Prefeitura do Recife recebe homenagens da Amotrans-PE no Dia da Visibilidade Trans
Nesta terça-feira (29), Dia da Visibilidade Trans, a Prefeitura do Recife recebeu três homenagens da Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE) como reconhecimento à atuação da gestão municipal em defesa da cidadania das pessoas trans. Os troféus do Prêmio Monique Rodrigues foram entregues ao secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, ao gerente de Livre Orientação Sexual do Recife, Wellington Pastor, e à diretora da Policlínica Lessa de Andrade, Priscila Ferraz, durante um ato público na Rua da Aurora, na Boa Vista, que fez parte da programação da 6ª Semana Nordestina da Visibilidade Trans. O evento, que teve início no último domingo (27) e vai até a próxima sexta-feira (1º), é realizada no Estado pela Amotrans-PE e, no Recife, conta com a parceria da Prefeitura do Recife, através da Gerência de Livre Orientação Sexual (Glos) da Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife (SDSJPDDH), entre outras entidades parceiras.
Os 16 troféus do Prêmio Monique Rodrigues foram entregues por Chopelly Santos, presidente da Amotrans-PE, que explicou que a premiação foi criada em 2009 para homenagear pessoas que contribuem com a luta pela cidadania de pessoas travestis e transexuais no Estado. “Pernambuco, e sobretudo o Recife, é referência no Brasil inteiro nessa luta pela cidadania da população LGBT. Aqui é onde mais temos mecanismos públicos para defesa desse segmento. Recife é o único município que tem uma política pública de saúde específica para a população LGBT, que tem uma coordenação de saúde para essa área. Até os boletins de ocorrência da polícia levam em conta o nome social e a identidade de gênero das pessoas trans, o que é um grande avanço. Pernambuco também é o primeiro estado a ter equipamentos com nomes de travestis”, disse Chopelly.
A presidente da Amotrans-PE, que também é técnica de enfermagem do quadro efetivo do Hospital Pediátrico Helena Moura, fez referência ao Ambulatório LGBT Patrícia Gomes (primeira travesti a ter o nome num espaço público) inaugurado pela PCR na Policlínica Lessa de Andrade em 2017, e ao Jardim Marcela Brandão, inaugurado nesta terça-feira na Policlínica Lessa de Andrade. O jardim é fruto de parceria da Sesau com instituições ligadas à causa LGBT, como o coletivo Transviver e a ONG Gestos. O espaço foi criado como um marco simbólico pelo fim da transfobia - violência contra pessoas travestis, transexuais e transgêneros. No local, foi colocada uma placa com o nome de Marcela Brandão, que é uma militante transexual que lutava pela causa e faleceu em 2013, vítima de transfobia.
“É uma honra receber esse prêmio como representante do prefeito Geraldo Julio, que tanto defende essa pauta. Dedico essa homenagem a toda a equipe que se dedica, todos os dias, à política de saúde LGBT do Recife, sobretudo aos que tocam o ambulatório LGBT do Lessa de Andrade e ambulatório LBT do Hospital da Mulher do Recife”, disse o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia.
O gerente da Glos, Wellington Pastor, destacou a transversalidade das ações para a população LGBT desenvolvidas pela Prefeitura do Recife, envolvendo as mais diversas secretarias municipais. “Esses três prêmios que recebemos são o reconhecimento do esforço da PCR para atender a população LGBT, incluindo as pessoas trans. Neste momento, reafirmamos nosso compromisso com essas pessoas e ganhamos uma injeção de ânimo para seguir lutando para ampliar as políticas públicas e fortalecer as ações afirmativas voltadas a esse segmento, para que o Brasil deixe de ser o país que mais mata trans”, defendeu o responsável pela gestão da política pública para a população LGBT do Recife há seis anos.
PROGRAMAÇÃO – No Recife, a programação da 6ª Semana Nordestina da Visibilidade Trans inclui debates, caminhada, peça teatral protagonizada por travestis e transexuais, entre outras atividades. A 6ª Semana Nordestina da Visibilidade Trans homenageia o ativista e escritor carioca João W. Nery, que foi o primeiro homem transexual a realizar a cirurgia de redesignação sexual no Brasil, em 1977.
Nas manhãs desta quarta (30) e da quinta-feira (31), a Secretaria de Saúde do Recife, através da Coordenação da Política de Atenção Integral à Saúde da População LGBT, realiza formações sobre atendimento à população trans na rede de saúde para os profissionais da Prefeitura do Recife. As capacitações serão na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Educadores do Recife Professor Paulo Freire, na Madalena.
Para discutir especificamente os desafios enfrentados pelas mulheres trans, a Secretaria da Mulher do Recife, em parceria com a Glos, promove um debate no Centro Municipal Júlia Santiago, em Brasília Teimosa, às 15h desta quarta-feira. A programação da Semana Nordestina da Visibilidade Trans se encerra no próximo dia 1º, com o 1º Festival de Cultura da Amotrans, na Rua Mamede Simões, em Santo Amaro, das 18h às 22h.
CENTRO LGBT – As pessoas trans e demais LGBTs contam com o Centro de Referência em Cidadania LGBT do Recife como espaço de promoção da cidadania e garantia de direitos, habilitado a fornecer orientações sobre direitos humanos e prestar atendimento especializado a vítimas de discriminação e violência homofóbica. Inaugurado em agosto de 2014, é o primeiro Centro de Referência Municipal do Estado de Pernambuco.
Com equipe interdisciplinar, formada por agente de direitos humanos, psicólogo, advogado e assistente social, o equipamento tem mais de dois mil usuários cadastrados e realizou mais de cinco mil atendimentos. Ligado à Gerência de Livre Orientação Sexual (GLOS) da SDSJPDDH do Recife, o Centro LGBT funciona na Rua dos Médicis, nº 86, no bairro da Boa Vista, das 8h às 12h e das 13h às 17h. O telefone para contato é o 3231-1553.
DENÚNCIA - Além do Centro LGBT, os trans e outros LGBTs podem denunciar casos de LGBTFobia na plataforma digital para recebimento de denúncias da Prefeitura do Recife. No formulário online, que está disponível no site da PCR (http://bit.ly/DenunciaLGBTRecife), é possível denunciar casos de preconceito e discriminação homofóbica com base nas leis municipais nº 16.780/2002 e nº 17.025/2004, que proíbem manifestações preconceituosas ou discriminatórias em razão da orientação sexual ou identidade de gênero, punindo os estabelecimentos públicos ou particulares, empresas ou organizações sociais que desrespeitarem as legislações.