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Cultura | 25.08.18 - 11h17

Sábado literário no Recife Antigo

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Realizado pela Prefeitura do Recife, o 16º Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz leva, hoje (25), oficinas e debates gratuitos para a Avenida Rio Branco, em homenagem a Miró (Foto: Wesley D’Almeida)

 

A literatura vai tomar conta do bairro histórico e do fim de semana recifense. Hoje (25), a partir das 14h, as atividades do 16º Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz convidam os recifenses a discutir como paisagens habitam livros e a celebrar a poesia urbana de Miró. Amanhã (26), tem mais programação, com feira do livro durante todo o dia e jam session de poesia e música, letra e voz.

O Festival é uma realização da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, com apoio da Academia Pernambucana de Letras e da Universidade Católica de Pernambuco. 

Na tarde de hoje, das 14h às 17h, o Festival oferece quatro oficinas gratuitas, ministradas por Clarice Freire, Fred Caju, Marcelino Freire e João Lin. As oficinas de João Lin e Fred Caju terão capacidade para 20 e 15 pessoas, respectivamente. As de Marcelino e Clarice terão 30 participantes, cada. Estas últimas serão realizadas no Paço do Frevo e as demais na própria estrutura do Festival, na Rio Branco. Caso haja desistência de inscritos, as vagas serão disponibilizadas para o público presente.

Após as oficinas, tem mais programação à noite, a partir das 18h, com palestras norteadas pelo tema "É do sonho dos homens que uma cidade se inventa". O primeiro a falar será Antônio Paulo Rezende, escritor e professor universitário, que discorrerá sobre "A Cidade do Poeta". Depois, o escritor, dramaturgo e professor Robson Teles falará sobre "O Recife de Carlos Pena Filho". Na sequência, Antônio Marinho, escritor, poeta, declamador e compositor, natural de São José do Egito, fala sobre "A São José do Egito de Lourival Batista". A mediação será do jornalista, romancista, contista, dramaturgo e membro da Academia Pernambucana de Letra Cícero Belmar.

No domingo, o festival vira festa. A partir das 10h, a Festa do Livro levará para a Rio Branco um desfile de editoras, sebos, mediadores de leitura, recitais, atividades lúdico-literárias, lançamentos de livros e bibliotecas comunitárias. Haverá também troca afetiva de livros em bom estado de conservação.

Com Bell Puã e Clécio Rimas, além do pianista e tecladista Amaro Freitas, representante da profícua nova cena da música pernambucana, a 16ª edição do Festival Recifense de Literatura encerra com música, letra e voz.

Primeira noite – Ontem à noite, na estreia das atividades do Festival, Miró tomou conta da programação, aberta pela secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, pelo secretário executivo, Eduardo Vasconcelos, e pelo presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha, e pelo curador da programação, Sennor Ramos. “Somos alimentados pela importância e beleza de celebrações como a que este Festival propõe. Um povo que se reconhece como nação tem que se afirmar por meio de seus escritores e poetas. É a cultura que define a beleza e a grandeza de um lugar”, disse Leda Alves, declarando as atividades abertas.

Em seguida, Miró, sabatinado pelo escritor, contista, romancista e editor cearense, vencedor do Prêmio Jabuti em 2012, Sidney Rocha, não escondeu sua alegria em ser homenageado “em vida” pelo Recife. Contou histórias, declamou, vendeu livros, emocionou-se. “Minha mãe não queria que eu fosse poeta. Achava besteira. Mas consegui. Sobrevivi só de poesia. E hoje estou sendo homenageado”, disse Miró, que foi à festa com um vestido da mãe, falecida há alguns anos, para que ela se fizesse presente de alguma forma na “maior homenagem” que já recebeu. 

A noite contou ainda com uma roda de conversa com os autores da coletânea Denis Bernardes de Ensaios, cujas inscrições foram lançadas na edição passada do Festival. A publicação, financiada pela Prefeitura do Recife, conta com 10 dez ensaios sobre a cidade do Recife, assinados por: Ricardo Japiassu, pós-doutor em Teoria Literária, sobre a presença do Recife na obra de Raul Pompeia; Mário Ribeiro dos Santos, doutor em História, sobre São João e quadrilhas juninas; Mário Pereira Gomes, que escreveu sobre a Ponte Maurício de Nassau e a modernidade do início do século XX; Mariana Aragão, arquiteta e urbanista, sobre os sobrados recifenses; Marcos de Oliveira, poeta e publicitário, que discorreu sobre o diálogo entre a poesia de Manuel Bandeira e a litografia de Luís Schlappriz; Luci Maria da Silva, professora e analista em Gestão Educacionalsobre a cultura afro-brasileira no Recife; Leidson Ferraz, jornalista e pesquisador, sobre o teatro infantil na cidade; Francisco Pedrosa, bacharel em história, sobre a modernização e a literatura no Recife; Eduardo Jorges Pugliese, historiador e escritor, sobre as transformações urbanistas entre as décadas de 1920 e 1940; e, finalmente, Rudimar Constâncio, historiador, sobre as várias expressões da cultura popular. A mediação da mesa foi de Cícero Belmar e Jorge Siqueira. "Esse livro diz muito sobre o Recife, sobre a cidade que somos", disse Belmar.

O público endossou a homenagem ao poeta agudo e agridoce, das ruas e pontes da cidade, que se debruça sobre suas belezas e mazelas, alimentando-se do burburinho, das conversas, dores, deleites e delitos, mas rejeita o rótulo de marginal. "Sou só Miró, poeta cronista." A professora Roberta Cardoso, 37 anos, emocionou-se com a programação que escolheu para a chuvosa noite de sexta-feira. Miro é original. Ele mostra situações recifenses para os próprios recifenses, dando origem a um sentimento de pertença. Outros poetas do Recife não contextualizam tanto as histórias na cidade como ele”, disse.

“Através da sua poesia, Miró faz com que a gente se reconheça e se conheça melhor. O Festival foi muito bem pensado, precisamos de eventos assim sempre”, concordou o educador social e professor de danças populares Tonho das Olindas, 48 anos.

Confira a programação dos próximos dias:

 

16º FESTIVAL RECIFENSE DE LITERATURA – A LETRA E A VOZ

A Cidade do Poeta e o Poeta da Cidade

De 24 a 26 de agosto, na Avenida Rio Branco

 

 

Dia 25 (sábado)

 

14h às 17h – Oficinas

Para diminuir a gravidade das coisas ─ Poesia visual, com a publicitária, poetisa e escritora Clarice Freire, que mantém no Facebook e no Instagram o perfil Pó de Lua, de poesia desenhadaLocal: Paço do Frevo

 

Agulhas, dobras & cavalos: noções de diagramação e artesania editorial, com o historiador e poeta Fred Caju, da editora de livros artesanais Castanha MecânicaLocal: Avenida Rio Branco

Vento nonsense na cidade ─ Narrativas em quadrinhos, com o cartunista e ilustrador João Lin. Local: Avenida Rio Branco

Narrativas breves (e outras nem tanto), com o contista, romancista, editor e produtor cultural pernambucano Marcelino Freire, nascido em Sertânia e ganhador do Prêmio Jabuti e do Prêm. Local: Paço do Frevo

 

18h - É do sonho dos homens que uma cidade se inventa

A Cidade do Poeta por Antônio Paulo Rezende

O Recife de Carlos Pena Filho por Robson Teles

A São José do Egito de Lourival Batista por Antônio Marinho

Mediação de Cícero Belmar

 

20h - O Cão sem Plumas numa Mesa de Glosas com Clécio RimasDayane RochaEdmilson FerreiraElenilda Amaral e Paulo Matricó. Coordenação de Jorge Filó

 

Dia 26 (domingo)

A partir das 10h - Festa do Livro, com editoras, sebos, mediadores de leitura, recitais, atividades lúdico-literárias, lançamentos de livros e bibliotecas comunitárias