Parceiro musical de Luiz Gonzaga visita memorial do artista no Pátio de São Pedro
Jurandy da Feira tem quatro composições criadas com o Rei do Baião
Aproveitando sua passagem pelo Recife, o compositor Jurandy da Feira visitou, nesta segunda-feira (26), o Memorial Luiz Gonzaga, situado no Pátio de São Pedro, bairro de São José. O músico, natural de Tucano, na Bahia, e que possui quatro composições criadas em parceria com o Rei do Baião, está lançando o cd “Jurandy da Feira canta Gonzagão”, em comemoração ao centenário de Luiz Gonzaga.
As quatro canções assinadas pela dupla, Canto do Povo; Frutos da Terra; Nos cafundó de Bodocó; e Terra, Vida e Esperança, foram gravadas quando Jurandy tinha apenas 22 anos. Ele relatou que o apelido “da Feira” foi dado pelo Rei do Baião. “Foi uma experiência muito boa e muito importante pra mim. Ele foi o responsável pela minha carreira. Eu fui ao Rio de Janeiro a convite dele. Antes, o visitei em Exu, quando me encomendou uma música e compus Nos cafundó de Bodocó”.
A música mais importante composta pela parceria, porém, é Terra, Vida e Esperança. Cantada por Gonzagão quando anunciou a despedida de sua carreira, seus versos dizem: “Estou no cansaço da vida / Estou no descanso da fé”. Após a visita ao Memorial, Jurandy da Feira se dirige a Campina Grande, na Paraíba, para fechar sua participação na festa de São João da cidade.
O Memorial Luiz Gonzaga completa quatro anos no mês de agosto e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com entrada gratuita. Em seu acervo, fotos, cordéis, capas de discos, instrumentos musicais como zabumba e sanfonas, vestes usadas por vaqueiros e utensílios do lar sertanejo, a exemplo de lampiões a querosene, tudo em alusão à carreira e à vida do Rei do Baião.
Luiz Gonzaga - Representante maior da música popular nordestina, Luiz Gonzaga interferiu decisivamente na trajetória da música brasileira ao introduzir no cenário nacional os ritmos do sertão e do Nordeste – toadas, xotes, xamegos, baiões, xaxados, marchinhas, emboladas. Ao reencontrar-se com suas raízes musicais, ajudou a moldar a identidade nordestina no imaginário do Brasil, imprimindo ao acordeon das valsas e tangos, a partir da década de 40 do século XX, uma nova musicalidade. A partir daí, a sanfona adquiriu nova personalidade.
Na sua busca obstinada pela essência sertaneja, Luiz Gonzaga encontrou nos arquivos da memória os instrumentos musicais para compor uma orquestração diferenciada, com o sotaque de sua terra, criando o primeiro trio de sanfona, zabumba e triângulo. Na vestimenta dos cangaceiros e vaqueiros, encontrou sua personalidade estética. Sua influência não pode ser mensurada. É a tradução musical e imagética da própria alma nordestina definitivamente inscrita no cenário brasileiro. Se fosse vivo, Luiz Gonzaga completaria 100 anos de idade, no próximo dia 13 de dezembro.