Mais de 100 venezuelanos são atendidos pela Secretaria de Saúde do Recife
Mais de 100 imigrantes venezuelanos que estão no Recife desde dezembro participaram, nessa terça-feira (26), de uma ação de saúde promovida pela Secretaria de Saúde (Sesau) da Prefeitura do Recife na Casa de Direitos dos Imigrantes, localizada na Universidade Católica de Pernambuco, na Boa Vista. Ao todo, 66 adultos e 36 crianças participaram dos serviços de promoção e prevenção à saúde.
Através do Projeto Pana, que obteve financiamento do Departamento de Estado dos Estados Unidos, a ONG Cáritas Brasileira/CNBB (Regional Nordeste 2) é responsável pela estadia, alimentação, apoio jurídico, psicossocial e outras necessidades das famílias que fugiram da crise na Venezuela e estão em situação de vulnerabilidade social. Além de garantir o acesso aos serviços de saúde, a Prefeitura do Recife contribui com o encaminhamento para inclusão em programas sociais, viabilização de matrícula escolar, inserção em cursos e no mercado de trabalho, entre outros.
Na ação dessa da Secretaria de Saúde do Recife nessa quarta, mais de 60 imigrantes tiveram a pressão aferida, fizeram teste de glicose e receberam orientações sobre arboviroses; 30 estrangeiros receberam orientações de saúde bucal e kits com creme dental e escovas; 56 receberam vermífugo e 38 venezuelanos realizaram teste rápido para HIV, sífilis e hepatites B e C. Também foram feitos dez encaminhamentos para atendimentos de enfermagem, 26 para atendimento odontológico, 16 para atendimento médico, três atendimentos infantis e 30 atendimentos para fonoaudiólogo.
Anteriormente, a Sesau já tinha confeccionado o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) para todos estrangeiros. “Esse momento é importante para ampliar o acesso dos imigrantes venezuelanos às políticas públicas, com a finalidade de prevenção e promoção à saúde" disse Sheila Almeida, chefe distrital de Atenção à Saúde do Distrito Sanitário 1, que coordenou a ação.
Um dos imigrantes atendidos nessa quarta foi Ronnal José Febres, 23 anos, que atualmente mora no bairro de Santo Amaro. "Fiz testes para saber como está minha saúde. As pessoas de Recife são muito acolhedoras. Estou vendendo água perto de onde moro, mas quero arrumar um emprego para poder trazer minha família para junto de mim”, contou o jovem que, antes de vir para o Recife, passou sete meses em Roraima, onde era catador de lixo e não tinha moradia.
Durante a ação, houve orientações sobre como prevenir as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e distribuição de preservativos masculinos e femininos, além de lubrificantes. Os profissionais do Distrito Sanitário I também orientaram os imigrantes sobre prevenção de outras doenças, como hanseníase, tuberculose, doenças transmitidas por água não tratada e arboviroses – dengue, chikungunya e zika.
A professora Raysel Guarez, 33 anos, está morando na Encruzilhada e contou que já teve acesso ao Posto de Saúde Ponto de Parada, no Arruda, junto com o marido e seus três filhos. "A situação na Venezuela está muito difícil. Em Roraima, também passei por muitas dificuldades. Já aqui no Recife está bem melhor: tenho uma moradia, alimentação, meus filhos estão matriculados na Escola Municipal Engenheiro Miranda de Moreira e tenho acesso ao Posto de Saúde de Ponto de Parada. Só falto arrumar um emprego para poder estabilizar minha família", explicou Raysel.
As equipes de Vigilância Ambiental do Recife também fizeram a desratização das casas dos venezuelanos e avaliaram a qualidade da água nas residências. Pelo local onde estão morando, os mais de 100 imigrantes podem ser atendidos na Policlínica Waldemar de Oliveira, em Santo Amaro, na Policlínica Gouveia de Barros, na Boa Vista, e na Unidade de Saúde da Família Ponto de Parada, no Arruda.
Ao longo do mês, os imigrantes também foram orientados a colocar água sanitária ou cloro nos ralos dos banheiros, duas vezes por semana, além de providenciar duas capas para as caixas d'água que estavam destampadas.
PROJETO PANA - Os mais de 100 imigrantes que fugiram da crise na Venezuela estão morando em 12 apartamentos e casas nos bairros de Santo Amaro, Boa Vista, Coelhos, Encruzilhada e Torreão. A ONG Cáritas Brasileira/CNBB (Regional Nordeste 2) é responsável pela estadia, alimentação, apoio jurídico, psicossocial e outras necessidades das famílias que chegaram ao Recife no dia 17 de dezembro através do Projeto Pana.
Além de garantir o acesso aos serviços de saúde, a Prefeitura do Recife contribui com o encaminhamento para inclusão em programas sociais através da equipe do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da Campina do Barreto, viabilização de matrícula escolar na rede de ensino municipal, inserção em cursos e no mercado de trabalho, entre outros. A gestão municipal participou de todo o processo de discussão e planejamento do atendimento aos imigrantes que chegaram à capital pernambucana em situação de vulnerabilidade social.
A Secretaria de Educação do Recife providenciou a matrícula de 29 estudantes de 6 a 16 anos nas escolas, creches e creches-escolas municipais. Já os profissionais da Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife (SDSJPDDH) fizeram atualização e inscrição de cerca de 50 venezuelanos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, para que eles possam ter acesso a programas como o Bolsa Família.
A PCR também está tentando inserir os imigrantes no mercado de trabalho. Profissionais da Agência de Emprego do Recife atenderam mais de 60 venezuelanos e fizeram alguns encaminhamentos para entrevistas de emprego, além de ter feito orientação profissional.