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Segurança Cidadã | 25.08.17 - 14h42

Livros que inspiram telas na Biblioteca Popular de Afogados

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Frequentador com esquizofrenia da Biblioteca Popular de Afogados Jornalista Ronildo Maia Leite tem sua primeira exposição realizada no espaço público municipal (Foto: Inaldo Lins/PCR)

 

 

O desenho entrou na vida dele como ferramenta das sessões de terapia. Ganhou gosto, força e enveredou para a pintura, onde se encontrou e há dois anos faz curso para aprender mais e se aperfeiçoar. A mãe frequentava a Biblioteca Popular de Afogados Jornalista Ronildo Maia Leite quando estudava para concurso. Após a requalificação do espaço, em abril de 2016, ela começou a levar o filho, que tem esquizofrenia, para ter mais contato com os livros de arte, já que o rapaz estava empenhado entre tintas e telas. Com frequência assídua na biblioteca, Alberto Barbosa Lima Filho, de 23 anos, teve seu talento descoberto pelas bibliotecárias e na quinta-feira (23) viu seu trabalho se transformar numa exposição e roda de diálogo com alunos do 5º ano da Escola Municipal Vila São Miguel.

“Quando eu vejo os livros de artes, eu fico com mais vontade de pintar. Isso me emociona muito. Gosto de ver livros assim”, revelou o artista aprendiz -como se denomina- entre suas telas e o acervo que o inspiram. Alberto vai toda semana ao espaço público municipal. Divide seu tempo entre estudar português para o ENEM e participar das atividades. “Coloco ele para ver uma imagem dos livros que ele gosta e peço para escrever sobre, fazer uma redação. É uma forma de aguçar a criatividade dele e ao mesmo tempo treinar para a prova do final do ano”, revela a mãe do rapaz, Ana Paula Peres Magalhães.

E foi através da genitora que Alberto começou a freqüentar a Biblioteca de Afogados. “Há muitos anos venho. Esse espaço é especial. Tem um silêncio incrível e uma acolhida da equipe diferenciada”, disse a funcionária pública, que estudou no local quando passou no certame.

“Gostei muito da experiência em conversar com as crianças. Fizeram muitas perguntas, com dúvidas e curiosidades. Também foi divertido na hora da oficina de pintura. Saiu cada tela linda”, revelou o artista.

José Guilherme, 11 anos, era um dos alunos que estavam concentrados na hora da atividade. “Achei muito incrível. Pintei uma praia, uma casa e um campo de futebol. Veio tudo da minha imaginação”, falou. Já Gabriele, mesma idade, fez um monte de perguntas para Alberto. “Eu perguntei em que ano ele fez as pinturas, qual ele mais gostava e quanto tempo ele levou para fazer”, disse a estudante, que fez na oficina uma pintura abstrata, com quatro cores misturas.


ENCONTRO – “Ele começou a falar dos quadros que pintava. Ficamos curiosas e pedimos para ele trazer as telas. Conhecemos sua história e veio a ideia da exposição. Em seguida, pensamos em chamar jovens para conhecer um artista de perto, para que pudessem trocar ideias e se inspirar”, revelou Tereza Marinho, bibliotecária. “Toda semana temos uma ação chamada ‘Mundo Jovem’, que a gente faz contato com a escola e eles trazem as turmas para a participarem de alguma atividade que provemos. Começa com o Bibliotur, onde mostramos a biblioteca, os espaços e como funciona; depois eles seguem para uma atividade. Hoje, eles estão conhecendo uma exposição, com bate papo com o autor, e depois culminou na oficina de pintura”, explicou a gerente da Rede de Bibliotecas pela Paz.

REDE DE BIBLIOTECAS PELA PAZ - A Secretaria de Segurança Urbana do Recife trabalha, desde 2013, focada na prevenção, tendo como carro chefe as bibliotecas. Por isso, estes espaços públicos passaram a ser administrados pela pasta. O plano de estabelecer uma Rede de Bibliotecas pela Paz tem como meta resgatar a presença dos jovens, através de dinâmicas, debates e oficinas, para ampliar seus conhecimentos. Com a adesão, espera-se que os índices de violência sejam reduzidos e uma nova perspectiva de vida se estabeleça. Fazem parte da Rede de Bibliotecas pela Paz as bibliotecas Afrânio Godoy, do Compaz do Alto Santa Terezinha, a Jornalista Carlos Percol, do Compaz Escritor Ariano Suassuna, a Biblioteca Popular de Casa Amarela Jornalista Alcides Lopes, que foi requalificada e entregue em abril de 2016, e a Biblioteca Popular de Afogados Jornalista Ronildo Maia Leite, que também foi requalificada e entregue em abril de 2016.