Debate sobre machismo e cultura do estupro sensibiliza alunos do Ensino Médio no Compaz
Palestra foi ministrada por Joana Pires e Cecília da Fonte do coletivo "Deixa ela em paz"
O Compaz tem como eixo de atuação a cultura de paz e desenvolvimento da cidadania. Por isso, temas que reforçam o respeito ao próximo são constantes nas atividades. A maciça repercussão do caso da garota de 16 anos no Rio de Janeiro, que foi estuprada por 33 homens, mobilizou a equipe para levar aos jovens da comunidade o debate. O coletivo "Deixa ela em paz", de Joana Pires e Cecília da Fonte, foi até lá e promoveu a conversa sobre machismo e cultura de estupro no auditório do equipamento. O encontro foi com alunos dos 1°, 2° e 3° anos da escola Rosa Magalhães de Melo. Mais de 50 estudantes participaram da ação.
"A iniciativa é muito importante, pois lança a discussão que é urgente. Questões de gênero não são tratadas nas escolas do país. Começar a falar sobre isso é estratégia interessante de construção de uma consciência", enfatizou Joana Pires. A mestre em Mídia e Estética e fotógrafa ainda relatou que "o machismo influencia no desenvolvimento das meninas, que são nosso público alvo. Os meninos se identificam também. É uma forma de sensibilização de mudança de comportamento e deles entenderem que são parceiros".
Para Amanda Rodrigues, de 16 anos, a reflexão foi imediata. "A gente precisava disso. De um choque de realidade. Os homens querem que a gente mude para agradá-los, porque eles não podem mudar pra nos agradar? A palestra me deu mais conteúdo pra falar sobre o tema", disse a estudante.
Os meninos, por sua vez, também se identificaram e um acabou confessando que praticava o desrespeito às meninas. "Achei a palestra interessante. Vejo xingamento todo dia na escola. Acho errado e às vezes faço. Sei que estou errado e vou tentar mudar", revelou João Lucas Barbosa, 15 anos. Já o amigo Thiago Januário, de 17, elogiou o debate dizendo que as palestrantes "colocaram muito bem as informações.Fiquei refletindo e com raiva dos 30 homens que estupraram a garota no Rio de Janeiro".
Joana Pires reforça que o ponto é pensar na mulher como vítima. Se colocar no lugar dela. "Quando colocamos dessa forma, os próprios alunos se manifestaram e com o que vão fazer com as informações apresentadas. Sei que a mudança virá e que será transformadora", concluiu.
BARULHO
Ao final, as palestrantes do coletivo "Deixa ela em paz" distribuíram apitos para os mais de 50 jovens que participaram do encontro. "O apito é para ser usado para chamar atenção diante de uma agressão. Seja no ônibus, na rua ou em casa", indicaram.