Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU)

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Política Urbana | 27.11.24 - 15h34

Recife é sede de painel internacional para debater estratégias de desenho de ruas mais seguras

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Durante a programação, foi lançada a versão impressa em português do Manual Desenhando Ruas para Crianças, da Iniciativa Global de Desenho de Cidades, GDCI (Foto: Hélia Scheppa)

 

Nesta quarta-feira (27), a Prefeitura do Recife, por meio da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), reuniu especialistas da gestão pública, organizações não governamentais, sociedade civil e universidades para debater sobre estratégias para tornar as ruas mais seguras. O Painel Internacional de Ruas Seguras foi realizado em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), por meio da GDCI, organização que atua em diversos países adequando os desenhos viários para trazer mais segurança e conforto às pessoas. A ocasião também foi palco para o lançamento do Guia Desenhando Ruas para Crianças na versão impressa em português.
 
O evento contou com Francisco Cunha, da TGI consultoria e defensor da mobilidade a pé no Recife; Clarissa Duarte, professora do curso de arquitetura e urbanismo na Unicap; Leonardo Meira, professor do curso de arquitetura e urbanismo da UFPE; Antônio Henrique, gerente geral de mobilidade humana do Recife; Taciana Ferreira, presidente da CTTU; e Jorge Vieira, secretário de política urbana e licenciamento; além de Skye Duncan, diretora executiva da GDCI. As palestras trouxeram dados sobre as mudanças das vias no Recife, sugestões e inspirações sobre como o Recife pode tornar as suas ruas mais seguras.
 
"Em encontros como esse, podemos sonhar com o espaço urbano do Recife em todo o seu potencial. As nossas equipes conseguem se inspirar e trabalhar ainda mais para melhorar as diversas localidades do Recife. Estamos felizes com o sucesso que o redesenho de vias com uso de urbanismo tático tem feito na nossa cidade, mas queremos mais. Queremos cada vez mais espaços que tragam as pessoas para as ruas porque se sentem confortáveis e seguras lá", explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
 
As ruas representam a maior parte dos espaços públicos na maioria das cidades e, por isso, são um recurso vasto e ainda pouco explorado para enfrentar as múltiplas crises que enfrentamos — desde as mudanças climáticas e a saúde pública até a vitalidade econômica e a equidade social. O desenho de uma rua impacta diretamente se famílias têm opções de mobilidade seguras, acesso a serviços e oportunidades essenciais, além de espaços saudáveis para que as crianças possam brincar, aprender e crescer.
 
O evento foi uma oportunidade para o lançamento do guia Desenhando Ruas Para Crianças, que foi impresso em português pela primeira vez. O documento traz as melhores práticas, estratégias, programas e políticas internacionais que cidades ao redor do mundo utilizaram para desenhar espaços que possibilitam às crianças de todas as idades a habilidade de utilizar as ruas. O guia inclui recomendações de desenho e estudos de caso que destacam ruas que são seguras, agradáveis e inspiradoras para crianças e cuidadores.
 
“Estamos felizes em anunciar o lançamento do premiado guia Desenhando Ruas para Crianças em Português, tornando este recurso inestimável acessível a milhões de profissionais em sua língua nativa. O momento deste lançamento é particularmente significativo em Recife, uma cidade que já demonstrou, por meio de vontade política, múltiplos projetos implementados e políticas atualizadas, o impacto transformador do desenho de ruas com crianças no primeiro plano. Estamos ansiosos para ver este trabalho se expandir por todo o Recife e para outras cidades do Brasil, garantindo que mais crianças não apenas sobrevivam, mas prosperem em suas ruas locais”, disse Skye Duncan, Diretora Executiva da GDCI.
 
O redesenho urbano tem salvado vidas no Recife. Em pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará e Vital Strategies, organização de saúde pública, foi comprovado que as áreas redesenhadas na capital pernambucana tiveram até 37% menos sinistros de trânsito com vítimas. Além da observação dos dados de sinistros de trânsito nesta pesquisa, a CTTU também faz análises contínuas sobre o comportamento dos condutores no Recife para reduzir os sinistros de trânsito a partir dos seus fatores de risco. Em pesquisas observacionais feitas na cidade, destaca-se que 35% dos usuários de motocicletas transitam acima dos limites de velocidade. Já entre os veículos leves (carros comuns), 21% dos usuários excedem os limites de velocidade. A partir dessas informações, a CTTU realiza intervenções.
 
Em projetos como o de Jardim Monte Verde, no Ibura, houve uma redução de 50% dos veículos excedendo a velocidade de 30km/h na ladeira. Antes: 47% dos veículos trafegavam acima de 30km/h. Depois, 23,4%. Antes da intervenção, 92,7% das pessoas estavam se locomovendo pelo leito viário. Depois houve uma redução de 98% e não foram observadas mais crianças andando na via. Já na Rua Othon Paraíso, no bairro do Torreão, 79,6% dos veículos excediam a velocidade de 30 km/h antes do projeto. Depois, esse número caiu para 22,3%, decréscimo de 72%o. Sendo assim, as equipes de gestão de dados identificam as informações de sinistros e os fatores de risco para diminuir.
 
Ao todo, já são 50 áreas de urbanismo tático desenvolvidas no Recife, muitas delas já se tornaram permanentes, como é o caso do Rosarinho, da Rua do Hospício, da Avenida Conde da Boa Vista e da Avenida Governador Agamenon Magalhães. Os números demonstram não apenas a redução de sinistros, mas também a redução de fatores de risco, como os de pessoas andando no leito viário. No Largo Dom Luiz, na Zona Norte do Recife, 43% dos pedestres andavam no leito viário antes da intervenção, depois, esse número reduziu para 0,6%. Além disso, a distância entre as travessias diminuiu 60%. Antes, os pedestres precisavam andar 26 metros; agora, apenas 11 metros. Já na Rua da Palma, na área central, houve uma redução de 75% dos pedestres caminhando no leito viário. Agora, não há mais crianças sendo carregadas ou andando no leito viário. Antes, 9,6% das crianças andavam ou eram carregadas no leito viário.
 
Créditos das fotos: Hélia Scheppa/PCR