta, resistência e revolução das mulheres em busca de cidadania”. Promovido pelo Grupo de Trabalho de Educação em Sexualidade (GTES) da Secretaria de Educação do Recife, o evento aconteceu na Escola de Formação de Educadores Paulo Freire, na Madalena, e teve o objetivo de divulgar as ações e orientações do GTES, embasando os docentes para que abordem o tema nas salas de aula.

O seminário contou com uma roda de conversa sobre a luta e resistência das mulheres recifenses, com participação da professora Edna Teotônia, uma das fundadoras do GTES em 1996, além da coordenadora geral do grupo, Lúcia Barreto Campello. Houve também uma roda de conversa comandada pela sexóloga Ana Carla Lemos e pela psicóloga Marise de Moraes.   

Atual vice-gestora da Escola Profissionalizante Sindicato dos Tecelões, Edna Teotônia falou, entre outros tópicos, sobre sua preocupação com a banalização do corpo da mulher registrada, principalmente, nas letras de diversas músicas que fazem sucesso entre adolescentes e jovens recifenses. “Não se trata de pregar censura contra qualquer tipo de ritmo musical, mas de combater letras que incentivam o machismo e podem levar à violência”, explicou. 

Já a professora Lúcia Barreto Campello falou sobre a importância da cultura do respeito às diferenças como forma de combate à violência. A coordenadora geral do GTES ainda citou números alarmantes da violência praticada contra as mulheres em todo o Brasil. “Em dez anos, houve um aumento de 55% no número de mortes de mulheres negras em nosso País, enquanto a metade dos homicídios contra a mulher, de forma geral, é praticada por familiares das vítimas”, lamentou. A docente também lembrou que 70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes, “exatamente o perfil da maioria dos nossos alunos”. Segundo ela, o enfrentamento à violência precisa ser diário e ousado em toda rede municipal de ensino.  

Maria Elisabete Bezerra da Silva, professora de biblioteca da Escola Municipal Vila Operária, no Ibura, conta que sempre aprende muito com as colegas do GTES e, nesta sexta, não foi diferente. Ela citou um caso que só foi resolvido depois que consultou o grupo. “Eu tinha um aluno que frequentava nossa brinquedoteca e que só queria brincar de boneca, mas eu insistia que ele usasse os carrinhos. Depois de receber o respaldo da rede, fiquei mais segura para enfrentar qualquer tipo de preconceito e hoje ele brinca com bonecas sem problemas”, explicou.

O GTES também orienta os educadores da rede municipal do Recife a enfrentarem a violência e as brigas entre os estudantes. De acordo com Maria Alves de Amorim, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Professor João Francisco de Souza, na UR-7, Várzea, o envolvimento dos pais é fundamental, assim como a mudança de postura. “A orientação da nossa rede é que não devemos nos prender a rotular os alunos como os mais violentos ou os mais calmos, mas sim combater o ato praticado como um erro que pode e deve ser corrigido, pelo bem de toda escola”, argumentou.

GTES – Desde 1996, as professoras do GTES estudam igualdade de gênero e diversidade sexual, além de prepararem formações continuadas e seminários sobre os assuntos para multiplicar as discussões com os demais profissionais da rede, fazendo com que os assuntos cheguem às escolas para desmitificar tabus, mitos e preconceitos.

As questões relacionadas à diversidade sexual também estão inclusas na nova política de ensino da rede municipal, lançada em 2015. O documento contém um conjunto de diretrizes a respeito dos direitos de aprendizagem de cada componente curricular, para cada unidade. A inclusão da diversidade sexual e da igualdade de gênero na política de ensino tem o objetivo de modificar as práticas pedagógicas para colaborar com a construção de uma sociedade mais inclusiva, promovendo um ambiente escolar onde os alunos valorizem as diferenças e construam a igualdade.