Legítimo pé-de-serra anima a noite do Sítio Trindade
Por Otávio Dias
Os festejos juninos 2012, no polo do Sítio Trindade, em Casa Amarela, foram encerrados, na noite deste domingo (24), com muita emoção e alegria. A festa foi marcada pelas homenagens ao centenário de Luiz Gonzaga, o Rei do baião, que esteve “presente” tanto nos shows do palco principal, quanto no palhoção onde as quadrinhas juninas se apresentaram. Outro destaque ficou por conta do desfile pelas ruas e alamedas do sítio pelos integrantes da Serenata das Rosas, que também se encarregaram de dar as boas-vindas aos recifenses e turistas que visitaram o mais tradicional polo junino do Recife.
Com oito músicos, seis cantadores e seis destaques, o grupo, do bairro da Boa Vista, mostrou a mesma magia e sedução do bloco lírico Rosas da Boa Vista, que há dez anos desfila durante o Carnaval recifense. “Embora a serenata seja três anos mais jovem, os dois grupos se complementam, já que a idéia central é trabalhar pela exaltação e fortalecimento da cultura pernambucana”, explica a presidente e fundadora da Serenata das Rosas, Graça Lima. A atração caiu nas graças das famílias presentes, que acompanharam com entusiasmo todo o cortejo junino.
“Eu já conhecia o grupo lírico, já que moro na área central da cidade, mas esta serenata me surpreendeu de forma muito positiva. Está muito bonito afinado”, comentou a enfermeira aposentada, Lídia de Albuquerque, de 66 anos.
Já no palco, quem abria a noitada de shows era Silveirinha do Forró. Natural de Itambé, na fronteira com a Paraíba, o sanfoneiro Silveirinha, de 53 anos, mostrou que se pode viver e trabalhar com música regional executando apenas o forró tradicional, sem concessão a modismos. Ex-sanfoneiro do grupo Cascabulho, o instrumentista está com o 5ª CD na praça, com produção assinada por João Silva, nada menos que o último parceiro vivo do mestre Luiz Gonzaga. “O São João do Recife é sempre maravilhoso e eu tenho orgulho de participar dessa festa há pelo menos 15 anos. Já virou emprego, não é?”, disse, com orgulho. No repertório, além dos sucessos do próprio Luiz, ele mostrou composições do Trio Nordestino, Sivuca, Jacinto Silva, entre outros.
Quem também não deixou por menos, e colocou todo mundo pra forrozar, foi o grupo “Os Tangarás”, do bairro de Santo Amaro. Liderando pelo vocalista e zabumbeiro Evandro Neves, o grupo foi criado em 1942 pelo seu pai, o paraibano Arnaldo Francisco, mais conhecido como “Coruja”.
“Nossa banda é literalmente uma família, já que além de mim, estão aqui mais três filhos de seu Coruja - Jaílson, Ednaldo e Edvaldson -, além do neto, Bruno Neves”, contou Evandro, também conhecido como Corujinha. Sob seu comando, foram apresentados muitos xotes e baiões de Luiz Gonzaga e composições do mestre Coruja, como Sou sertanejo e O canto dos Tangarás.
Um dos mais talentosos cantores e compositores pernambucanos, Tito Lívio fez uma apresentação com a qualidade sonora de quem trafega com facilidade pelos mais diversos ritmos nordestinos. Com músicas já gravadas por Alceu Valença, Elba Ramalho e Zeca Baleiro, Tito desfilou durante o show músicas juninas e muito forró, sem esquecer de incluir sucessos de suas parcerias com Lula Cortes e Marco Pólo, para citar apenas dois.
O show também marcou a estréia no Recife da cantora Lara Lívia, filha de Tito. “É sempre bom e gratificante participar da programação junina da Prefeitura do Recife”, ressaltou. A dona de casa Patrícia Santana, de 53 anos, e a filha Paola, de 23, saíram do bairro de Casa Forte só pra curtir o show de Tito Lívio e não se arrependeram. “Ele é muito bom”, resumiu Patrícia, com olhos grudados no palco.