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Cultura | 27.09.11 - 18h47

Estudantes de escola municipal produzem livro em Braille

A obra intitulada “A borboleta de asa curta e apaixonada” fala de inclusão social e vai ser um dos destaques do estande da PCR na VIII Bienal

Por Suzan Vitorino

Elevar a autoestima da criança com necessidades educacionais específicas e trabalhar questões de respeito às diferenças através de uma atividade pedagógica e lúdica. Esse é o objetivo do trabalho que a Escola Municipal Jardim Alto Progresso vem realizando com seus estudantes. Cerca de 50 alunos participam do espaço intitulado Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), onde surgiu o projeto “Inclusão digital – Paz interior”, coordenado pela professora Verônica Costa. O projeto já rendeu alguns frutos, como a criação do livro “A borboleta de asa curta e apaixonada”, que possui uma versão em Braille. O projeto será apresentado nesta quarta-feira (28), a partir das 14h, no estande da Prefeitura do Recife na VIII Bienal Internacional do Livro - Rua 12 da Bienal, Centro de Convenções.

A obra conta a história de uma borboleta que possui uma asa curta. No entanto, essa deficiência não a impede de estudar como as outras borboletas e muito menos de ter amigos. Ao contrário, todos na escola ajudam a borboleta a identificar suas qualidades e a história termina com um final feliz. “O livro ensina os estudantes a apoiarem os colegas que possuem alguma deficiência”, fala Verônica.

Seis alunos da escola foram os autores do livro: Mikaellen de Oliveira, 10 anos; Vanderson Nascimento, 10; Márcio do Nascimento, 12; Raul de Oliveira, 10; Alexandre Santos, de 14 anos, e Ingrid Rafalella, de 11 anos, esses dois últimos responsáveis pelas ilustrações da obra. “Gostei de fazer o livro com meus amigos, quero fazer outro”, fala, sorrindo, Mikaellen. Já o estudante Vanderson apreciou a interação com os amigos. “Gostei de fazer parte do livro e de encontrar meus amigos”. Foram três semanas de produção para concluir a obra.

Outro aluno que participou da produção do livro foi o estudante de 13 anos da Escola Municipal Nilo Pereira, José Carlos. Ele tem deficiência visual e foi convidado para passar todo o conteúdo da obra para o Braille. “Tenho blog, msn e e-mail; adoro a internet. E já tinha escrito outro livro, ‘Gugu Jabuti’, que foi lançado na Fliporto, no ano passado”, fala o animado estudante, que já possui outros planos. “Agora quero fazer um livro de aventuras”, confessa José Carlos. A obra pode ser lida na internet, no endereço eletrônico http://issuu.com/eljo/docs/a_borboleta_de_asa_curta_e_apaixonada.

O professor Ely José foi o responsável por digitalizar a obra, escaneando e postando o livro na Rede Municipal de Ensino, no site Professor.com. “A obra ganha mais visibilidade com o uso da mídia digital”, fala o professor.

Com esse tipo de atividade, o estudante fica mais propício à aprendizagem. Eles se interessam em participar, são estimulados e melhoram o comportamento em sala de aula”, celebra Verônica. O grupo da SRM se reúne duas vezes por semana, em momentos em que não estão em sala de aula, para não atrapalhar os estudos. Para a dirigente da escola, Valéria Soares, a atividade ajuda a melhorar o comportamento da criança. “A mudança é visível. As mães conversam comigo sobre como seus filhos melhoraram sua conduta em casa”, explica Valéria.

O coordenador do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, Conrado Falbo, e a Gerente de Educação Especial, ambos da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (Seel), foram conhecer de perto o trabalho e fazer o convite para a apresentação do projeto na Bienal. A Diretoria Geral de Tecnologia na Educação e Cidadania (DGTEC) da Seel está elaborando a versão audiovisual do livro para abranger um público maior. E o Programa Manuel Bandeira já está estudando a possibilidade de publicação da obra na versão em Braille.