Festival A Letra e a Voz começa com música e palestras
Com música, lançamento de livro e uma mesa redonda sobre as histórias que saíram de Pernambuco para as prateleiras de livrarias de todo o mundo, tendo os primeiros capítulos republicanos brasileiros como cenário, começou ontem à noite a 15ª edição do Festival Recifense de Literatura A Letra e Voz, no Cais da Alfândega.
A programação, dedicada aos 200 anos da Revolução Pernambucana, segue hoje, com mesa sobre as repercussões do movimento no cinema, protagonizada por Tizuka Yamasaki, com mediação de Heloísa de Morais. Hoje, será também a noite de estreia da Festa do Livro, feira de livros com 15 expositores e títulos para todas as idades à venda. Até o próximo domingo (27), a programação, realizada pela Prefeitura do Recife, contará com recital de poesia, debates e espetáculo teatral.
“Uma das mais urgentes missões da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife é justamente essa: a de abrir espaços vivos para nossos artistas, nas mais diferentes linguagens. É fundamental lançarmos sempre e cada vez mais a semente da literatura”, disse a secretária de Cultura Leda Alves, na solenidade de abertura do Festival. O presidente da Fundação de Cultura, Diego Rocha, complementou: “Foi um grande esforço grande colocarmos esse festival na rua num ano tão difícil. Mas é disso mesmo que trata o evento deste ano, da disposição para a luta do povo pernambucano”, celebrou.
Depois das falas, foi lançado o 1º Edital da Coletânea de Ensaios sobre o Recife, que selecionará 10 trabalhos sobre passagens históricas importantes da capital pernambucana, para compor a publicação. A convocatória estará disponível para o público a partir da próxima segunda-feira, no nosso portal.
O evento seguiu com a execução da Suíte 1817, peça do instrumentista Múcio Callou, inspirada na Revolução Pernambucana, executada com precisão e emoção por Rogério Acioli, Leonardo Guedes, Múcio Callou e Fernando Rangel. Na sequência, haverá ainda o lançamento do 1º Edital da Coletânea de Ensaios sobre o Recife, que selecionará 10 trabalhos sobre passagens históricas importantes da capital pernambucana, para compor a publicação.
A mesa redonda, protagonizada pelos escritores Paulo Santos de Oliveira e Cláudio Aguiar, começou por volta das 19h30. Com mediação da magistrada Margarida Cantarelli, tratou da Revolução de 1817 como inspiração literária. Paulo Santos abriu as conversas, citando Alexis de Tocqueville: “Quando o passado não ilumina o futuro, o espírito vagueia nas trevas", disse, celebrando a importância do tema escolhido para a 15ª edição do festival.
“Nossa história é uma verdadeira botija enterrada. Pernambuco tem a história política mais rica do Brasil, que começa cedo, com o início da colonização. Mais tarde, em 1845 e 1854, os pernambucanos definiram a geografia brasileira. Sediamos ainda o Quilombo dos Palmares, maior movimento social do Brasil, além das lutas abolicionistas”, destacou. “Mas lamento que, apesar de tanto a ser dito, os livros de história mal tratam desse protagonismo pernambucano.”
Paulo, que “descobriu” a importância da Revolução Pernambucana por influência de um amigo, depois de ter passado incólume ao tema pelo ensino médio e superior, diz que algumas passagens da revolução são melhores que ficção. “Pouca gente sabe, mas uma grande motivação para a revolução foi o amor. Domingos Martins, um dos principais revolucionários, namorou por quatro anos escondido com uma moça, filha de português. Fez uma revolução, mudou de status social, para, entre outras coisas, claro, poder casar com ela.”
Entre tantos enredos revolucionários, o segundo palestrante da noite, Cláudio Aguiar, revelou seu apreço por um personagem. “Frei Caneca, um intelectual, escritor, jornalista e fundador de um jornal, foi fundamental não só em 1817, mas nos movimentos que se seguiram, como os de 1821 e 1824, também muito importantes, mas, às vezes, esquecidos”, disse Cláudio, para quem contar a história da revolução nos dias atuais estimula a cidadania.
Na plateia, Maria Oliveira, atriz e bonequeira, ouvia a tudo com devotada atenção. “O festival deste ano é um importante espaço de memória. Esse tipo de discussão deveria existir sempre. Assim, poderíamos entender mais da nossa identidade”, comentou.
“Viver essas histórias todas, 200 anos depois de um movimento tão importante para o país, é muito estimulante. A cada ano que passa, o A Letra e a Voz se confirma um festival imprescindível”, disse o professor de português Carmelo Ribeiro.
Serviço
Festival A Letra e a Voz
Quinta-feira (24)
18h- Solenidade de Abertura XV Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz
19h- 1ª Mesa: A Revolução de 1817 como Inspiração literária. Participantes: Paulo Santos de Oliveira e Cláudio Aguiar. Mediadora: Margarida Cantarelli
20h- Sessão de autógrafo do livro 1817 Amor e Revolução, de Paulo Santos de Oliveira
Local: Cais da Alfândega
Sexta-feira (25)
18h - 2ª Mesa: A Revolução de 1817 como inspiração cinematográfica. Palestrante: Tizuka Yamazaki. Mediadora: Heloísa de Morais
Local: Cais da Alfândega
Sábado (26)
16h - Tarde de autógrafo do HQ A Noiva
17h - Recital poético
18h - 3ª Mesa: A Revolução de 1817 e seu desdobramento histórico na política brasileira. Palestrante: Antônio Jorge Siqueira. Mediador: Felix Galvão Batista Filho
Local:Cais da Alfândega
Domingo (27)
16h- Contação de História para crianças e jovens
17h- Apresentação do Ballet Simone MOnteiro
Local:Cais da Alfândega
18h- Encerramento do Festival com uma apresentação do espetáculo de teatro O Suplício de Frei Caneca
Local: Basílica do Carmo