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Mulher | 27.08.15 - 20h06

Mais de seis mil mulheres foram atendidas no Centro de Referência Clarice Lispector de 2013 a 2015

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Os números foram debatidos em seminário em alusão à Lei Maria da Penha nesta quinta (27). (Foto: Inaldo Lins/PCR)

 

Os números de mulheres atendidas, serviços e funcionamento do Centro de Referência Clarice Lispector foram apresentados, nesta quinta-feira (27), no seminário Avanços e Desafios: Centro de Referência Clarice Lispector no Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, no anfiteatro da Universidade Católica de Pernambuco. O evento, promovido pela Secretaria da Mulher do Recife, contou com a participação de representantes do Judiciário, Ministério Público e usuárias do equipamento. O objetivo do encontro, além de comemorar os nove anos da Lei Maria da Penha, foi demonstrar a importância do Centro e o esforço da Prefeitura para concretizar o Plano de Enfrentamento à Violência de Gênero.

Participaram do evento, a secretária da Mulher do Recife, Elizabete Godinho,a  professora da Unicap e estudiosa da Lei, Marília Montenegro; o promotor de justiça, André Rabelo; e a usuária do Clarice, Maria Izabel de Assis. Os dados do equipamento foram apresentados pela gerente-geral de Promoção da Cidade Segura para as Mulheres da Secretaria da Mulher, Tádzia Negromonte.

Em sua fala, Elizabete Godinho, ressaltou a importância do equipamento na rede de enfrentamento à violência contra a mulher e a necessidade de envolver a sociedade discussão do tema. " Trouxemos aqui os dados para mostrarmos o compromisso do município com esse tipo de violência que é tão cara para a sociedade e para a liberdade das mulheres. Vamos debater, envolver o Judiciário, a sociedade civil organizada, todos os poderes para que possamos zerar as estatísticas e não precisarmos mais de equipamentos como estes", disse.

Os dados apresentados mostraram que o Clarice, de 2013 a  junho de 2015, 3.718 mulheres foram atendidas e mais de 6 mil atendimentos foram realizados, entre eles orientações jurídicas, consultas psicológicas e ações de serviço social. Mais de 80 audiências foram realizadas, com a presença de advogadas do Centro. Cerca de 691 encaminhamentos foram realizados para a Rede de Proteção à Violência contra a Mulher e 23 solicitações de monitoramento eletrônico de agressores foram realizadas. Em relação ao Liga, Mulher, o principal canal de orientação psicológica e jurídica, os números apontam para 7.115 ligações no período citado.

A gestão também comentou a importância das parcerias que foram realizadas com as Delegacias da Mulher, as Varas Especializadas, as Defensorias Públicas e o Tribunal do Júri. Dentre os avanços citados, estão a requalificação da sede realizada no início da gestão, o processo seletivo para a contratação de mais técnicas e a capacitação contínua da equipe para melhor atender às mulheres.

A professora doutora Marília Montenegro trouxe uma pesquisa baseada em 168 processos criminais sentenciados entre 1 de junho de 2013 a 31 de maio de 2014 na I Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Tribunal de Justiça de Pernambuco. A análise mostrou a idade média das mulheres que sofriam violência era de 31 a 40 anos. A maioria (34,5%) foi agredida por um ex-companheiro e tempo da relação variava de 3 a 7 anos. A dificuldade da separação era um dos grandes pontos que faziam as mulheres modificarem o depoimento na hora das audiências.

Segundo a doutora, os centros de referência precisam ser fortalecidos porque são espaços de escuta das mulheres e não de julgamento das mesmas. "Esses espaços são de acolhimento. Empoderam e reconhecem as mulheres e isso é muito importante. E o Judiciário não tem essa sensibilidade. Ele não tem tempo de escutar e sim fazer recortes, vai em busca de uma resposta e esquece da complexidade dos casos", comentou.  

Também ressaltou a função dos Centros o promotor de justiça Andre Rabelo. Ele atuou em Fernando de Noronha e explicou que as denúncias de agressão contra mulheres aumentaram exponencialmente quando a equipe técnica do Clarice Lispector realizou uma palestra na Ilha. Finalizando o evento, a usuária Maria Izabel contou o caso de violência doméstica a que foi submetida e a importância de conseguir ajuda com a Secretaria. "Hoje, acredito que sou uma cidadã graças a Lei Maria da Penha. Sinto uma gratidão enorme ao Clarice porque não consegui resolver o que estava vivendo sem ajuda do Centro. Foi fundamental", finalizou.

O Clarice Lispector funciona desde 2012 e é voltado para o atendimento e orientação de mulheres vítimas de violência doméstica, familiar e/ou sexual. O equipamento é localizado no bairro da Boa Vista e conta com uma equipe multidisciplinar de psicólogas, assistentes sociais e advogadas. Funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Todo o atendimento é gratuito. O Liga, Mulher (0800 281.0107) recebe ligações de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. A ligação é gratuita.